Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

reportagem especial

- Publicada em 17 de Janeiro de 2022 às 03:00

Região de Pelotas diversifica produção de fruticultura

Pêssego é a fruta mais cultivada nas propriedades locais e atende à indústria

Pêssego é a fruta mais cultivada nas propriedades locais e atende à indústria


/CARLOS QUEIROZ/DIVULGAÇÃO/JC
O paralelo 32 S é uma linha imaginária que corta o planeta de Leste a Oeste no 32º grau ao Sul do Equador. Medindo exatos 34.017 quilômetros de extensão, esta latitude engloba territórios como o Sul da Austrália; a Cidade do Cabo, na África do Sul; o estado de Copiapo, no Chile; e a Metade Sul do Rio Grande do Sul. Separados por milhares de quilômetros, estes locais estão unidos por uma característica comum: são zonas extremamente propícias para a fruticultura.
O paralelo 32 S é uma linha imaginária que corta o planeta de Leste a Oeste no 32º grau ao Sul do Equador. Medindo exatos 34.017 quilômetros de extensão, esta latitude engloba territórios como o Sul da Austrália; a Cidade do Cabo, na África do Sul; o estado de Copiapo, no Chile; e a Metade Sul do Rio Grande do Sul. Separados por milhares de quilômetros, estes locais estão unidos por uma característica comum: são zonas extremamente propícias para a fruticultura.
Beneficiadas por características semelhantes de temperatura, incidência solar e quantidade de chuva, essas regiões, como a Campanha e o Sul gaúchos, são internacionalmente reconhecidas como zonas produtoras de frutas e, especialmente, uvas e vinhos. Os dados da Emater/Ascar mostram que o Sul do Rio Grande do Sul concentra 10,6% da produção da fruticultura gaúcha, com 3,4 mil unidades produtoras que ocupam 9,4 mil hectares e que, em 2020, produziram 147 mil toneladas de frutas.
Se, por um lado, a comparação com os dados gerais do RS parece não chamar tanto a atenção, o desempenho isolado em culturas de mercados tradicionais como o pêssego, o morango e a uva para a indústria e outros emergentes, como as oliveiras, é capaz de revelar uma aptidão especial da região, que tradicionalmente dedica a maior parte de suas terras para a produção de carne e grãos.
Esse potencial já era percebido há 25 anos quando representantes da sociedade civil, de entidades de ensino e pesquisa e lideranças políticas se juntaram para criar o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura Irrigada na Metade Sul do RS, construído sob o slogan "fruticultura na Metade Sul, um novo horizonte no Sul do RS".
O engenheiro agrônomo, viticultor e hoje deputado federal Afonso Hamm (PP) fez parte daquele grupo inicial e lembra que a ideia de constituir uma ação multissetorial, capaz de fomentar tanto a pesquisa quanto políticas públicas de incentivo à fruticultura no Sul do Estado, teve como ponto de partida os resultados de estudos científicos publicados nos Estados Unidos, ainda na década de 1970, que apontavam o paralelo 32 como uma das melhores regiões do planeta para o cultivo de frutas.
"Com o apoio fundamental da Emater, fomos buscar a referência da Embrapa Clima Temperado, que tinha muitos estudos e criamos os ensaios regionais para levar as coleções da Embrapa para estas regiões", lembra Hamm. "Também trabalhamos com a Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, e nos aproximamos da área empresarial com a realização de fóruns e seminários com o objetivo de despertar o interesse de empreendedores no setor", diz.
A partir destes movimentos, o grupo ganhou apoio de prefeitos e lideranças políticas regionais até finalizar o projeto que, depois de apresentado ao Ministério da Agricultura na gestão de Pratini de Moraes, serviu de base para os programas Pro Frutas e Pro Vinhos, através dos quais se criaram 30 polos de fruticultura no Brasil e uma linha específica de financiamento para a fruticultura perene no Sul gaúcho.
A construção do plano teórico e das políticas públicas que surgiram dele, todavia, só foi possível graças às características naturais da região onde os invernos intensos e os verões com dias longos e grande alternância térmica (variação de temperatura entre dias e noites) favorecem o ciclo de desenvolvimento das espécies de clima temperado ao garantir um acúmulo maior de açúcares durante o dia e menos gasto energético a noite, o que para os consumidores se traduz em frutas mais saborosas, coloridas e aromáticas.

Uma nova fronteira no Sul para o cultivo de uvas e oliveiras

Alguns dos primeiros registros de produção de uva e vinho remontam aos últimos anos do século XIX

Alguns dos primeiros registros de produção de uva e vinho remontam aos últimos anos do século XIX


/GUSTAVO VARA/DIVULGAÇÃO/JC
"Entre os paralelos 30 e 35 estão as melhores áreas para a fruticultura. Como a Metade Sul do RS está abaixo, faz a região uma das mais propícias para este fim no Hemisfério Sul", atesta Rogério Oliveira Jorge, pesquisador de Embrapa Clima Temperado e o Responsável Técnico do Laboratório de Análise de Azeites da instituição.
O azeite, aliás, é o produto principal de uma cultura que chegou na região com os colonizadores portugueses nos séculos XVIII e XIX, mas somente nos últimos 20 anos começou a prosperar: a olivicultura. Impulsionado por empreendedores que vêm na atividade uma oportunidade de conquistar um mercado interno dependente de importações - o Brasil é o segundo maior importador de azeite e azeitonas do mundo - o setor tem modificado a paisagem do pampa, ao mesmo tempo em que gera oportunidades de negócios, emprego e renda.
Hoje, a região possui mais de 90% dos 6,1 mil hectares plantados com oliveiras no Estado e que, no ano passado, resultaram em duas mil toneladas de azeitonas. Toda a produção foi destinada para as 15 fábricas responsáveis pelas 46 diferentes marcas de azeite nacional e resultou em 202 mil litros do óleo. "Isso chama a atenção porque alguns anos atrás se tinha uma área irrisória e hoje se tem uma área similar à existente no Uruguai, que é um produtor tradicional, e vem aumentando", explica Jorge.
Situação semelhante pode ser observada com relação ao desenvolvimento da viticultura e, principalmente, da vitivinicultura nos campos sulinos. Alguns dos primeiros registros de produção de uva e vinho no Sul gaúcho remontam aos últimos anos do século XIX e estão localizados na colônia francesa Santo Antonio, instalada no interior de Pelotas. Ali, conforme o historiador Leandro Betemps, as primeiras adegas começaram a surgir em 1898 e se desenvolveram nas primeiras décadas do século XX até atingir seu auge entre os anos 1930 e 1940.
"Na década de 1930, há uma expansão do cultivo do pêssego, que vinha se mostrando a fruta mais comum a ser cultivada, e o vinho, os quais passam a ser a base econômica da colônia sem detrimento ainda da alfafa. Nas décadas de 1940 e 1950, há um grande comércio de frutas, legumes e hortaliças, porém a alfafa e a uva ainda têm muita força econômica, mas nos anos 50 o vinho declina consideravelmente", registra.
Após quase meio século sem uma exploração comercial significativa, uva e vinho voltaram ao rol de produtos regionais no final da década de 1990, quando após uma série de iniciativas do Comitê de Fruticultura da Metade Sul amparadas por parcerias com a Embrapa e Emater atraíram os primeiros produtores da Serra.
"Há 20 anos quando falei para meus familiares que iria a Pinheiro Machado plantar uvas me chamaram de louco, disseram que não era região para a fruta. Eles tinham uma ideia de que não daria certo", lembra o empresário Paulo Tonet, proprietário do Vinhedo São Felício e pioneiro da vitivinicultura na região da Campanha.
Favorecido pelo clima e a qualidade do solo, hoje Tonet produz 500 toneladas de uvas viníferas em 52 hectares no interior de Pinheiro Machado, a 110 quilômetros de Pelotas. Sua produção, em maior parte, é destinada a parceiros comerciais conhecidos no mercado nacional, como as casas Salton, Boscatto e Venturinni. O restante, em torno de 10%, vai para sua marca própria, a Vinícola Milano, cuja linha de produção está instalada em Nova Pádua, a 33 quilômetros de Caxias do Sul, na Serra.
 

Pesquisa e produção evoluem juntas

Segundo Zanus, a Indicação Geográfica dá valor ao produto por sua procedência

Segundo Zanus, a Indicação Geográfica dá valor ao produto por sua procedência


/JOÃO MATTOS/JC
O desenvolvimento da fruticultura no Sul do Rio Grande está intimamente ligado à produção científica de instituições de ensino, pesquisa e apoio da região, como a Universidade Federal de Pelotas, a Universidade do Pampa, a Embrapa e a Emater/Ascar.
Das salas de aula, laboratórios, canteiros e pomares experimentais destas entidades brotaram ideias e teses que ajudaram a qualificar a produção local, como a variedade de pêssego Mandinho ou o Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas na Região de Pelotas e da Serra Gaúcha e outras ainda em desenvolvimento, como a busca de novas cultivares brasileiras de morango.
Nas décadas de 1970 e 1980, a Embrapa lançou sete variedades de cultivares nacionais porém, atualmente, todas estão desatualizadas para o setor produtivo e o Brasil importa a maioria de suas cultivares dos Estados Unidos, enquanto as mudas são na maior parte provenientes da Argentina e do Chile.
"O que se busca são cultivares adaptáveis ao sistema de produção. Já temos alguns resultados promissores em testes no Rio Grande do Sul e em unidades de outras regiões do País. Se atingirmos nossos resultados, iremos estimular o comércio local e reduzir os custos de produção, pois o Rio Grande do Sul é, hoje, um dos estados que mais importa mudas de morango", avisa o pesquisador Luís Eduardo Antunes, da Embrapa Clima Temperado.
A certificação de procedência geográfica do vinho do Pampa é outra conquista dos esforços das instituições no incentivo à fruticultura na Metade Sul. Após cinco anos de pesquisa e discussões por parte de um grupo interdisciplinar formado por universidade, instituições de pesquisa e apoio ao setor produtivo e associações de produtores foi possível, em 2020, aprovar a Indicação Geográfica (IG) dos vinhos finos e espumantes da região da Campanha Gaúcha.
A partir disso as vinícolas instaladas na região podem usar o selo que atesta a origem das bebidas e garante que o conteúdo das garrafas expressa as características da região na qual foram produzidas. "A Indicação Geográfica dá valor ao produto por sua procedência e funciona como um cartão internacional de apresentação destes vinhos", explica o pesquisador Mauro Zanus, da Embrapa Uva e Vinho.

Agricultura familiar é destaque nas safras

Ao contrário do que ocorre com a olivicultura e a vitivinicultura, nas quais empreendimentos empresariais controlam pomares e agroindústrias, a produção das culturas mais antigas e tradicionais, como o pêssego, a morango e a melancia são exploradas por agricultores familiares e na maioria dos casos não são a única fonte de renda das propriedades.
As especificidades do cultivo tanto do pêssego quanto do morango acabam por gerar uma realidade na qual a ocupação dos postos de trabalho de fica limitada aos membros das famílias ou outros moradores da zona rural, que dominam técnicas de manejo de plantas e frutos.
"O sucesso da fruticultura depende de uma mão de obra especializada, tanto na condução dos pomares, como na colheita. Os trabalhadores da zona urbana não podem ser aproveitados por não saberem diferenciar frutas maduras das verdes ou por não dominarem técnicas que facilitam e agilizam o trabalho", explica o agrônomo Evair Ehlert, da Emater/Ascar em Pelotas.
Atualmente, de acordo com o Censo Frutícola 2020 feito pela da Emater, aproximadamente três mil famílias da região de Pelotas se ocupam da produção de pêssego para a indústria. Já o morango está presente em 269 propriedades sendo que, somente em Pelotas, 170 famílias se dedicam à cultura. "Mais do que uma produção comercial a fruticultura é uma cultura regional, que passa de geração para geração", afirma Ehlert.

Pêssego, uma cultura tradicional e também cheia de novidades

Com produção anual de 50 mil toneladas, fruta ocupa 4,5 mil hectares em propriedades da região

Com produção anual de 50 mil toneladas, fruta ocupa 4,5 mil hectares em propriedades da região


/JANINE TOMBERG/DIVULGAÇÃO/JC
Com seu interior colonizado por imigrantes europeus acostumados a produzir frutas de clima temperado, a microrregião de Pelotas - formada pelos municípios de Pelotas, Morro Redondo, Capão do Leão, Arroio do Padre, Turuçu e Canguçu - se tornou, ao longo do século XX, referência na produção de frutas, sendo o pêssego sua cultura mais tradicional.
Com 4,5 mil hectares ocupados por pomares e uma produção que, no ano passado, beirou as 50 mil toneladas, a região ocupa o topo do ranking da fruta, conforme o estudo Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2021 (lançado na última edição da Expointer pelo governo do Estado). E isso não é pouco, levando-se em consideração que o RS é o maior produtor brasileiro de pêssego e responde por 60% da safra nacional.
Para 2022, a projeção é de uma produção na casa das 60 mil toneladas, o que indica que a cultura deve movimentar algo em torno de R$ 77 milhões na região. A maior parte das frutas é absorvida por 11 agroindústrias responsáveis por todo o pêssego em conserva fabricado no País.
A cultura do pêssego na região atrai a atenção de cientistas e pesquisadores desde a segunda metade do século XX e, de lá para cá, muitos foram os avanços e inovações tecnológicas que auxiliaram produtores e industriais a qualificar suas produções. Uma destas inovações foi a cultivar desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado batizada de BRS Mandinho, que, após duas décadas de pesquisa, começou a chegar aos consumidores nesta estação.
Com o formato achatado, semelhante a uma bolachinha, a BRS Mandinho é a primeira cultivar brasileira produtora de frutos tipo platicarpa (chatos). Além da aparência, suas principais características são o sabor mais doce e suave e a polpa amarela, o que faz do fruto um produto perfeito para o público infantil.
"Com a ajuda da Embrapa a gente tenta sempre inovar e buscar novos mercados, como agora pretendemos com o público infantil com esta variedade", diz Mauro Scheunemann, por enquanto o único produtor comercial do pêssego Mandinho.
 

Cultivo do morango sai do campo e chega à cidade

Plantio em canteiros elevados se mostrou mais eficaz

Plantio em canteiros elevados se mostrou mais eficaz


/gustavo mansur/divulgação/jc
A partir de 2013, a produção de morango no Sul do Estado viveu uma revolução tecnológica com a introdução do plantio fora do solo promovida através da parceria entre a Embrapa Clima Temperado e a Emater.
O novo sistema, adotado inicialmente em caráter experimental pela Associação dos Produtores de Turuçu - município que detém a segunda maior produção da região com 374 toneladas/ano - mostrou-se extremamente eficaz e, apesar de mais caro, se espalhou pela Zona Sul.
O plantio em canteiros elevados com um substrato produzido sob medida para a fruta garante um melhor controle de fungos e doenças, maior longevidade da área utilizada e o melhor: produz por mais tempo e permite até duas safras anuais.
Além disso, o novo sistema traz um ganho na qualidade de vida dos agricultores, conforme explica o pesquisador da Embrapa, Luis Carlos Corrêa Antunes: "O trabalho em canteiros no solo é penoso porque é preciso trabalhar agachado, a colheita também é mais trabalhosa. No chão, uma pessoa consegue cuidar de sete a oito mil plantas, mas fora do solo esse número sobe para 13 mil pés".
A mudança do sistema de cultivo do morango também abriu a porta para o aumento da produção regional ao atrair outro tipo de agricultor: o plantador urbano. É gente como Carlise Perlemberg, moradora da Sanga Funda, bairro da zona norte de Pelotas, e que no início de 2021 decidiu investir com o marido na instalação de duas estufas com um total de 3,5 mil pés de morango. Ao longo ano, colheu uma safra em maio e outra em novembro. O bom resultado anima a família. "Nossa expectativa para 2022 é muito boa, pois a produção do ano passado foi muito bonita com frutos de ótima qualidade", diz.
Conforme levantamentos recentes da Emater/Ascar, o custo produção de morangos neste sistema (com a instalação das estruturas) gira em torno de R$ 8,6 mil para cada estufa padrão com 156 m2 e capacidade para 3,4 mil mudas. O mesmo estudo mostra que considerando a produção média de 0,8 quilos de fruta por planta a cada ciclo é possível que o produtor consiga uma receita bruta de até R$ 13,5 mil por estufa.

O calote da melancia

A cultura da melancia no Sul gaúcho já foi tão significativa que a cidade de Pedro Osório chegou a realizar a Festa Estadual da Melancia, enquanto em Capão do Leão outro evento com a mesma temática costumava atrair milhares de visitantes. Porém, na última década, o panorama mudou radicalmente e, ao contrário do que se pode pensar, não foi devido a questões climáticas ou de mercado, mas sim pela falta de pagamento aos produtores por compradores do centro do País.
"Aconteceu com a melancia algo muito semelhante ao que vimos na cebola: ao longo dos anos, compradores de outras regiões aplicaram tantos calotes que acabaram quebrando muitos produtores, enquanto outros ficaram desestimulados a seguir na atividade", conta o agrônomo Evair Ehlert, da Emater/Ascar.
O resultado é que, desde 2005, a safra de melancia na região caiu 44%, despencando de 54 mil toneladas para 30,2 mil toneladas/ano, o que representa 12% das 245,46 mil toneladas produzidas a cada safra pelo Rio Grande do Sul, o segundo maior produtor nacional da fruta.

Açorianos e as oliveiras

O fruto que, nos últimos anos, tem atraído novos investidores para a região da Campanha, curiosamente chegou ao Sul do Estado com os colonizadores açorianos que desembarcaram no porto de Rio Grande no século XVIII. As sementes de oliveiras trazidas pelos imigrantes portugueses semearam pomares nos campos entre Rio Grande e Pelotas, mas depois de algum tempo não se adaptaram ao solo úmido.
"Não se tinha um pacote tecnológico adequado e as cultivares não se adaptaram", explica o professor Vagner Costa, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas e consultor do projeto Olivais do Pampa.
Hoje, depois de muita pesquisa e mudanças no manejo, vieram os resultados: aumento de 316% da produção de azeite um ano para outro - em 2020, o volume total no Estado estado foi 48 mil litros, enquanto que em 2021 atingiu 202 mil litros.

* Álvaro Guimarães é natural de Rio Grande e jornalista formado pela Universidade Católica de Pelotas. Atualmente, trabalha como assessor de comunicação e repórter freelancer.