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Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 30 de Outubro de 2014 às 00:00

'Nas mãos de Deus'


Jornal do Comércio
No próximo dia 2 de novembro, recordamos nossos irmãos e irmãs falecidos. A Igreja, numa única celebração, reza pelos que já partiram desta vida. Ela quer celebrar a vida de todas as pessoas, independentemente de raça, cor, condição financeira ou social.
No próximo dia 2 de novembro, recordamos nossos irmãos e irmãs falecidos. A Igreja, numa única celebração, reza pelos que já partiram desta vida. Ela quer celebrar a vida de todas as pessoas, independentemente de raça, cor, condição financeira ou social.
Muitos acorrem neste dia aos nossos cemitérios para depositar uma flor, realizar uma prece, recordar aqueles que marcaram suas vidas. Trata-se, certamente, de expressão de saudade e fé. Saudade, porque tais pessoas deixaram marcas; fé, pois, para os que creem, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.
Da morte, temos experiência através da morte das pessoas à nossa volta. Os antigos diziam que, “enquanto somos, ela não é; e quando ela for, nós não seremos mais”. Trata-se de uma compreensão da mesma advinda da reflexão filosófica no mundo romano. Entretanto, não se pode negar, a morte está sempre a espreita e atende. Talvez por isso, Jesus, no Evangelho, convida a cultivar a vigilância e atenção, pois não sabemos nem o dia e nem a hora. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer que nosso caminho existencial nada mais é do que um ir ao encontro dela. Neste sentido, certamente não seria demais dizer que, em vivendo, vamos também morrendo. E segundo a espiritualidade franciscana, “é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Em nosso itinerário vital, somos exortados pelo autor sagrado por nossa confiança em Deus. De fato, segundo as Escrituras, “a vida dos justos está nas mãos de Deus”. Da nossa competência, enquanto peregrinos do eterno, é buscar viver de forma justa. Ou seja, em todas as situações da vida, nos empenhar por corresponder àquilo que as Escrituras Sagradas apresentam como justiça de Deus e seu reino. Tal desafio pressupõe a fé, expressão da experiência do encontro com Jesus, caminho, verdade e vida.
As mãos são sinal de acolhida, de sustentação, de ternura; são, também, sinal de uma relação de respeito e fidelidade. Assim, na perspectiva da fé, todos aqueles que se empenharam por viver de forma justa, encontram-se agora amparados pelas mãos de Deus. Este modo de ser, certamente intercalado tantas vezes por alegrias e sofrimentos, disposição e cansaço, esperança e desânimo, que marcou a vida de tais pessoas, não foi corrompido pela morte, mas conservado pelas mãos de Deus. Também as contradições, as fragilidades e os pecados: tudo isso está conservado por mãos de Deus “feridas” de amor, de paixão pelo ser humano.
O momento da morte de uma pessoa é sagrado. Por isso, a Igreja sempre se preocupou com a santificação deste momento, buscando inculcar nas pessoas seu caráter de sacralidade. A Igreja assiste este momento com uma especial e intensa ação litúrgica, de origem antiquíssima.
Para a mentalidade contemporânea, assediada psicológica e tecnicamente por preocupações por vezes de outro gênero, orientada por uma piedade por demais humana, e apoiada pela ciência e pela técnica, a angústia da morte precisa a todo custo ser dissipada; a dor, suprimida; a hora retardada a qualquer custo, mesmo diante do inevitável. Tudo isso por vezes leva ao desenlace num organismo sem recursos conscientes ou reflexos espirituais e éticos. Assim, a pessoa é levada a uma morte biológica pouco decorosa, frequentemente sozinha, separada dos entes queridos e com custos exorbitantes...
Para os que creem e se deixam orientar pelo Evangelho de Cristo, a morte diz daquela realidade necessária: “se o grão de trigo não cair na terra e não morrer permanece só um grão de trigo...” Assim, “por Cristo e em Cristo, esclarece-se o enigma da dor e da morte, o qual, fora do Seu Evangelho, nos esmaga. Cristo ressuscitou, destruindo a morte com a própria morte, e deu-nos a vida, para que, tornados filhos no Filho, exclamemos no Espírito: Abba, Pai”(GS 22).
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