A obrigatoriedade de novas informações no eSocial tem gerado apreensão entre empresários e profissionais da contabilidade. Desde janeiro deste ano, passou a ser exigida a inclusão do imposto de renda e da remuneração dos sócios na plataforma, o que elevou o nível de atenção necessário para o correto preenchimento das declarações.
De acordo com o contador Yuri Costa Só, da CA5 Assessoria Empresarial, falhas nos processos internos das empresas, aliadas à ausência de um setor de recursos humanos estruturado e de assessoria contábil qualificada, são os principais fatores que levam a erros e podem resultar em sanções tributárias e ações trabalhistas.
Costa alerta que a falta de precisão ou o envio fora do prazo das informações ao eSocial pode colocar a empresa em malha fiscal, comprometendo sua relação com a Receita Federal. “Hoje, qualquer falha pode prejudicar a empresa, tanto em fiscalizações quanto na parte tributária”, afirma.
A mudança na obrigatoriedade da declaração de lucros dos sócios, que antes era feita manualmente na Dirf, agora deve ser informada mensal ou trimestralmente, conforme o regime da empresa. Essa nova exigência demanda maior integração entre os departamentos fiscal, contábil e de recursos humanos, que precisam estar alinhados para evitar inconsistências.
A expectativa é de que a situação melhore com a implementação gradativa da reforma tributária, prevista para iniciar em janeiro de 2026. A revisão da tabela 03 do eSocial promete simplificar o sistema ao unificar todas as declarações em uma única plataforma, eliminando a necessidade de envio separado de informações sobre folha de pagamento, setor fiscal e contabilidade. “Vai ser um processo de transição, mas acredito que vai melhorar, porque tudo estará em um lugar só”, explica Costa.
A mudança exigirá das empresas uma reestruturação interna e investimentos em capacitação, já que o novo modelo impactará diretamente a forma como os impostos são calculados e pagos. Para enfrentar esse cenário, Costa recomenda que as empresas invistam em conhecimento o quanto antes. “Treinamentos, cursos e conteúdos que os funcionários possam absorver são fundamentais para não chegar despreparado quando a reforma entrar em vigor”, aconselha.
Ele observa que, embora a reforma tributária esteja em pauta há pelo menos dois anos, muitos empresários ainda não buscaram se informar adequadamente. A falta de preparo pode gerar dificuldades operacionais e financeiras, especialmente para empresas que não possuem setores especializados ou que não investem na qualificação de seus colaboradores.
Além da capacitação, será necessário revisar a estrutura organizacional das empresas. A contratação de mão de obra especializada ou o treinamento de funcionários já existentes são alternativas para atender às novas demandas. A reforma afetará inclusive a emissão de notas fiscais, exigindo mudanças nos sistemas utilizados.
“O setor de RH e o departamento fiscal serão os mais impactados”, destaca Costa. A integração entre esses setores e a contabilidade será essencial para garantir conformidade com as novas regras e evitar penalidades. A CA5, por exemplo, já está se preparando para orientar seus clientes e adaptar seus serviços às exigências da reforma.
O contador reforça que o momento é de planejamento e ação. “Investir em conhecimento é o melhor conselho que posso dar. Quem deixar para a última hora vai enfrentar dificuldades”, afirma. A reforma tributária representa uma mudança estrutural significativa e, embora traga promessas de simplificação, exige esforço conjunto entre empresários, contadores e profissionais de RH. A transição será desafiadora, mas pode representar uma oportunidade de modernização e maior eficiência na gestão fiscal das empresas brasileiras.