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Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 18 de Dezembro de 2014 às 00:00

O espírito do Natal


Jornal do Comércio
O Natal nos mostra como Deus entra na história humana. Entra na história e na realidade de forma discreta, simples, despojada. A iniciativa é divina! Esse fator contradiz a sempre presente tentação do ser humano de todos os tempos em querer cercear o divino em vez de ocupar-se em preparar-lhe um espaço e construir-lhe um templo “não feito por mãos humanas”.
O Natal nos mostra como Deus entra na história humana. Entra na história e na realidade de forma discreta, simples, despojada. A iniciativa é divina! Esse fator contradiz a sempre presente tentação do ser humano de todos os tempos em querer cercear o divino em vez de ocupar-se em preparar-lhe um espaço e construir-lhe um templo “não feito por mãos humanas”.
A tradição bíblica constantemente recorda que o ser humano é criatura e, ao mesmo tempo, instrumento nas mãos de Deus. Assim, é o próprio Deus quem plasma verdade, produz beleza, modela o rosto, a identidade humana.
O ser humano vive na tensão entre o poder de controlar e manipular a verdade, a beleza e a si mesmo, e o modo como a verdade e a beleza se oferecem. Embora se alimente a convicção de que tudo dependa de nós e que devamos fazer isso e aquilo, caso contrário pode-se transcurar algo de essencial, somos, por exemplo, em distintos instantes da vida, surpreendidos por sinais de beleza e expressões da verdade velados por trás das tantas obrigações que cremos serem necessárias observar, dos empenhos tidos como intransferíveis. E, a partir desse deixar-se surpreender, a própria identidade humana vai sendo moldada, escapando assim de todo desejo de controle, de toda projeção personalista.
Sabemos das dificuldades sempre presentes diante do desejo e da necessidade de sermos autênticos. Não raramente dizemos, por exemplo, sim, quando deveríamos dizer não; e vice-versa! A razão desse fator pode ter várias conotações: medo, compactuação, dissimulação, receios... Assim, a vida torna-se tortuosa, complexa, difícil.  Perde-se a simplicidade, a presteza, a espontaneidade, a alegria. Consequentemente, cresce a sensação de que as aspirações que trazemos são impossíveis, que o sonho é irreal, que a utopia seja irrealizável.
O Natal redesperta em nós o que trazemos de mais nobre: consideração e respeito, proximidade e fraternidade. O Natal nos recorda que o outro, o diferente de mim deve existir; caso contrário, faltaria algo a mim e a Deus. Por isso, jamais é tarde para ir ao encontro do outro, ao distinto de mim e lhe desejar um abençoado Natal. Jamais é tarde para que a vida não vivida tenha oportunidade de ser resgatada, restituída à existência; para despertar sonhos há tempos, talvez, não retomados, não alimentados, não admitidos ou acolhidos.
Por isso, o Natal representa uma oportunidade privilegiada para abrir o coração, a fim de que a luz do céu possa entrar novamente na existência humana. De fato, quando o ser humano se dispõe a acolher a linguagem das estrelas, quando se dispõe a ler os sinais do céu, então a verdadeira vida que vem de Deus se torna possível. Ao mesmo tempo, percebe ser consentido crer e esperar que, a partir de Deus e diante de Deus, a beleza, a verdade e a vida são possíveis, hoje e sempre.
O espírito do Natal aponta para dimensões da existência humana que não podem ser descuradas ou desprezadas: simplicidade, fidelidade, familiaridade, intimidade, vigilância, despojamento, ternura, beleza, carinho, respeito, integração com o cosmos, fé. É o que artistas, durante dois milênios de história, provenientes de distintas culturas, em diferentes modos e expressões, buscaram e buscam representar através da arte. Tratam-se de tentativas de tocar o coração humano, a fim de que ele se transforme e se torne verdadeiramente humano, deixando-se moldar pela verdade de Belém, qual indicação privilegiada para que o ser humano compreenda sempre e de novo em que consiste o tornar-se verdadeiramente humano, iluminado e orientado pela fé.
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