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Colunas#A voz do Pastor

Coluna

- Publicada em 27 de Maio de 2010 às 00:00

O esclarecimento da teologia


Jornal do Comércio
A filosofia parte da constatação da realidade para, pela razão, atingir a origem e o destino de tudo. Chega assim à descoberta de Deus. Trata-se de uma via racional. Há nela, porém, algo mais que racional. Envolve o homem todo, com seus pensamentos, vontade e sentimentos. Se lhe faltar um destes ingredientes, não estará em condições de satisfazer suas exigências vitais.

A filosofia parte da constatação da realidade para, pela razão, atingir a origem e o destino de tudo. Chega assim à descoberta de Deus. Trata-se de uma via racional. Há nela, porém, algo mais que racional. Envolve o homem todo, com seus pensamentos, vontade e sentimentos. Se lhe faltar um destes ingredientes, não estará em condições de satisfazer suas exigências vitais.

Diz-se, por isso, que, se para fazer entender uma coisa basta uma quinta parte do empenho, para convencer se requer outra; para mover, porém, são necessárias as três demais partes. Em outras palavras, é relativamente fácil ensinar. Mais difícil é convencer e dificílimo levar à ação. Ou, aplicando, é fácil assimilar ideias sobre Deus, mais difícil é convencer-se de sua existência real, e muito mais complexo é amá-lo sobre todas as coisas. Para isso se há de levar uma vida inteira.

Na verdade é impossível ao homem "apossar-se" de Deus. Não o consegue "aprisionar" em sua pequena mente. Ele a transcende infinitamente. Pode racionalmente concluir que Ele existe e balbuciar algo acerca de sua divindade. Mas fica nisso. Vem então o próprio Deus em socorro de sua fraqueza. Dá-lhe o dom da fé. Revela-se ao homem concedendo-lhe também a possibilidade de acolher esta revelação.

Vem então a teologia para desenvolver os conteúdos da fé. Ajuda a entendê-los. A teologia, diferentemente da filosofia, não se propõe provar a existência de Deus. Já parte não só da aceitação de sua existência, mas também de sua manifestação. Procura colocá-la no contexto de nossa cultura. Elabora a doutrina da fé. Mostra o que devemos, concretamente, crer e como viver a partir desta visão.

O ponto de partida da teologia não são verdades ou princípios gerais, que se devam crer e praticar. Antes pelo contrário: o ponto de partida são pessoas que conhecemos e amamos, ou melhor ainda, são pessoas das quais nos aproximamos, porque elas já antes se aproximaram de nós e se revelaram. Começamos por Jesus Cristo, que nos revela o Pai e dá-se a conhecer também pessoalmente e nos envia o Espírito Santo, para nos dar a conhecer, convencer e mover pelos ditames da fé. A partir dali não temos apenas um "espírito humano" insuflado no início da criação do homem, mas também um "espírito divino", enviado desde Pentecostes. Ali está o segredo da fé. Sem ele não poderíamos crer.

Nossa ideia de Deus não fica, pois, no plano filosófico, que nos certifica que Deus existe - o Deus dos filósofos não move ninguém - mas sobe ao plano da fé, para além da ideia. Se aproxima, concretamente, de Jesus Cristo. A teologia, porém, não se enclausura na palavra de Deus. Impele, ao contrário, a procurar, nos sacramentos, o contato pessoal com Ele. Tornamo-nos um com e em Cristo.

Vamos à teologia para saber algo mais dos conteúdos de nossa fé. Descobrimos ali um acervo inestimável e inesgotável, que nos aproxima de Deus. Conhecer para amar e, inversamente, amar para conhecer mais e aprofundar este relacionamento vital com Deus. Envolve pensamentos, vontade e sentimentos. Faz penetrar esta fé na vida, a ponto de levar a exclamar, com S. Paulo: "Para fim viver é Cristo". É a realização plena!

A teologia, assim como a filosofia, se desdobra em duas dimensões: uma, chamada especulativa, elabora os princípios básicos da fé; a outra, prática, deduz as atitudes fundamentais que dali decorrem. Em outras palavras, a primeira traça as grandes linhas do pensamento da fé e a segunda indica sua aplicação prática, na moral. Isto significa que uma moral, sem base teológica, é arbitrária, e a teologia, sem orientação moral, é inócua.

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