Boas práticas de governança corporativa são fundamentais para qualquer empresa que busque longevidade e solidez. Em alguns setores, como a vitivinicultura, elas ganham ainda mais relevância por se tratarem, atualmente, de grandes diferenciais competitivos.
Um dos temas centrais do terceiro Congresso Brasileiro de Direito do Vinho, que ocorrerá em maio, em Gramado e Canela, a governança se refere a um conjunto de práticas que visam otimizar a gestão e fortalecer a sustentabilidade das empresas em mercados cada vez mais exigentes. É o caso da vitivinicultura gaúcha, responsável por 90% da produção nacional de vinhos e espumantes, que se vê diante de um cenário de crescente competitividade com rótulos internacionais e de alta demanda por gestões mais profissionalizadas.
Na medida em que o setor avança nas áreas técnica e comercial, é imprescindível fortalecer também a administração, adotando estruturas mais éticas, transparentes e preparadas para sustentar o crescimento da indústria.
Governança corporativa, em sua essência, significa estabelecer uma gestão clara na qual os papéis de sócios, conselheiros e gestores são bem definidos e delimitados. Além disso, envolve a implantação de mecanismos eficazes de controle e compliance, bem como a criação de instâncias decisórias mais ágeis e responsáveis.
No setor vitivinícola, isso significa não apenas assegurar a produção de vinhos de qualidade, mas também criar condições para uma administração que seja capaz de lidar com os desafios de um mercado dinâmico e globalizado.
Para as empresas familiares — predominantes na Serra Gaúcha —, a governança assume uma importância ainda maior. Ela não só evita conflitos e protege o patrimônio, como também facilita uma sucessão geracional mais segura e estruturada, aspecto crucial para garantir a continuidade dos negócios ao longo do tempo.
Além disso, boas práticas permitem a adaptação das empresas familiares às transformações do mercado, mantendo a tradição do negócio, mas com uma gestão moderna que promove inovação e crescimento sustentável.
A governança não se resume apenas à estrutura interna da empresa, mas também abrange a relação com os stakeholders, como fornecedores, clientes e investidores. Para a vitivinicultura, isso implica na construção de parcerias estratégicas e no estabelecimento de uma cadeia de fornecedores eficiente e transparente. Isso se reflete em uma gestão de riscos mais robusta, no monitoramento de questões ambientais e sociais, e em práticas de compliance que garantem conformidade com as leis e normas vigentes.
O setor ainda conta com outra especificidade no que se refere às práticas de governança: por depender de fatores externos como clima e variações econômicas, a vitivinicultura pressupõe a gestão desses riscos de forma proativa.
O mercado valoriza cada vez mais as empresas bem governadas. Organizações que adotam boas práticas têm mais chances de atrair investidores, formar parcerias estratégicas e acessar linhas de crédito com melhores condições.
Hoje, falar em governança é, sem dúvida, falar em um diferencial competitivo real. Em um setor que exige altos investimentos em tecnologia, infraestrutura e qualificação, ter um modelo de governança eficiente pode ser o fator que distingue uma vinícola de sucesso das que ficam para trás.
Conselheira de administração