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Empresas & Negócios

Com a Palavra

- Publicada em 03 de Junho de 2023 às 15:00

Let's Bora aumenta o faturamento mudando vidas

Depois de um intercâmbio na África do Sul, Babi Braz abriu mão da carreira corporativa para empreender

Depois de um intercâmbio na África do Sul, Babi Braz abriu mão da carreira corporativa para empreender


/Babi Braz/ Arquivo Pessoal/ Divulgação/ JC
A Let's Bora nasceu no meio da pandemia de coronavírus, em 2020, justamente quando tudo parecia impossível - especialmente viajar- com um objetivo: transformar vidas a partir de experiências de intercâmbio. Três anos depois, com a volta gradual da normalidade, a empresa viu seu faturamento inicial aumentar 40 vezes, e o legado das viagens acessíveis e alternativas se espalhou para mais de 300 intercambistas.
A Let's Bora nasceu no meio da pandemia de coronavírus, em 2020, justamente quando tudo parecia impossível - especialmente viajar- com um objetivo: transformar vidas a partir de experiências de intercâmbio. Três anos depois, com a volta gradual da normalidade, a empresa viu seu faturamento inicial aumentar 40 vezes, e o legado das viagens acessíveis e alternativas se espalhou para mais de 300 intercambistas.
Segundo a fundadora e CEO da Lets, Babi Braz, a ideia de ter uma empresa de intercâmbio surgiu da experiência própria na África do Sul.  "Sempre que viajava, eu me sentia mais livre, mais capaz e sentia que uma nova porta se abria depois de cada viagem, como se algo na minha forma de ver o mundo mudasse", disse.
Atualmente, a Let's Bora é focada em intercâmbios de idiomas para países como África do Sul, Malta e México, mas o portfólio também inclui cursos com foco em negócios, carreira, curso superior e MBA. A CEO afirma que depois da pandemia, as pessoas sentiram que o "momento de viver é agora" e que os desafios econômicos fazem os clientes estarem abertos a escolhas alternativas que "cabem no bolso."
Para ela, os principais diferenciais da empresa estão em três pilares: "Destinos fora das rotas óbvias e mais procuradas; Programas customizados de acordo com o objetivo, perfis, momento de vida e até o budget de cada intercambista e transparência de preços e serviços exclusivos", listou Babi. 
Empresas & Negócios (E&N) - Como começou sua trajetória no empreendedorismo de viagens?
Babi Braz - Eu comecei a trabalhar muito cedo, ainda com 16 anos e construí toda a minha trajetória profissional atuando com Marketing e Comunicação para grandes empresas de varejo nacionais e globais. A minha relação com viagens começou por conta do trabalho e, durante alguns anos, todas as minhas viagens foram profissionais e com uma frequência bastante intensa. Sempre que viajava, eu me sentia mais livre, mais capaz e sentia que uma nova porta se abria depois de cada viagem, como se algo na minha forma de ver o mundo mudasse. Em 2019, depois de 10 anos de carreira corporativa, eu decidi repensar e ressignificar alguns caminhos, pois já não me sentia mais feliz e realizada naquelas mesmas estruturas. Foi quando decidi dar um break na vida profissional e fazer uma viagem de intercâmbio, o que para muita gente não fazia absolutamente nenhum sentido, porque eu já tinha quase 30 anos, tinha uma carreira reconhecida e era consideravelmente "bem sucedida".
E&N - Foi aí que nasceu a ideia da Let's Bora?
Babi - Sim. Quando decidi fazer intercâmbio, a África do Sul surgiu para mim como a melhor opção de custo-benefício para aprender Inglês. No entanto, nunca foi um destino considerado nas minhas viagens e também quase não havia promoção ou informações no mercado. Comecei a fazer pesquisas por conta própria, em pouco tempo me vi totalmente encantada com o país e em menos de um mês já estava embarcando. A Let's Bora nasceu a partir da minha experiência pessoal e da minha paixão pelo destino. Inicialmente, empreender não era um plano, apesar de sempre ter tido um perfil de liderança e comunicação, mas, quando cheguei à África do Sul, eu me vi absolutamente apaixonada pelo país, pela cultura, pelas pessoas, pela natureza e pelo estilo de vida. Nesta hora, percebi que precisava compartilhar e proporcionar essa experiência para mais pessoas, e assim, em agosto de 2020, nasceu a ideia da Let's Bora. Na época era como uma plataforma de experiências em viagens especializada na África do Sul. Hoje nos tornamos uma plataforma de transformação e aprendizado através de viagens e incluímos também Malta e México no nosso portfólio.
E&N - O que você acha que é tendência, hoje, neste ramo? Quais os desafios?
Babi - Acredito que uma das principais seja a mudança de faixa etária no intercâmbio. Se há algumas décadas o público era majoritariamente composto por adolescentes ou jovens adultos, hoje no Brasil mais de 30% dos intercambistas já são maiores de 35 anos, o que tem provocado também uma grande mudança na oferta e nas estruturas acadêmicas, assim como na experiência do intercâmbio de forma geral. Outras duas tendências que vale citar são a busca por destinos menos óbvios ou conhecidos e também por experiências que vão além da sala de aula. Por um lado, o consumidor pós-pandemia percebeu que a vida é agora e sente essa necessidade de vivê-la, experimentá-la e tirar projetos do papel. Por outro lado, a digitalização, que já acontecia, mas se tornou ainda mais ágil na pandemia, fez o consumidor tornar-se muito mais impaciente e imediatista. 
E&N- A realidade econômica é um problema?
Babi - Percebo que essa sede por viver e experimentar coisas novas, aliada ao "costume" com indicadores ruins no País, faz com que a questão econômica não seja uma barreira. Ao contrário, os viajantes estão muito mais abertos a destinos e roteiros alternativos, que lhes possibilitem realizar o sonho, de forma que caiba no bolso.
E&N - O que mais dá para dizer do perfil dos viajantes? 
Babi - Atualmente, nossos clientes são principalmente mulheres, entre 24 e 55 anos, mas o perfil não muda tanto de um destino para outro. Sinto que a decisão é muito pautada com base em objetivos, expectativas e momentos de vida. Malta é geralmente a escolha daquelas que têm o sonho de conhecer a Europa, mas buscam um bom custo beneficio, ou até mesmo daquelas que buscam um intercâmbio mais longo, com oportunidade de trabalho, por exemplo. África do Sul é o destino preferido de quem busca novas experiências, roteiros não óbvios, um pouco de aventura e um excelente custo benefício. O México, por sua vez, ainda é um destino sinônimo de férias para o brasileiro em geral, então o perfil aqui é geralmente de intercâmbios mais curtos, onde a experiência de viagem em si, em alguns casos, tem mais peso do que o aprendizado do Espanhol, por exemplo.
E&N - Quais são os principais diferenciais da Let's Bora?
Babi - Costumo listar três pilares principais: destinos fora das rotas óbvias e mais procuradas, programas customizados de acordo com o objetivo, perfis, momento de vida e até o budget de cada intercambista, e transparência de preços e serviços exclusivos. Esses pilares combinados fazem com que a experiência do atendimento à viagem, seja completamente diferente do que o mercado tradicional oferece. Além disso, o fato de termos um mercado consumidor majoritariamente feminino e uma empresa 100% formada por mulheres faz com que a relação entre marca e consumidor seja muito mais forte, confiável e duradoura.
E&N - Vocês começaram com muito investimento?
Babi - Começamos com um investimento extremamente baixo, na época foram em média R$ 5 mil divididos em 3x. Esse investimento foi usado para criação da marca, website e canais digitais, todo o restante do trabalho era feito por mim e pela minha sócia - que não está mais no time, mas foi parte essencial na consolidação e crescimento da Let's Bora. Em menos de três anos, nosso faturamento cresceu mais de 40 vezes, chegando à casa dos R$ 2 milhões transacionados em 2022. Além disso, já passamos a marca de 300 intercambistas, sendo que 20% já planeja ou embarca para o segundo intercâmbio conosco.
E&N- O time da empresa é composto por só por mulheres. Como isso impacta no modelo de negócios de vocês?
Babi - Totalmente! Depois de 10 anos no mercado corporativo, em grandes empresas majoritariamente lideradas por homens, eu vivenciei situações e desafios que não são hoje uma pauta na Let 's Bora. Ter um time 100% composto por mulheres faz com que tenhamos um ambiente muito mais aberto a trocas, colaboração, críticas e sugestões.