A Let's Bora nasceu no meio da pandemia de coronavírus, em 2020, justamente quando tudo parecia impossível - especialmente viajar- com um objetivo: transformar vidas a partir de experiências de intercâmbio. Três anos depois, com a volta gradual da normalidade, a empresa viu seu faturamento inicial aumentar 40 vezes, e o legado das viagens acessíveis e alternativas se espalhou para mais de 300 intercambistas.
Segundo a fundadora e CEO da Lets, Babi Braz, a ideia de ter uma empresa de intercâmbio surgiu da experiência própria na África do Sul. "Sempre que viajava, eu me sentia mais livre, mais capaz e sentia que uma nova porta se abria depois de cada viagem, como se algo na minha forma de ver o mundo mudasse", disse.
Atualmente, a Let's Bora é focada em intercâmbios de idiomas para países como África do Sul, Malta e México, mas o portfólio também inclui cursos com foco em negócios, carreira, curso superior e MBA. A CEO afirma que depois da pandemia, as pessoas sentiram que o "momento de viver é agora" e que os desafios econômicos fazem os clientes estarem abertos a escolhas alternativas que "cabem no bolso."
Para ela, os principais diferenciais da empresa estão em três pilares: "Destinos fora das rotas óbvias e mais procuradas; Programas customizados de acordo com o objetivo, perfis, momento de vida e até o budget de cada intercambista e transparência de preços e serviços exclusivos", listou Babi.
Empresas & Negócios (E&N) - Como começou sua trajetória no empreendedorismo de viagens?
Babi Braz - Eu comecei a trabalhar muito cedo, ainda com 16 anos e construí toda a minha trajetória profissional atuando com Marketing e Comunicação para grandes empresas de varejo nacionais e globais. A minha relação com viagens começou por conta do trabalho e, durante alguns anos, todas as minhas viagens foram profissionais e com uma frequência bastante intensa. Sempre que viajava, eu me sentia mais livre, mais capaz e sentia que uma nova porta se abria depois de cada viagem, como se algo na minha forma de ver o mundo mudasse. Em 2019, depois de 10 anos de carreira corporativa, eu decidi repensar e ressignificar alguns caminhos, pois já não me sentia mais feliz e realizada naquelas mesmas estruturas. Foi quando decidi dar um break na vida profissional e fazer uma viagem de intercâmbio, o que para muita gente não fazia absolutamente nenhum sentido, porque eu já tinha quase 30 anos, tinha uma carreira reconhecida e era consideravelmente "bem sucedida".
E&N - Foi aí que nasceu a ideia da Let's Bora?
Babi - Sim. Quando decidi fazer intercâmbio, a África do Sul surgiu para mim como a melhor opção de custo-benefício para aprender Inglês. No entanto, nunca foi um destino considerado nas minhas viagens e também quase não havia promoção ou informações no mercado. Comecei a fazer pesquisas por conta própria, em pouco tempo me vi totalmente encantada com o país e em menos de um mês já estava embarcando. A Let's Bora nasceu a partir da minha experiência pessoal e da minha paixão pelo destino. Inicialmente, empreender não era um plano, apesar de sempre ter tido um perfil de liderança e comunicação, mas, quando cheguei à África do Sul, eu me vi absolutamente apaixonada pelo país, pela cultura, pelas pessoas, pela natureza e pelo estilo de vida. Nesta hora, percebi que precisava compartilhar e proporcionar essa experiência para mais pessoas, e assim, em agosto de 2020, nasceu a ideia da Let's Bora. Na época era como uma plataforma de experiências em viagens especializada na África do Sul. Hoje nos tornamos uma plataforma de transformação e aprendizado através de viagens e incluímos também Malta e México no nosso portfólio.
E&N - O que você acha que é tendência, hoje, neste ramo? Quais os desafios?
Babi - Acredito que uma das principais seja a mudança de faixa etária no intercâmbio. Se há algumas décadas o público era majoritariamente composto por adolescentes ou jovens adultos, hoje no Brasil mais de 30% dos intercambistas já são maiores de 35 anos, o que tem provocado também uma grande mudança na oferta e nas estruturas acadêmicas, assim como na experiência do intercâmbio de forma geral. Outras duas tendências que vale citar são a busca por destinos menos óbvios ou conhecidos e também por experiências que vão além da sala de aula. Por um lado, o consumidor pós-pandemia percebeu que a vida é agora e sente essa necessidade de vivê-la, experimentá-la e tirar projetos do papel. Por outro lado, a digitalização, que já acontecia, mas se tornou ainda mais ágil na pandemia, fez o consumidor tornar-se muito mais impaciente e imediatista.
E&N- A realidade econômica é um problema?
Babi - Percebo que essa sede por viver e experimentar coisas novas, aliada ao "costume" com indicadores ruins no País, faz com que a questão econômica não seja uma barreira. Ao contrário, os viajantes estão muito mais abertos a destinos e roteiros alternativos, que lhes possibilitem realizar o sonho, de forma que caiba no bolso.
E&N - O que mais dá para dizer do perfil dos viajantes?
Babi - Atualmente, nossos clientes são principalmente mulheres, entre 24 e 55 anos, mas o perfil não muda tanto de um destino para outro. Sinto que a decisão é muito pautada com base em objetivos, expectativas e momentos de vida. Malta é geralmente a escolha daquelas que têm o sonho de conhecer a Europa, mas buscam um bom custo beneficio, ou até mesmo daquelas que buscam um intercâmbio mais longo, com oportunidade de trabalho, por exemplo. África do Sul é o destino preferido de quem busca novas experiências, roteiros não óbvios, um pouco de aventura e um excelente custo benefício. O México, por sua vez, ainda é um destino sinônimo de férias para o brasileiro em geral, então o perfil aqui é geralmente de intercâmbios mais curtos, onde a experiência de viagem em si, em alguns casos, tem mais peso do que o aprendizado do Espanhol, por exemplo.
E&N - Quais são os principais diferenciais da Let's Bora?
Babi - Costumo listar três pilares principais: destinos fora das rotas óbvias e mais procuradas, programas customizados de acordo com o objetivo, perfis, momento de vida e até o budget de cada intercambista, e transparência de preços e serviços exclusivos. Esses pilares combinados fazem com que a experiência do atendimento à viagem, seja completamente diferente do que o mercado tradicional oferece. Além disso, o fato de termos um mercado consumidor majoritariamente feminino e uma empresa 100% formada por mulheres faz com que a relação entre marca e consumidor seja muito mais forte, confiável e duradoura.
E&N - Vocês começaram com muito investimento?
Babi - Começamos com um investimento extremamente baixo, na época foram em média R$ 5 mil divididos em 3x. Esse investimento foi usado para criação da marca, website e canais digitais, todo o restante do trabalho era feito por mim e pela minha sócia - que não está mais no time, mas foi parte essencial na consolidação e crescimento da Let's Bora. Em menos de três anos, nosso faturamento cresceu mais de 40 vezes, chegando à casa dos R$ 2 milhões transacionados em 2022. Além disso, já passamos a marca de 300 intercambistas, sendo que 20% já planeja ou embarca para o segundo intercâmbio conosco.
E&N- O time da empresa é composto por só por mulheres. Como isso impacta no modelo de negócios de vocês?
Babi - Totalmente! Depois de 10 anos no mercado corporativo, em grandes empresas majoritariamente lideradas por homens, eu vivenciei situações e desafios que não são hoje uma pauta na Let 's Bora. Ter um time 100% composto por mulheres faz com que tenhamos um ambiente muito mais aberto a trocas, colaboração, críticas e sugestões.


Facebook
Google
Twitter