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Responsabilidade Social

- Publicada em 12 de Agosto de 2023 às 15:00

Fala, Cohab!: Jornalismo comunitário em pauta no bairro Rubem Berta

Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente se transforma em uma redação, onde são definidas as pautas e feita a publicação

Escola Municipal de Ensino Fundamental Grande Oriente se transforma em uma redação, onde são definidas as pautas e feita a publicação


/Isabelle Rieger/Especial/JC
Reuniões de pauta, entrevistas, fotografia. Essas são algumas tarefas que os alunos da oficina de jornalismo comunitário, ministrada pela jornalista Rosália Fraga, podem realizar nas terças e sextas à tarde na Escola de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul, no bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre. Na região, já circula desde dezembro de 2022 o periódico "Fala Cohab" que tem como proposta "dar uma outra cara para o bairro por meio do noticiário produzido pelos próprios moradores", explica Rosália. Assim, a oficina, além de auxiliar na produção de pautas locais, aproxima as crianças e adolescentes da imprensa.
Reuniões de pauta, entrevistas, fotografia. Essas são algumas tarefas que os alunos da oficina de jornalismo comunitário, ministrada pela jornalista Rosália Fraga, podem realizar nas terças e sextas à tarde na Escola de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul, no bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre. Na região, já circula desde dezembro de 2022 o periódico "Fala Cohab" que tem como proposta "dar uma outra cara para o bairro por meio do noticiário produzido pelos próprios moradores", explica Rosália. Assim, a oficina, além de auxiliar na produção de pautas locais, aproxima as crianças e adolescentes da imprensa.
No quadro apoiado por um suporte de madeira ao fundo da sala de aula, estão listadas as pautas em pré-produção para as próximas semanas. Tópicos como gravidez na adolescência, coleta de lixo e ensaios da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina entram na produção. A rotina dessa pequena redação mirim é, aos poucos, ajustada, como comenta Rosália. Todas são pensadas a partir das inquietações e necessidades dos alunos na hora de falar sobre a região em que vivem.
"Não leio jornais impressos, vejo as notícias pelas redes sociais", responde Nathália Cruz, aluna do 9º ano da oficina. Essa é a realidade dos outros quatro alunos que estavam no curso quando a reportagem esteve no local. A informação, de acordo com eles, é consumida por meio de plataformas digitais como Tik Tok, Instagram e Twitter. Uma das reclamações comuns também, foi que as reportagens realizadas sobre a comunidade do Rubem Berta tinham tom que os deixava "tristes, porque só mostra a violência no bairro", reclama Nathália. "As pessoas têm preconceito com a Cohab", reitera. A estudante planeja cursar Arquitetura e Urbanismo e está entre as primeiras pessoas da família - quando terminar a etapa escolar - a ingressar no Ensino Superior.
A oficina de jornalismo comunitário, então os aproxima da notícia, que acaba não sendo um conhecimento de fácil acesso. A leitura de jornais, assim, não é óbvia. Um aluno comenta que, após a oficina, conseguiu até destacar as ilustrações do jornal vendido no bairro. Antes, não conseguia se orientar para achar as informações no impresso, já que a disposição de artigos, reportagens e notícias era considerada confusa.
Até a reportagem entrou na dinâmica da aula. Perguntas como "por que escolheu Jornalismo?" e "como é a rotina das redações?" foram realizadas pelos alunos. Até o momento, nenhum estudante se animou a seguir na profissão de comunicação, mas as respostas geraram debates sobre as condições do mercado de trabalho para os próximos anos. Hiago Souza, de 14 anos e aluno do 9º ano, quer cursar Artes Cênicas quando terminar o colégio.
Ele também faz parte da primeira geração de sua família a ingressar em curso superior. O aluno comenta que "as pessoas que não tão dentro da comunidade acabam tendo uma visão diferente do que ela é - em relação à violência e ao noticiário policial -, mas o 'Fala Cohab' mostra o outro lado do bairro construído pelos moradores".
A Escola Grande Oriente é parceira no projeto. Uma sala de aula com paredes bege foi cedida para Rosália ministrar a oficina. Isso ocorre porque, no colégio, há iniciativa de projetos de horta comunitária, oficina de cidadania e clube de mães com o propósito de geração de renda. "Todos os projetos são um ganho para a comunidade", afirma a diretora da escola Katian Thomé.
"Os alunos precisam de empoderamento e de perspectivas de vida", ela continua. O Rubem Berta é um bairro localizado na periferia de Porto Alegre e é considerado um dos mais violentos da cidade, estigma que pode afetar a autoestima de seus moradores. Uma das formas de combater isso, então, é a produção de notícias próprias sobre o bairro - entendendo que as pessoas que lá moram são extremamente qualificadas para pautar o seu cotidiano, quando ensinadas as ferramentas.
 

Jornal produzido por moradores está em sua terceira edição

Iniciativa aproxima crianças e adolescentes do trabalho da imprensa

Iniciativa aproxima crianças e adolescentes do trabalho da imprensa


/Isabelle Rieger/Especial/JC
Reuniões de pauta, entrevistas, fotografia. Essas são algumas tarefas que os alunos da oficina de Jornalismo Comunitário, ministrada pela jornalista Rosália Fraga, podem realizar nas terças e sextas à tarde, na Escola de Ensino Fundamental Grande Oriente do Rio Grande do Sul, no bairro Rubem Berta, zona Norte de Porto Alegre. Na região, já circula desde dezembro de 2022 o periódico "Fala Cohab", que tem como proposta "dar uma outra cara para o bairro por meio do noticiário produzido pelos próprios moradores", explica Rosália. Assim, a oficina, além de auxiliar na produção de pautas locais, aproxima as crianças e adolescentes da imprensa.
No quadro apoiado por um suporte de madeira ao fundo da sala de aula estão listadas as pautas em pré-produção para as próximas semanas. Tópicos como gravidez na adolescência, coleta de lixo e ensaios da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina entram na produção. A rotina dessa pequena redação mirim é, aos poucos, ajustada, como comenta Rosália. Todas são pensadas a partir das inquietações e necessidades dos alunos na hora de falar sobre a região em que vivem.
"Não leio jornais impressos, vejo as notícias pelas redes sociais", responde Nathália Cruz, aluna do 9º ano da oficina. Essa é a realidade dos outros quatro alunos que estavam no curso quando a reportagem esteve no local. A informação, de acordo com eles, é consumida por meio de plataformas digitais como Tik Tok, Instagram e Twitter. Uma das reclamações comuns também, foi que as reportagens realizadas sobre a comunidade do Rubem Berta tinham tom que os deixava "tristes, porque só mostra a violência no bairro", reclama Nathália. "As pessoas têm preconceito com a Cohab", reitera. A estudante planeja cursar Arquitetura e Urbanismo e estar entre as primeiras pessoas da família - quando terminar a etapa escolar - a ingressar no Ensino Superior.
A oficina de Jornalismo comunitário, então, os aproxima da notícia, que acaba não sendo um conhecimento de fácil acesso. A leitura de jornais, assim, não é óbvia. Um aluno comenta que, após a oficina, conseguiu até destacar as ilustrações do jornal vendido no bairro. Antes, não conseguia se orientar para achar as informações no impresso, já que a disposição de artigos, reportagens e notícias era considerada confusa.
Até a reportagem do JC entrou na dinâmica da aula. Perguntas como "por que escolheu Jornalismo?" e "como é a rotina das redações?" foram realizadas pelos alunos. Até o momento, nenhum estudante se animou a seguir na profissão de comunicação, mas as respostas geraram debates sobre as condições do mercado de trabalho para os próximos anos. Hiago Souza, de 14 anos e aluno do 9º ano, quer cursar Artes Cênicas quando terminar o colégio. Ele também faz parte da primeira geração de sua família a almejar ingressar em curso superior. O aluno comenta que "as pessoas que não tão dentro da comunidade acabam tendo uma visão diferente do que ela é - em relação à violência e ao noticiário policial -, mas o 'Fala Cohab' mostra o outro lado do bairro construído pelos moradores".
A Escola Grande Oriente é parceira no projeto. Uma sala de aula com paredes bege foi cedida para Rosália ministrar a oficina. Isso ocorre porque, no colégio, há iniciativa de projetos de horta comunitária, oficina de cidadania e clube de mães com o propósito de geração de renda. "Todos os projetos são um ganho para a comunidade", afirma a diretora da escola Katian Thomé. "Os alunos precisam de empoderamento e de perspectivas de vida", ela continua. O Rubem Berta é um bairro localizado na periferia de Porto Alegre e é considerado um dos mais violentos da cidade, estigma que pode afetar a autoestima de seus moradores. Uma das formas de combater isso, então, é a produção de notícias próprias sobre o bairro - entendendo que as pessoas que lá moram são extremamente qualificadas para pautar o seu cotidiano, quando ensinadas as ferramentas.