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Publicada em 25 de Agosto de 2025 às 15:53

Brasil tem mais de 10 mil roubos de carga em 2024

Força Nacional realiza ações contra roubo de cargas  durante operação em conjunto com militares, polícias estaduais e Rodoviária Federal, em diversas estradas do País

Força Nacional realiza ações contra roubo de cargas durante operação em conjunto com militares, polícias estaduais e Rodoviária Federal, em diversas estradas do País

Tomaz Silva/Agência Brasil/JC
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Agências
Problemas com a malha rodoviária e o elevado índice de roubo nas estradas são os maiores desafios enfrentados pelo transporte de cargas no País. Em 2024, dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) indicam que o País registrou, em média, 27 roubos de cargas por dia.
Problemas com a malha rodoviária e o elevado índice de roubo nas estradas são os maiores desafios enfrentados pelo transporte de cargas no País. Em 2024, dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) indicam que o País registrou, em média, 27 roubos de cargas por dia.
O roubo de cargas no Brasil vem sendo grande fonte de receita para as quadrilhas especializadas. Conforme o relatório de Análise de Roubo de Cargas, os ataques cresceram 24,8% no primeiro semestre de 2025. Dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística indicam que, em 2024, foram contabilizados 10.478 roubos de carga no País, com prejuízos estimados em R$ 1,2 bilhão. As informações são da Agência Brasil.
Investimentos adicionais em segurança e tecnologia, atrasos nas entregas e necessidade de rotas mais longas para evitar áreas de risco comprometem toda a cadeia logística. Essas medidas elevam os custos repassados ao consumidor final e reduzem a competitividade dos produtos brasileiros no mercado. Desde 2023, com a promulgação da Lei 14.599/23, a contratação dos seguros de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga (RCTR-C), o de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário por Desaparecimento de Carga (RC-DC) e o de Responsabilidade Civil de Veículo (RC-V) é obrigatória, o que tem impactado a procura pelos produtos de seguros.
Nos primeiros cinco meses deste ano, de acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a arrecadação do RC-DC cresceu 8,1%, alcançando R$ 570 milhões, enquanto as indenizações subiram 12,4%, totalizando R$ 239 milhões. Já o RCTR-C avançou 1,5%, somando R$ 721 milhões em prêmios, com pagamentos de quase R$ 520 milhões, alta de 5,2%.
O cenário deve ganhar novo impulso com a Portaria Suroc n.º 27/2025, publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 11 de agosto. A norma prevê a suspensão do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) para empresas que não comprovarem a contratação dos seguros exigidos.
Para o diretor de Relações Institucionais CNseg, Esteves Colnago, a portaria trará mais eficiência e controle para o exercício do transporte de cargas nas estradas brasileiras. "É de suma importância essa nova normativa da ANTT. Ela traz uma evolução no método de fiscalização, saindo de uma abordagem baseada em documentos físicos para um modelo digital e integrado, o que promete maior eficiência e controle sobre a obrigatoriedade da cobertura de seguros no transporte de cargas, aumentando a segurança para todos os envolvidos na cadeia logística", afirmou.
A comprovação poderá ser feita de duas formas: pela apresentação do frontispício (folha de rosto) da apólice ou do certificado de seguro à fiscalização da ANTT; ou pela verificação automática, por meio de intercâmbio de dados em tempo real entre a agência e as seguradoras (ou entidade que as represente).
O sistema digital deverá estar plenamente implementado até 10 de março de 2026, prazo definido pelo Artigo 3º da portaria. Até lá, a ANTT disponibilizará às seguradoras um manual técnico para integração via webservice, garantindo o envio automático das informações relativas à contratação dos seguros.
No primeiro semestre de 2025, as cargas fracionadas continuaram sendo as mais visadas por criminosos, representando 43,8% do total de prejuízos com roubo de cargas no país. Apesar da liderança, o segmento registrou uma queda de 14,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024. Esses tipos de carga são especialmente vulneráveis durante a noite, quando ocorrem 54,2% dos roubos, e às sextas-feiras, que concentram 32,8% dos casos.
Outro estudo, chamado relatório de "Análise de Roubo de Cargas" da nstech, mostra que a região Sudeste segue como epicentro das perdas nesse tipo de carga, com 71,9% do total de prejuízos, sendo São Paulo responsável por 51,3% e o Rio de Janeiro, por 14,6%. Na segunda posição do ranking de produtos mais visados, os alimentos registraram 33,3% dos prejuízos no semestre — um aumento expressivo em relação aos 22,6% no mesmo período de 2024.
Já os eletrônicos responderam por 10,8%, frente a 9% no ano anterior. O relatório da nstech também detalha os períodos mais perigosos para o transporte de cargas no Brasil. A sexta-feira se destacou como o dia com maior concentração de prejuízos no primeiro semestre de 2025, respondendo por 23,2% do total registrado. 
A maioria das ocorrências ocorreu no período noturno, que concentrou 68,6% dos valores sinistrados apenas nas sextas. Nesse cenário, São Paulo foi o estado mais afetado, responsável por 42,1% dos prejuízos registrados nesse dia da semana. As cargas mais visadas foram as fracionadas, que representaram 62,1% das perdas, seguidas pelos alimentos (35,6%), bebidas (1,8%) e medicamentos (0,5%).
 

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