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Publicada em 08 de Abril de 2024 às 00:50

Mesmo com quebras de safra, cultivo vem crescendo no Estado com aprimoramento técnico

Dados do Mapa mostram que a produção de uvas viníferas no Rio Grande do Sul foi de 828,6 mil toneladas entre 2013 e 2023, tendo saído de 76.746,82 toneladas em 2013 para 95.411,79 toneladas em 2023

Dados do Mapa mostram que a produção de uvas viníferas no Rio Grande do Sul foi de 828,6 mil toneladas entre 2013 e 2023, tendo saído de 76.746,82 toneladas em 2013 para 95.411,79 toneladas em 2023

/Augusto Tomasi/DIVULGAÇÃO/jc
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
Até a ocorrência dos fortes temporais, em setembro e novembro, que foram responsáveis por uma perda estimada de até 40% na safra de uvas da Serra Gaúcha na comparação com 2023, segundo a Uvibra, o setor vitícola gaúcho vinha experimentando um período de boas marcas de produção, com um índice crescente de produtividade.
Até a ocorrência dos fortes temporais, em setembro e novembro, que foram responsáveis por uma perda estimada de até 40% na safra de uvas da Serra Gaúcha na comparação com 2023, segundo a Uvibra, o setor vitícola gaúcho vinha experimentando um período de boas marcas de produção, com um índice crescente de produtividade.
Dados do Ministério da Agricultura (Mapa) mostram que a produção de uvas viníferas no Rio Grande do Sul foi de 828,6 mil toneladas entre 2013 e 2023, tendo saído de 76.746,82 toneladas em 2013 para 95.411,79 toneladas em 2023. São números que têm normalmente uma grande oscilação em função das características climáticas de cada ano - em 2016, por exemplo, houve uma quebra na safra de mais de 50%, quando a produção chegou a somente 34,3 mil toneladas por conta justamente dos efeitos do El Niño, que voltou em 2023. Mas, a partir de 2021, as safras se mantiveram em um até então inédito patamar superior a 90 mil toneladas, chegando a 99,4 mil toneladas em 2021.
A produtividade também cresceu, passando de 0,47 toneladas por hectare em 2013, para 0,78 em 2023, resultado proporcionado pelo investimento no aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e tecnologia, com uma melhora gradual que corre em paralelo ao comportamento do clima.
Esse tipo de melhoria é possibilitada, segundo o pesquisador da Embrapa José Fernando Protas, com medidas que diminuem a possibilidade de intervenções desnecessárias na produção, proporcionando inclusive a redução nos custos. "Uma coisa na qual estamos trabalhando fortemente são 'estações de aviso'. Temos um software que, com base em informações e comportamento do clima, pode avisar ao produtor com antecedência um período de risco para determinada ocorrência, como uma doença fúngica, por exemplo. Assim, o produtor pode fazer um tratamento preventivo em uma sintonia fina", explica.
É um método, defende Protas, muito mais efetivo do que ter uma rotina regular de aplicação de defensivos agrícolas, porque diminui as possibilidades de intervenção que podem impactar na qualidade do produto. "Essa inteligência já existe e continua evoluindo, como na utilização de drones para aplicações específicas em áreas onde foi identificado algum tipo de problema. O produtor só irá intervir quando tiver, objetivamente, uma base de informações que evidencia essa necessidade", ilustra.
Adotadas principalmente pelas maiores vinícolas, essas técnicas vem beneficiando predominantemente as variedades já campeãs de produção no RS, com as uvas brancas na dianteira. Moscato Branco, Chardonnay, Prosecco e Malvasia de Cândia são as quatro mais cultivadas, com uvas tintas como Merlot, Tannat E Cabernet Sauvignon aparecendo do quinto ao sétimo lugar na lista. Segundo registros do Mapa, disponíveis no Sivibe - Sistema de Informações de Vinhos e Bebidas, desenvolvido pelo ministério com dados fornecidos pelos produtores, atualmente há 81 castas de uvas viníferas com produção registrada no Estado.

Apesar de acreditar que a aposta em variedades inéditas ainda não permita o ganho de escala, o presidente da Uvibra, Daniel Panizzi, crê que algumas castas já cultivadas mais massivamente, como as uvas Chardonnay e Pinot Noir - esta na 12ª posição dentre as maiores produções de 2023 -
possam ter ainda mais espaço no mercado, principalmente pela "consistência da produção" e a verificação de um aumento gradual no consumo. "E elas já estão dentro das Denominações de Origem de Pinto Bandeira e do Vale dos Vinhedos, além de, na Campanha, estarem sendo muito usadas na fabricação de espumantes e vinhos tranquilos".

Entre os tintos, além da Pinot Noir, Panizzi destaca a Merlot e a Cabernet Franc - em 14º lugar -, como uma casta que vem recebendo investimentos importantes. Mas a Cabernet Sauvignon, "por sua história", segundo Panizzi, também continuará tendo um papel importante. Uma das primeiras uvas viníferas a serem plantadas na Serra.
No cenário geral do Rio Grande do Sul, incluindo uvas viníferas, além híbridas e americanas, responsáveis pela fabricação de vinhos de mesa, sucos, geleias e outros itens, a produção total em 2023 chegou a 664,4 mil toneladas. A área de 11,7 mil hectares utilizada para o cultivo no Estado representa 95,5% das áreas brasileiras dedicada à produção de uvas viníferas.

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