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Publicada em 01 de Abril de 2024 às 17:37

Congonhas ampliará capacidade operacional

Aeroporto, localizado na zona sul de São Paulo, receberá investimentos da ordem de R$ 2 bilhões

Aeroporto, localizado na zona sul de São Paulo, receberá investimentos da ordem de R$ 2 bilhões

YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
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Localizado no coração da capital paulista, o aeroporto de Congonhas, principal porta de entrada e saída para as demais cidades brasileiras, será totalmente ampliado e modernizado para proporcionar maior comodidade e conforto aos milhões de passageiros que embarcam e desembarcam anualmente no segundo terminal mais movimentado do País.
Localizado no coração da capital paulista, o aeroporto de Congonhas, principal porta de entrada e saída para as demais cidades brasileiras, será totalmente ampliado e modernizado para proporcionar maior comodidade e conforto aos milhões de passageiros que embarcam e desembarcam anualmente no segundo terminal mais movimentado do País.
Na semana passada, ao lado dos representantes da Aena Brasil, nova gestora do terminal, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou os R$ 2 bilhões de investimentos que serão aplicados em todo sítio aeroportuário. "As obras que serão realizadas aqui vão trazer planejamento e desenvolvimento para o estado de São Paulo, mas, sobretudo, melhoria aos passageiros que vêm visitar o estado, que hoje é referência não só no Brasil, mas no mundo", disse Costa Filho.
Nos próximos anos, o aeroporto receberá um aporte bilionário para ampliar sua infraestrutura e o volume de passageiros. O plano de investimentos conta com obras complexas e necessárias para comportar o aumento de turistas projetado pela concessionária. A expectativa é que o terminal receba um terço a mais de viajantes, passando de 22 milhões, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no ano passado, para 29,5 milhões.
Previstas para serem concluídas até 2028, Costa Filho pediu prioridade para que metade das obras possam ser realizadas até 2026, para levar maior conforto dos passageiros. "Espero que a gente possa acelerar o quanto antes essas obras, para que a gente já tenha praticamente metade dessas entregas prontas. Nosso objetivo é poder ofertar mais qualidade de serviço à população. Quanto mais a gente pode pensar nas próximas gerações, a gente está pensando no futuro de São Paulo e no futuro do Brasil", enfatizou o ministrou.
"O Aeroporto de Congonhas é um patrimônio da cidade de São Paulo e do Brasil, com um papel importante para a conexão de toda a malha aérea nacional. Agora, vai passar por grandes alterações, tornando-se mais eficiente e oferecendo muito mais espaço e conforto aos passageiros. Essa tarefa de enormes proporções será realizada a várias mãos, com o apoio e o trabalho também do Ministério de Portos e Aeroportos, da Agência Nacional de Aviação Civil, da Secretaria de Aviação Civil, da prefeitura de São Paulo e do governo estadual", afirmou Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil, durante o evento.
Com investimento de mais de R$ 2 bilhões, o aeroporto terá sua área de embarque e desembarque ampliada, chegando a 105 mil m². O local também terá um novo salão de check-in com 72 posições amplas e acessíveis, podendo chegar a 108, e novo píer com 36 metros de largura e 330 metros de comprimento. As pontes de embarques também serão ampliadas, passando de 12 para 19, garantido que, ao menos, 70% das operações de embarque sejam realizadas diretamente até a aeronave. Além disso, haverá 10 portões de embarque remoto e 13 leitores automáticos de cartão de embarque.
O sítio aeroportuário também terá ganho de capacidade operacional. Com um novo pátio de 215 mil m² para a aviação comercial, que comportará aumento de 30 para 37 posições de parada de aeronaves, sendo 19 nas pontes e 18 remotas. Após as intervenções, todas as posições de parada estarão prontas para receber aeronaves comerciais maiores e modernas.

Cade considera risco de passagem aérea subir caso se concretize a compra da Gol pela Azul

A eventual compra da Gol pela Azul poderia levar a um aumento no preço das passagens aéreas, o que preocupa integrantes do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A questão deve ser levada em conta pelo tribunal administrativo da autarquia caso a operação seja efetivada.
Os receios são gerados principalmente após uma experiência anterior, a compra da Webjet pela Gol, em 2011. A operação foi aprovada em 2012 e, depois disso, foi observado aumento de preços no mercado. Procuradas, Azul e Gol preferiram não se pronunciar.
Um estudo de 2023 do Departamento de Estudos Econômicos da autoridade antitruste observou que os preços da Gol aumentaram entre 7,68% e 16,42% após a operação na maioria dos cenários analisados.
"Os resultados apontam para uma elevação da tarifa média da Gol, no período pós-operação, nas rotas em que havia uma ameaça de entrada por parte da Webjet no período pré-operação", diz a análise.
A possibilidade de aumento de preço a partir da combinação das duas companhias vem em um momento de esforço do governo federal na direção oposta, de buscar medidas para diminuir o custo dos bilhetes aéreos.
Em estudo estão medidas de crédito para investimentos sustentáveis, além de mudanças regulatórias tanto para diminuir o grau de judicialização como para abrir o mercado interno a companhias estrangeiras.
A Gol está em recuperação judicial nos Estados Unidos e busca reestruturar sua dívida. A Azul estaria interessada em adquirir a rival e assim aumentar a sua presença no mercado brasileiro.
Cleveland Prates, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e ex-conselheiro do Cade, aponta que a junção de duas concorrentes pode reduzir custos operacionais que existiriam mantendo-as separadas.
"Para pensar do ponto de vista do antitruste, concorrência e preço são importantes, mas outra coisa relevante é o ganho de eficiência", diz.
Outro ponto importante na análise, afirma Prates, é avaliar o grau de abertura do mercado e como eliminar barreiras para potenciais interessadas em explorar a demanda.
"Se uma fusão como essa acontecer e outras empresas puderem entrar no mercado, não haverá maiores problemas do ponto de vista da concorrência", diz.
No caso da aviação civil, dois pontos são preponderantes na análise do Cade. Programas de fidelidades e slots (horários de chegada ou partida) em aeroportos, principalmente em Congonhas e Santos Dumont.
As duas companhias têm seus respectivos programas de fidelidade. A Gol tem o Smiles, e a Azul, o TudoAzul. Para aprovar a eventual operação, é possível que o Cade exija contrapartidas -por exemplo, que um dos programas seja vendido para uma possível nova entrante no mercado brasileiro.
No caso de slots em Congonhas e Santos Dumont, ambos os aeroportos têm limitações ao crescimento - já que estão com os horários preenchidos.
Hoje, a Gol tem 40% dos 3.802 slots semanais em Congonhas, enquanto a Azul tem 14,7%. As duas operações, somadas, ficariam com quase 55% do total de slots, na frente da hoje primeira colocada no aeroporto, a Latam, que tem 41,4% dos slots.
No Santos Dumont, a situação ficaria ainda mais concentrada. O aeroporto tem 1.178 slots na semana, dos quais 33,5% estão com a Gol, e 32,1%, com a Azul. Juntas, elas teriam quase dois terços de todos os voos, enquanto a Latam ficaria com o terço restante.
"O objetivo da Azul, se isso for para a frente, não é ficar com as aeronaves da Gol, ela está interessada é nos slots nos aeroportos", resumiu Prates.
Para aprovar uma eventual operação entre Gol e Azul, seria necessário vender parte desses slots, aponta quem acompanha o tema. Isso não foi pedido pelo Cade quando ele autorizou a compra da Webjet pela Gol. O remédio imposto na época foi a exigência de efetivamente usar 85% dos slots no aeroporto de Santos Dumont.

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