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Publicada em 27 de Setembro de 2025 às 16:00

Expansão da Natural Extremo fortalece turismo e empregos no Sul

Empresário tem 11 recordes mundiais na prática de esportes, além de dois títulos no Guiness Book

Empresário tem 11 recordes mundiais na prática de esportes, além de dois títulos no Guiness Book

Angelo Maragno/Divulgação/JC
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Cristine Pires
Cristine Pires Editora-assistente de Economia
Com 11 recordes mundiais, dois títulos no Guinness Book e uma carreira que une esporte e empreendedorismo, Rafael Bridi é hoje um dos principais nomes do turismo de aventura no Brasil. Atleta de slackline e fundador da Natural Extremo, empresa especializada em experiências radicais, ele transformou a paixão pelo contato com a natureza em um negócio inovador, responsável por atrações icônicas como o Salto de Pêndulo e a Tirolesa de Bike, em Urubici (SC), além do primeiro Salto de Pêndulo Duplo do país, no Parque do Caracol, em Canela (RS). À frente de uma empresa que já recebeu mais de 30 mil visitantes e movimenta a economia local, Bridi fala nesta entrevista sobre o crescimento do turismo de aventura, os desafios de gestão e segurança, o impacto econômico do setor e os planos para o futuro.
Com 11 recordes mundiais, dois títulos no Guinness Book e uma carreira que une esporte e empreendedorismo, Rafael Bridi é hoje um dos principais nomes do turismo de aventura no Brasil. Atleta de slackline e fundador da Natural Extremo, empresa especializada em experiências radicais, ele transformou a paixão pelo contato com a natureza em um negócio inovador, responsável por atrações icônicas como o Salto de Pêndulo e a Tirolesa de Bike, em Urubici (SC), além do primeiro Salto de Pêndulo Duplo do país, no Parque do Caracol, em Canela (RS). À frente de uma empresa que já recebeu mais de 30 mil visitantes e movimenta a economia local, Bridi fala nesta entrevista sobre o crescimento do turismo de aventura, os desafios de gestão e segurança, o impacto econômico do setor e os planos para o futuro.
Empresas & Negócios - O turismo de aventura vem crescendo no Brasil. Qual o tamanho desse mercado hoje e como a Natural Extremo se posiciona dentro dele?
Rafael Bridi - Não há dúvida de que o turismo de aventura está em ascensão. O Brasil tem paisagens naturais únicas e que representam muito da nossa cultura. As pessoas buscam cada vez mais experiências transformadoras e o turismo de aventura ocupa esse espaço. A Natural Extremo nasce com esse propósito: desenvolver regiões por meio de atividades de alto valor agregado, que conectem cultura local, natureza e emoção. Começamos com o Salto de Pêndulo® e expandimos com a Tirolesa de Bike® e outras atividades inovadoras. Somos reconhecidos por trazer inteligência, segurança e inovação para esse mercado.
E&N - A empresa já ultrapassou 30 mil visitantes. O que esse número representa em termos de faturamento, geração de empregos e impacto econômico local?
Bridi - É um número expressivo e que reflete nosso crescimento exponencial. Ao longo dos sete anos, o faturamento acumulado está perto de R$ 20 milhões, sendo que metade disso está projetada só para 2025. Empregamos diretamente cerca de 40 pessoas, com impacto indireto em mais de 40 fornecedores. Estudos apontam que o impacto econômico local passa de R$ 150 milhões, principalmente na Serra Catarinense, nossa base mais consolidada. E esse valor se espalha: pousadas, restaurantes, mercados... o turismo distribui renda e movimenta toda a cadeia.
E&N - Quais são os principais perfis de público que procuram as atividades da Natural Extremo? Há espaço para atrair turistas internacionais?
Bridi - Realizamos anualmente estudos de perfil. Nosso público é majoritariamente jovem, até 50 anos, com grande presença feminina. Muitas buscam superação pessoal e enfrentamento de medos. Temos investido também em grupos corporativos, usando o turismo como ferramenta para fortalecer equipes, tomar decisões e lidar com desafios. Embora o foco seja o público brasileiro, já atendemos clientes dos 26 estados e DF, 4% dos nossos visitantes são internacionais, mesmo sem ações específicas para esse público. A tendência é crescer, acompanhando estratégias de expansão da malha aérea e dados recentes da Embratur sobre os novos interesses dos turistas estrangeiros.
E&N - Em termos de gestão, quais foram os maiores desafios para escalar o negócio sem abrir mão da segurança?
Bridi - Crescer mantendo uma mentalidade jovem, inovadora e fiel à cultura da empresa é o maior desafio. Estamos num tamanho que já exige muita gestão de processos, adaptação às regulações, diferenciação constante... sem perder a alma de startup. Outro ponto é o cuidado com as pessoas, é fundamental que a equipe perceba que tem espaço para crescer junto. E claro, manter padrões elevados de segurança, comunicação clara e empatia com o cliente exige um esforço contínuo.
E&N - Como funciona a escolha das cidades onde a empresa se instala? Que fatores pesaram na decisão por Urubici e Canela?
Bridi - A escolha passa pela geografia e também pela afetividade. Urubici foi um local importante para mim como atleta de highline. Os cânions exuberantes da Serra Catarinense são perfeitos para nossas operações. Já Canela é uma região muito estruturada, mas que havia se afastado da natureza. Nosso objetivo ali foi recolocar a natureza como protagonista. Mais que localizações turísticas, buscamos lugares com identidade, cultura e potencial de transformação.
E&N - Além da adrenalina, o turismo de aventura movimenta setores como hotelaria, gastronomia e transporte. Que tipo de parceria a Natural Extremo mantém com a cadeia turística regional?
Bridi - Acreditamos no turismo em rede. Indicamos restaurantes, hospedagens, passeios e guias locais, sempre com foco em segurança e qualidade. Estamos formalizando programas de afiliados e parcerias estratégicas, nos quais toda a cadeia se beneficia, seja com cortesia, seja com benefícios mútuos. Queremos que os destinos sintam orgulho de ter o turismo de aventura ali, e não o vejam como um problema.
E&N - O setor de turismo é altamente sensível a crises. Como a empresa se protege desses impactos?
Bridi - Nosso foco é a antecipação. Ter clareza dos ciclos econômicos nos permite crescer acima da média, mesmo em momentos difíceis. Planejamento, reservas financeiras, produtos versáteis, como a Tirolesa de Bike Virtual para eventos, ajudam a manter a operação resiliente.
E&N - O investimento em certificações internacionais e equipamentos de ponta é elevado. Como equilibrar custos operacionais e competitividade de preços no Brasil?
Bridi - A concorrência por preço, infelizmente, leva à degradação do mercado. Investimos em equipamentos certificados, equipe qualificada e processos rigorosos de segurança. O cliente nem sempre percebe isso de imediato, mas é nosso papel mostrar o valor. E o resultado aparece: em sete anos, nunca ouvi alguém dizer que nossa atividade foi cara. As pessoas entendem que entregamos algo único, com segurança e propósito.
E&N - A inovação é uma marca registrada da Natural Extremo. Qual a importância da diferenciação para manter a liderança no mercado?
Bridi - É essencial. A Tirolesa de Bike®, o Salto de Pêndulo®, a integração com realidade virtual... Tudo isso é fruto de um pensamento estratégico. Não se trata de lançar produtos por lançar, mas de entregar experiências com impacto real. Nossa origem em Florianópolis e a proximidade com o ecossistema de tecnologia nos impulsionam. A inovação é o que nos mantém relevantes e desejados.
E&N - O turismo de aventura ainda enfrenta barreiras de credibilidade no país. Como transformar segurança em valor percebido pelo cliente?
Bridi - O brasileiro, em geral, é imediatista. Segurança exige investimento de médio e longo prazo e nem sempre o cliente está preparado para entender isso. Por isso, é nosso dever comunicar bem, mostrar o diferencial com clareza e reforçar as boas práticas. Temos relações com engenheiros internacionais, fornecedores de tecnologia e benchmarks globais. Isso é o que nos mantém referência.
E&N - O que falta para o Brasil consolidar-se como um destino internacional de turismo de aventura?
Bridi - Faltam políticas públicas de incentivo ao crédito, infraestrutura urbana, qualificação da mão de obra e, principalmente, valorização das pessoas. O turismo pode ser uma ponte entre desigualdades, gerando renda, acesso e mobilidade social. Mas é preciso pensar regionalmente, entender as diferenças do país e dar autonomia para os agentes locais. Um destino bem estruturado para o turista também será melhor para o morador.
E&N - Quais são os planos da Natural Extremo para os próximos anos? Há previsão de novas unidades, produtos ou parcerias estratégicas?
Bridi - Queremos crescer, sim. Estamos conversando com investidores privados e iniciativas públicas para levar nossas operações a novos destinos. O foco é buscar parceiros que complementem nossa zona de potência: segurança, inovação e experiência. Talvez não criemos novos produtos do zero como fizemos com o Salto de Pêndulo, mas sim adaptemos experiências internacionais ao Brasil. O objetivo é manter a liderança e continuar entregando algo que transforme a vida de quem participa.

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