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Publicada em 09 de Maio de 2025 às 16:55

Arquitetos Voluntários revitalizam escolas afetadas pela enchente no Rio Grande do Sul

Uma das instituições contempladas foi a EEI João Paulo II, no bairro Farrapos, em Porto Alegre

Uma das instituições contempladas foi a EEI João Paulo II, no bairro Farrapos, em Porto Alegre

Betina Rosa/Arquitetos Voluntários/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
A Associação Arquitetos Voluntários concluiu em abril a terceira fase da Missão Reconstrução RS, projeto criado com o objetivo de recuperar 11 instituições de ensino impactadas pelas enchentes do ano passado no Estado. O último trabalho de revitalização nesta etapa ocorreu na Escola de Educação Infantil Irmão Clóvis Rotava, localizada no bairro Sarandi, em Porto Alegre.
A Associação Arquitetos Voluntários concluiu em abril a terceira fase da Missão Reconstrução RS, projeto criado com o objetivo de recuperar 11 instituições de ensino impactadas pelas enchentes do ano passado no Estado. O último trabalho de revitalização nesta etapa ocorreu na Escola de Educação Infantil Irmão Clóvis Rotava, localizada no bairro Sarandi, em Porto Alegre.
Os primeiros dias depois da chuva do final de abril foram de organização do trabalho que seria realizado assim que a água baixasse. Como parte da primeira fase do projeto, o coletivo criou 10 grupos de atuação focados em governança, gestão e planejamento. Foi nesta etapa que os Arquitetos Voluntários fizeram um mapeamento de quais escolas poderiam receber ajuda.
"Desde o início nós procuramos instituições de ensino parceirizadas da prefeitura para serem auxiliadas. Tínhamos alguns critérios, como a necessidade de as escolas possuírem as documentações corretas e estarem em áreas que necessariamente não eram de risco iminente", explica a diretora operacional da Associação, Bianca Russo.
O primeiro lote de escolas revitalizadas foi entregue na segunda fase da Missão Reconstrução RS, enquanto o restante foi recuperado na terceira etapa. De acordo com Bianca, o trabalho realizado atraiu a atenção de instituições de ensino que, embora precisassem de ajuda, não sabiam da atuação da Associação Arquitetos Voluntários. "Desenvolvemos certa proximidade com algumas redes de apoio, e assim descobrimos outras escolas que também estavam à procura de ajuda. Essas redes entenderam a seriedade do nosso trabalho e fizeram questão de continuar participando do projeto", comenta.
Com investimento de R$5,7 milhões, o projeto promoveu a revitalização de salas de aula, reestruturação de instalações elétricas e hidráulicas, criação de novas estruturas, entre outras melhorias. Os recursos utilizados na iniciativa foram arrecadados com a ajuda de 150 empresas parceiras, entre as que aportaram valores para projetos específicos e aquelas que adotaram todas as ações da Missão Reconstrução RS.
Apesar do nome, a equipe da Associação não é composta somente por arquitetos, como era originalmente. Ao longo dos anos, o coletivo observou que era necessário contratar profissionais especializados que pudessem dar suporte em diferentes dimensões. Assim, foram incorporados ao time de funcionários pessoas com formação em design, engenharia, psicologia e contabilidade, além de artistas, que sempre demonstraram apoio ao trabalho dos Arquitetos Voluntários.
A diversificação do coletivo possibilitou, por exemplo, a criação de um espaço destinado a crianças atípicas em uma das escolas revitalizadas. Neste caso, o projeto foi orientado por profissionais da pedagogia e da arquitetura.
Com mais de 130 voluntários, o coletivo estabeleceu que as horas de trabalho pro bono poderiam contar nos estágios nas instituições parceiras. "Muitas escolas e universidades são adeptas da cultura de mostrar para os jovens que eles têm essa responsabilidade social, desde estudantes de nível médio até os que já estão na faculdade", explica Bianca. Os voluntários podem ajudar nas entregas, nos mutirões artísticos, nas oficinas de criação e na restauração de ambientes.
Em fevereiro deste ano, um grupo de jovens participou da instalação do piso clicado na EEI Mário Frigo, que já estava com a obra principal entregue. O gesto foi recompensado com a emissão de um certificado oficial de voluntariado para cada um dos jovens.
Tendo contemplado também outras instituições, como a EEI João Paulo II, no bairro Farrapos, o projeto Missão Reconstrução RS terá uma quarta fase, que ainda está sendo planejada pela Associação Arquitetos Voluntários. Basicamente, com a nova etapa, o coletivo irá trabalhar na recuperação de bibliotecas escolares.
 

Coletivo criou refúgios para profissionais da saúde na pandemia

No auge da pandemia de Covid-19, em 2020, sete arquitetos se reuniram para criar espaços de descompressão em unidades de saúde do Estado. A ideia era permitir que os profissionais que estavam na linha de frente pudessem descansar em ambientes mobiliados e com insumos. Para viabilizar certas etapas do processo, o grupo de arquitetos decidiu formar a Associação Arquitetos Voluntários, com o auxílio de uma assessoria jurídica.
A criação de tais espaços seria feita em conjunto com as unidades de saúde. Nos casos em que não havia áreas disponíveis dentro das instituições, o espaço de descompressão era organizado em contêineres em áreas externas.
"O coletivo nasceu de uma inquietude de uma das nossas fundadoras, a arquiteta Daniela Giffoni, que queria entender como o grupo de arquitetos poderia ajudar naquele momento", explica Bianca. No total, foram entregues 34 ações em diferentes instituições, incluindo uma em São Paulo.
 

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