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Opinião

- Publicada em 13 de Novembro de 2023 às 16:24

Roteirização Dinâmica: como quebrar o paradigma do modelo estático?

Caio Reina, CEO e fundador da RoutEasy

Caio Reina, CEO e fundador da RoutEasy


/RoutEasy/divulgação/jc
Caio Reina
Caio Reina
CEO e fundador da RoutEasy
O objetivo deste artigo é fornecer uma metodologia de planejamento de rotas que quebra o paradigma do modelo estático e tem potencial de reduzir até 40% do custo de transporte. Esse assunto é especialmente importante atualmente. Com o aumento do preço do combustível, escassez de capacidade de transporte e uma pressão enorme por elevar cada vez mais a experiência do cliente, a roteirização dinâmica deve ser o projeto de maior prioridade nas agendas dos gestores de logística nos próximos anos.
O que é um roteirizador de entregas e como ele funciona?
Um roteirizador de entregas online é uma ferramenta tecnológica que planeja as melhores rotas para veículos que realizam entregas ou serviços de acordo com as necessidades específicas de cada operação. Essa funcionalidade considera dados importantes da operação, como o número de entregas mensais, áreas de atendimento, janela horária e as categorias de produto, para garantir maior assertividade logística.
Algumas soluções de software são consideradas parte da infraestrutura de tecnologia em operações de last mile. Esse é o caso de software de roteirização. O motivo é que o last mile faz a interface física da logística com o cliente final e por isso precisa garantir o sucesso da experiência de compra.
Por outro lado, o last mile é significativamente caro em relação ao resto da logística, representando metade do custo de transporte das empresas. Naturalmente, o objetivo do gestor de last mile é buscar melhorar seus processos com foco em deixá-lo mais simples e, por consequência, com menos risco de erros.
Nesse contexto é que surgiu a roteirização estática, um conjunto de regras simples para formação de cargas baseado em regionalização geográfica - geralmente utilizando faixa de CEP e bairros. Esse modelo ganhou bastante aceitação pelas empresas que fazem gestão do transporte ao longo dos anos. O motivo da alta adesão é a natureza intuitiva da regra. Dessa forma, desde o motorista até o responsável pela separação dos produtos falam a "mesma língua".
Mas essa simplicidade guarda uma ineficiência de custo que, por muito tempo, não foi explorada nas empresas. Uma parte pela força do status quo de gestores que costumam repetir jargões como: "sempre funcionou assim" ou "não mexe em time que está ganhando". Mas a outra parte, que é mais representativa, foi pela transformação que o próprio last mile passou nos negócios nos últimos anos. Se tornando uma atividade estratégica na era do foco na experiência do cliente.
A roteirização está presente desde as operações conhecidas como next day delivery (ou D 1), que são o foco deste artigo, até operações como same day delivery e same hour delivery. Por isso, o adjetivo "dinâmica" foi utilizado para representar a elasticidade que os modelos de last mile possuem atualmente.
Mas o que é exatamente dinâmico? Uma forma fácil de entender esse conceito é olhar para as variáveis que são consideradas no momento do planejamento.
Na roteirização estática, são consideradas como informações fixas a lógica de separação dos produtos e a região de atendimento dos veículos. A única parte que se mantém dinâmica é o sequenciamento das entregas, que é terceirizado para o motorista.
Na roteirização dinâmica de next day delivery, as definições de regiões de atendimento, veículos necessários e sequenciamento das entregas são realizadas através da aplicação de algoritmos especialistas e a otimização do custo de transporte está ligada diretamente a capacidade de otimização desses algoritmos. Existem diversas abordagens de construção de algoritmos de roteirização.
Como esse tema é bastante denso, vou deixar para um próximo artigo. O importante é entender que ao aplicar essa abordagem dinâmica em contraponto à estática, é possível reduzir os custos de transporte na ordem de 40%! O motivo dessa grande redução é que a abordagem dinâmica ataca diretamente as duas principais alavancas de custo de transporte: a quantidade de veículos utilizada e o gasto com combustível, de forma eficiente e integrada.
O projeto de implantação de um processo de roteirização dinâmica está na agenda das principais empresas atualmente. Os ganhos absorvidos podem transformar os negócios e a carreira dos gestores responsáveis. Pesquise e escolha uma solução com software robusto e um time de especialistas para apoiar essa revolução da operação.
 

ESG e transporte de cargas: o setor logístico na rota da sustentabilidade

Bruno Hellmuth, Gerente de Frotas da J&T Express Brasil

Bruno Hellmuth, Gerente de Frotas da J&T Express Brasil


/J&T Express Brasil/divulgação/jc
Não é de hoje que se sabe que o Brasil é um dos líderes mundiais em emissão de gases poluentes. De acordo com uma pesquisa do site britânico Carbon Brief, especializado na cobertura de temas ligados à ciência do clima e a políticas climáticas e energéticas, o País aparece em quarto lugar no ranking global de emissões de gás carbônico, respondendo por 5% do total de emissões de CO2 na atmosfera, entre os anos de 1850 e 2021.
Mais recentemente, um relatório divulgado pelo Observatório do Clima, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e outras entidades parceiras mostrou que as emissões de gases de efeito estufa cresceram 40% no Brasil desde 2010, mesmo ano em que o País decidiu aderir a uma iniciativa de combate a essa prática, por meio da regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
Segundo esse mesmo levantamento, entre os anos de 2010 e 2021, praticamente todos os setores da economia brasileira aumentaram suas emissões de CO2, com uma alta bruta de 31% em resíduos (em especial, lixo e esgoto), 13% em processos industriais e uso de produtos, 17% em energia e 12% na agropecuária.
Tendo em mente esses dados alarmantes, bem como o fato de os impactos da ação humana sobre o meio ambiente se tornarem cada vez mais notórios, fica clara a necessidade de incorporar práticas mais sustentáveis também na cadeia de suprimentos. E isso de forma equilibrada, a fim de que a eficiência e a responsabilidade ambiental estejam alinhadas aos interesses econômicos e operacionais de cada corporação.
Nesse sentido, é bem verdade que, nos últimos anos, o setor logístico brasileiro tem avançado na adoção de soluções e iniciativas sustentáveis, conforme aponta a última edição da pesquisa "Perfil dos Operadores Logísticos", publicada em 2022 e desenvolvida por meio de uma parceria entre o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) e a Associação Brasileira de Operadores Logísticos.
De acordo com o relatório produzido pelas duas instituições, 72% das companhias ouvidas já praticam ações de redução, reuso e reciclagem de resíduos, e 66% adotam práticas voltadas para a redução da emissão de gases poluentes. Além disso, ainda segundo o levantamento, 82% dos operadores logísticos consultados já possuem uma área interna dedicada aos pilares ambiental, social e de governança, reunidos sob a sigla em inglês ESG.
No entanto, a despeito dessa evolução que vem sendo observada junto ao setor no Brasil, ainda há um longo caminho a ser percorrido quando o assunto é sustentabilidade. Afinal, por outro lado, a mesma pesquisa realizada pelo ILOS e pela ABOL também identificou que, entre as empresas de logística respondentes, apenas 19% possuem metas e objetivos bem definidos com relação à pauta ESG, e só 37% praticam ações de compensação da emissão de carbono.
Logo, é preciso que cada vez mais operadores logísticos passem a investir não só no atendimento às expectativas e exigências do mercado a respeito dos riscos ambientais, mas também no planejamento estratégico de ações com implicação social e que garantam a sustentabilidade econômico-financeira da empresa. Para além de simplesmente cumprir com as normas, é preciso que as organizações estejam dispostas a abraçar uma verdadeira transformação no seu modelo de negócio, adotando novas posturas, capazes de aumentar sua integridade administrativa, melhorar seus expedientes e otimizar o processo de tomada de decisão.