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Publicada em 22 de Abril de 2024 às 00:50

Ação de voluntariado promovida por mulheres empreendedoras beneficia ONGs e espaços sociais

Mariana Jardim, Kellen Höehr, Aline Fuhrmeister e Paloma Antonio estão à frente das ações da DU99

Mariana Jardim, Kellen Höehr, Aline Fuhrmeister e Paloma Antonio estão à frente das ações da DU99

/Melt Fotografia/Divulgação/JC
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Matheus Trevizan
Matheus Trevizan
A DU99 é um negócio de impacto social que surgiu em 2016, fundada pela arquiteta e urbanista, Aline Fuhrmeister e comandada juntamente com mais três mulheres empreendedoras: Mariana Jardim, Kellen Höehr e Paloma Antonio. A organização surgiu da necessidade que Aline, como arquiteta, sentia em fazer algo com todos os resíduos das obras e reformas de seus clientes, pois tem muitas coisas que são mal descartadas.
A DU99 é um negócio de impacto social que surgiu em 2016, fundada pela arquiteta e urbanista, Aline Fuhrmeister e comandada juntamente com mais três mulheres empreendedoras: Mariana Jardim, Kellen Höehr e Paloma Antonio. A organização surgiu da necessidade que Aline, como arquiteta, sentia em fazer algo com todos os resíduos das obras e reformas de seus clientes, pois tem muitas coisas que são mal descartadas.
"Sempre via nas obras muitas coisas irem fora, como tampos, pias, torneiras, vasos sanitários, muitas vezes sem nunca terem sido usados. Pensava nas pessoas que nunca tiveram acesso a esse tipo de produto, pessoas sem banheiro em casa, pessoas vivendo de uma forma muito precária, então isso foi o que me despertou lá em 2016 para começar com a DU99" comenta Aline.
A partir daí, a organização começou a recolher as sobras das obras e utilizar nas ações promovidas pela DU99, marcando assim o começo das ações voluntárias de impacto social. O nome da organização tem uma origem curiosa.
"Du é tu em alemão, fazer pelo outro. O meu escritório se chama DU Arquitetura Estratégica, então eu sempre acreditei nisso, em fazer pelo outro, em cocriar, em fazer junto, em colaboração. E 99 é porque 1% da população mundial tem acesso a um arquiteto, em termos econômicos" explica a arquiteta. Portanto, depois de ver essa pesquisa, Aline decidiu que o seu propósito era levar a arquitetura para 99% da população que não têm acesso à profissão.
As ações da DU99 acontecem em instituições, ONGs, áreas degradadas da cidade, praças, asilos, escolas e centros comunitários. Sempre em locais que beneficiam um público maior. "Então, não é na casa de uma pessoa carente, é sempre num lugar que beneficia toda a comunidade", destaca a fundadora.
A partir disso é desenvolvido um projeto, começando com uma visita ao local, os quais se cadastram no site da organização, então a DU 99 seleciona aqueles que entendem que podem transformar, desenvolvem o projeto e o executam em um dia, tendo que obrigatoriamente ser finalizado nesse período. "É que nem um programa de TV, chegamos de manhã, trabalhamos o dia inteiro e entregamos no final do dia", descreve Aline.
Em relação à mão de obra, a arquiteta explica que esse trabalho é feito com voluntários, sendo eles voluntários da DU99 ou qualquer pessoa que deseja participar, além de colaboradores das empresas que apoiam e que patrocinam as ações da DU99. Aline cita então, como exemplo, o Hospital Moinhos de Vento, que patrocinou a ação na Ilha do Pavão na qual foi feita uma transformação no Centro Comunitário da Ilha do Pavão, no mês de março.
"Uma parte dos voluntários eram colaboradores do Hospital Moinhos de Vento e a outra parte voluntários da DU99. Geralmente é assim que funciona, essas pessoas chegam lá no dia, ensinamos o que precisa fazer, dividimos todo mundo em equipes e trabalhamos o dia inteiro para fazer essa entrega" comenta.
A organização também entende que a arquitetura é uma questão de saúde pública pois, quando uma pessoa habita, estuda ou é capacitada em um espaço que está mal ventilado, mal iluminado ou mal projetado, ela não rende tanto quanto poderia nem fica tão confortável. A pessoa fica mais doente em lugares fechados que sofrem com umidade e mofam rápido. "Entendo que por meio da arquitetura a gente faz a transformação daquele espaço e garante dignidade para aquelas pessoas que são recebidas lá. Nós alavancamos o potencial daquele lugar" evidencia Aline.
A arquiteta comenta sobre as dificuldades de captação de verbas para ONGs e lugares carentes e que quando captam, toda a verba vai para o público beneficiado e eles nunca ficam numa sede adequada, tendo que ficar num espaço mal projetado e improvisado. A organização então quer fazer uma transformação não só para ficar bonito, mas para impactar socialmente, conseguindo dobrar, triplicar e até mesmo quadruplicar a capacidade de atendimento desses locais.
"Então quando se transforma esse espaço num ambiente que pode capacitar mais pessoas, por exemplo, um local que atende crianças e tem cinco mesas e a gente consegue transformar e colocar quinze mesas, nós estamos aumentando a capacidade de atender esse público e consequentemente atendendo muito mais famílias", ressalta a arquiteta.
 

Desde 2016, 20 mil pessoas já foram beneficiadas e mais de 250 empresas foram parceiras

Transformação realizada no Centro Comunitário da Ilha do Pavão em parceria com o Hospital Moinhos de Vento

Transformação realizada no Centro Comunitário da Ilha do Pavão em parceria com o Hospital Moinhos de Vento

/Karine Viana/Divulgação/JC
Está sendo realizada geralmente uma ação por mês, apesar de terem sido feitas duas no mês de março. No ano de 2023, em novembro, foi realizada uma obra patrocinada pela Guimarães Alimentos, em dezembro, uma patrocinada pelo Grupo SLC. Agora, em março de 2024, foram realizadas obras patrocinadas pela Gobbi e pelo Hospital Moinhos de Vento.
No mês de abril, foi realizada uma que é apoiada pelo Clube Aliadas, um clube de mulheres que se reúnem para contribuir umas com as outras. "Esse grupo conseguiu uma verba que vai pagar a transformação que iremos fazer na Casa Oásis, uma casa de acolhida para mulheres e crianças vítimas da violência doméstica" comenta Aline.
As mulheres que fogem com as suas crianças e vão para esse local, são acolhidas e podem ficar morando lá por seis meses. Será feita então uma transformação em 19 quartos e em todo o ambiente das crianças e das mulheres em apenas um dia.
Em relação às inscrições para se voluntariar, a arquiteta afirma que elas ficaram disponíveis por 6 horas e foram encerradas pois já haviam 80 voluntários inscritos e que se tem uma lista de espera para as ações.
"É legal perceber que o nosso serviço passa credibilidade, agregando muita gente que quer fazer o bem e não sabia como e que após ver o trabalho de transformação feito, percebem que é real, que você fez parte daquele movimento e contribuiu para a melhora daquele local" comenta Aline em relação aos feedbacks positivos que são recebidos após os trabalhos.
Isso faz com que se tenha um fluxo de mão de obra para colaboração e trabalhos voluntários futuramente. Desde 2016, 20 mil pessoas já foram beneficiadas e mais de 250 empresas foram parceiras, sendo algumas delas com parceria fixa firmada para o ano de 2024 como Bebidas Fruki, Tintas Coral, Gota Limpa, Grupo DCA e o DC Shopping.
 

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