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Empresas & Negócios

Com a Palavra

- Publicada em 11 de Março de 2023 às 15:00

Grupo Press vai multiplicar negócios e lançar novas marcas em 2023

Carla aplica sua essência criativa para inovar e abrir mais operações de gastronomia e diversão

Carla aplica sua essência criativa para inovar e abrir mais operações de gastronomia e diversão


ISABELLE RIEGER/JC
Patrícia Comunello
A publicitária gaúcha Carla Tellini decidiu um dia largar a propaganda, para sorte do mundo da gastronomia e do entretenimento. Da primeira cafeteria que desembarcou no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, a Press Café, à confeitaria, a restaurantes que valorizam a culinária raiz (gaúcha e italiana) ao fast-food do xis que nasceu no interior gaúcho a outras novidades que estão saindo do forno em breve, Carla se transformou em uma criadora de negócios.
A publicitária gaúcha Carla Tellini decidiu um dia largar a propaganda, para sorte do mundo da gastronomia e do entretenimento. Da primeira cafeteria que desembarcou no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, a Press Café, à confeitaria, a restaurantes que valorizam a culinária raiz (gaúcha e italiana) ao fast-food do xis que nasceu no interior gaúcho a outras novidades que estão saindo do forno em breve, Carla se transformou em uma criadora de negócios.
"Empreender nas áreas de café, gastronomia e entretenimento foi consequência da minha vontade de inovar e expandir minha essência criativa", explica a CEO e head criativa do Grupo Press.
A cada nova operação, a pergunta é recorrente:
"Carla, o Press é uma rede?"
"Não, o Press não é rede, é um multimarcas", define a CEO.
Os próximos meses até 2024 serão movimentados: franquia do Ô Xiss e do Press - com isso, o grupo ultrapassará os limites da Capital -, novo formato (ou melhor, veículo) de venda de café e comidinhas e um projeto que unirá tudo num só lugar, mas que ainda é mega segredo.
Dos 20 anos no mercado, os quatro últimos foram os mais fartos em novas operações, que somam hoje 13, entre cafeterias, restaurantes, lancherias, confeitarias e fábrica para produzir de pães, massas a doces, entre tortas e folhados.   
Nesta entrevista, Carla recorda ainda o momento mais difícil da pandemia, quando demitiu metade do quadro. "Mas hoje todos que demitimos chorando estão recontratados", diz aliviada, com um sorriso no rosto, outra marca registrada da fundadora do Grupo Press.
Empresas & Negócios - Por que a publicitária decidiu entrar no mundo da gastronomia??
Carla Tellini - Acredito que empreender foi sempre uma consequência da minha vontade de fazer as coisas do jeito que acredito ser melhor, mais inovador/criativo, com mais qualidade e que me faça feliz. Foi assim quando, aos 26 anos, abri minha agência de propaganda, a TH, como sócia e diretora de criação. Naquele momento, já entendia que a publicidade daquele jeito óbvio e massificado era o caminho mais fácil, mas não o mais legal e com melhores resultados para os clientes. Empreender na área do café, da gastronomia e do entretenimento foi também uma consequência da minha vontade de inovar e expandir minha essência criativa. O primeiro Press Café estreou em 2002, com a simples ideia de finalmente poder beber um espresso de qualidade. Somos o grupo gastronômico mais premiado do Sul do Brasil e líder de mercado. É uma responsabilidade enorme, mas ao mesmo tempo um grande motivo de orgulho e, em muitos momentos, de diversão.
E&N - No princípio, era só o café. Como foram surgindo as outras vertentes?
Carla - Abri o primeiro café no Moinhos, dois anos depois veio o do Praia de Belas Shopping. Não havia problema para a cafeteria crescer como rede. Mas quando veio a demanda do restaurante, queria fazer algo diferente e não apenas para ocupar um casarão antigo, sushi ou bistrô, que eram os modelos na moda na época. Queria fazer algo mais moderno, descolado. O Press da Hilário já nasceu com esta ideia - e olha, que levamos um ano atrás de um ponto que não fosse uma casa antiga (risos). Por muito tempo, restaurantes em Porto Alegre surgiam em imóveis que foram residenciais. O ponto do Press tinha sido imobiliária. Fomos atrás com o projeto e estamos desde 2006 no espaço. Levamos ao cardápio picadinho, arroz e feijão e outros pratos mais modernos. Ele abriu e tinha fila para entrar. Quando abriu, as pessoas ficaram encantadas porque era bem diferente do que tinha em Porto Alegre. O BarraShoppingSul estava começando a ser projetado, e dos diretores conheceu a operação e começou a provocar que tínhamos de estar lá. Mas a minha decisão era de não ter filial. Conheci o projeto do shopping e disse que só aceito continuar a conversar no ponto que a gente queria e que aceitem que faça uma operação completamente inédita em Porto Alegre. Sei o que a cidade precisa. Também não queria crescer como rede de restaurantes, mas como multimarcas. Por que vou abrir mais frentes (rede) e esvaziar a possibilidade de eu mesma criar novidade? Por isso, o grupo Press é multimarcas de gastronomia e diversão. Diferentemente do café e do Ô Xiss que são menores e dependem de mais unidades.             
E&N - Hoje não colocar experiência no cardápio de um negócio é ficar fora do mercado. Mas o Press já vinha com isso há muito tempo?
Carla - Os menus degustação harmonizados e grandes jantares com seis a sete passos harmonizados, música mais alta e luz dia e noite começamos a fazer no Press da Hilário, quando ninguém fala disso. Isso é gastronomia e diversão. Numa festa, o que mais agrai é dizer que ilhas de comida e bebidas.  
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E&N - Quando tu olhaste a planta do BarraShoppingSul, já sabia o que ia fazer?
Carla - Na minha cabeça, já fervilhavam ideias. Uma situação que me deixava aflita era quando alguém vinha a Porto Alegre, e o melhor restaurante da cidade era de cozinha tailandesa. Era um absurdo e isso mostrava como estávamos anos luz atrasados. Ninguém olhava para a cozinha do Rio Grande do Sul. O Bah abriu com esta proposta. Era um lugar gigante, de frente para o Guaíba, podíamos montar algo muito bonito, na porta de entrada e um local com segurança. Era um investimento grande e bancamos.
E&N - Como o grupo custeia os investimentos?
Carla - A maior parte é com recursos próprios. A Cantina do Press teve linha de financiamento do Badesul, pelo Fungetur. Empresas sólidas e bem resolvidas conseguem acessar crédito de longo prazo. A cantina abriu em 2019 e envolveu R$ 5 milhões. O Bah teve aporte de R$ 4 milhões, mas em valores de 2008. Na época, o mercado estava aquecido, com muita demanda por serviços para montar as operações que iam abrir no BarraShoppingSul.
E&N - Qual foi a inspiração para montar a Cantina do Press?
Carla - Achava que Porto Alegre precisava de um restaurante verdadeiramente italiano que não fosse cozinha da Serra, e não estou rebaixando. A cozinha da Serra é a cozinha da Serra. Galeto, macarrão ao molho ao sugo com temperinhos e sagu não são italianos. Queria fazer cozinha italiana e não óbvia. Montamos um cardápio com pratos clássicos, como o Agnolotti del Plin, tradicional da região italiana do Piemonte. O Iguatemi queria uma operação nossa e tinha entendido a proposta do novo restaurante. A cantina, com 600 metros quadrados, é a segundo maior casa do grupo, perde apenas para o Bah, que tem 900 metros quadrados. 
E&N - Por que adotar no nome a identidade do grupo?
Carla - O restaurante do Iguatemi ia se chamar Tellini (família), mas aí teríamos de explicar por que a escolha. Decidi que seria Cantina do Press, para ter familiaridade com a marca do grupo. A operação do Press do Cais tem identidade própria. Também colocamos um "s" a mais em algumas marcas, como a Presstisserie e o Ô Xiss. Não há uma obrigação. Quando achamos que fica bem, inserimos.   
E&N - Falando em Ô Xiss, como foi entrar no mundo do fast-food?
Carla - Tudo é minha inquietação. Quando surgiu a ideia, abria uma hamburgueria em cada esquina da capital. Era incrível! As pessoas esquecem que temos um lanche (xis) que é muito melhor que o hamburguer. O hamburguer é só hamburguer, e o xis tem opções calabresa, coração de galinha, salada. Estrangeiros vêm para cá, experimentam e acham maravilhoso o lanche. Ou seja, o xis pode ir para o mundo inteiro. Tenho esta pretensão.
E&N - E a lancheria tem de ser mais popular ou mais sofisticada, porque a origem do xis são aqueles quiosques de Santa Maria....
Carla - A capital do xis é Santa Maria (risos). As hamburguerias foram roots, depois passaram a ser rede e depois voltaram a ser roots, mas mascaradas. O Ô Xiss não quer ser gourmet, mas caprichamos nos ingredientes e no jeito de fazer.
E&N - Vão ser abertos novos pontos?
Carla - Em Porto Alegre, vamos abrir drive-thru na avenida Ipiranga e na região das avenidas Antônio de Carvalho e Protásio Alves, onde já tem outras operações de alimentação e tem uma comunidade forte no entorno. Teremos ponto também no Aeroporto Salgado Filho. O próximo Ô Xiss a abrir fica na rua Fernandes Vieira, no Bom Fim, no fim de março. 
E&N - Quando vai entrar com franquia?
Carla - Vamos ter operações com franqueados e outras próprias, como as atuais. Vamos lançar o projeto de franquia em abril para levar a nossa marca a outras cidades do Rio Grande do Sul. Já tem muita gente nos pedindo. Vamos começar a seleção com apoio de uma empresa carioca de seleção. Ficamos dois anos na pandemia estruturando a formatação de franquia e todos os níveis de investimento, desde contêiner à loja de shopping (até cem metros quadrados) e de rua, com mesa na calçada. Já definimos valores: R$ 180 mil a R$ 1 milhão com obra e tudo que precisa. A taxa de franquia será de R$ 70 mil. Queremos chegar este ano às principais cidades gaúchas, como Novo Hamburgo, Canoas, Santa Maria e Gramado, que deve ser operação própria. Uma coisa que será fundamental quando formos para fora do Estado é que as pessoas achem que o xis é melhor que hamburguer. As pessoas têm de adorar o lanche saberem o que é e querer ter na cidade. Isso é fundamental. 
E&N - Vai ter franquia em outros braços do grupo?
Carla - Como o Press Café, já começamos a preparar para expansão e ser franquia em 2024. Estamos fazendo ajustes no cardápio próprio para formatar a expansão. Um exemplo é a mil folhas: como vamos fazer a logística para poder ter o folheado. Mas a ideia é levar em caminhões refrigerados. Temos pedidos há décadas pelas redes sociais para levar o cafeteria a outras cidades. O Iguatemi já nos pediu para abrir no Rio. A Multiplan também nos quer no Village Mall. Faltam cafeterias com menu mais elaborado e com domínio da elaboração do café. A ideia é ir para cidades maiores e fora do Estado.   
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E&N - E vai precisar de investidor para esta expansão?
Carla - Investidores vêm até nós há anos para comprar parte do capital ou bancar expansão. Nos novos formatos do Ô Xiss e do Press, é viável ter um fundo que cubra os projetos, como já vimos em outras marcas como Coco Bambu, Madero e a Companhia Tradicional do Comércio, em São Paulo. As duas operações já são empresas separadas. O Press tem pois estará conectada a outra novidade que vamos lançar no South Summit, em fim de março. 
E&N - O que vai ser?
Carla - Teremos em março o lançamento da nova marca e operação do grupo chamada Press to Go. Serão lojas autônomas no sistema vending machine. O equipamento é importado da Espanha e foi totalmente adaptado para servir pratos emblemáticos, saladas, doces e cafés do Press. A ideia é que estejam em universidades, escolas, condomínios e hospitais, por exemplo, sendo abastecidas diariamente através da nossa central de produção na Fábrica do Press, inaugurada em meado de 2022 no Quarto Distrito.
E&N - Há mais planos para o Quarto Distrito?
Carla - Estamos preparando uma super operação inédita do Grupo Press unindo gastronomia e entretenimento que será lançada este semestre e está programada para inaugurar em 2024. O projeto conta com parceiros e o local e mais detalhes ainda estão em sigilo.
E&N - Qual é o potencial que a região oferece? 
Carla - É uma região perto do centro, um hub para tudo quanto é lugar e um super lugar para moradia. Meu medo é que se comece a fazer construções sem se manter o perfil, descaracterizando. A maioria dos prédios não é tombada e muitos têm fachadas lindas, com arquitetura diferenciada e podem ser aproveitados. O 4º Distrito poderia ter centenas de projetos de economia criativa - ateliers, cervejarias etc -, e não só moradias. 
E&N - Como foi o resultado do grupo em 2022?
Carla - Fechamos o ano passado com receita de R$ 57 milhões, alta de 40% em relação a 2021, que somou R$ 41 milhões. Todas as operações que existiam pré-pandemia tiveram desempenho acima de 2019, ano que faturamos R$ 38 milhões.
E&N - Quais foram as lições da pandemia?
Carla - O que mudou para todo mundo é que nunca imaginávamos que isso (pandemia) poderia acontecer. O que foi assustador. Tu pode até errar, fechar, falir, mas não vai imaginar que deveria faturar R$ 3,6 milhões em um mês e, de uma hora para outra, a receita cai a R$ 600 mil porque só restou o delivery. O passivo foi bem administrado. Não buscamos financiamento para cobrir o rombo, pois usamos recursos do caixa próprio. Mas um momento foi bem importante: em abril de 2020, decidi que íamos demitir 50% dos funcionários. Na época, eram 150 pessoas das 300 do quadro. Foi muito triste, bem difícil. Mas hoje todos que demitimos chorando estão recontratados. Em 2021, recomeçamos a chamar as pessoas. Hoje são 360 funcionários.. 
E&N - Quais foram as lições da pandemia?
Carla - O que mudou para todo mundo é que nunca imaginava que isso poderia acontecer. Isso é assustador. Tu pode até errar, fechar, falir, mas não vai imaginar que deveria faturar R$ 3,6 milhões e de uma hora para outra a receita cai a R$ 600 mil porque só restou o delivery. O passivo foi bem administrado. Não buscamos financiamento para cobrir o rombo da pandemia, mas usamos recursos de caixa próprio. Mas um momento foi bem importante: em abril de 2020, decidi que íamos demitir 50% dos funcionários. Na época, eram 170 pessoas. Mantive todos os chefs de cozinha, gerentes e coordenadores. Depois, metade trouxe de volta. Isso foi decidido em uma reunião com o time estratégico na qual avisei: "Essa crise não vai se resolver em dois e nem em quatro meses". Pedi avaliação dos líderes com seus times. Não contratamos quem estava em experiência e levamos em conta quem tinha mais tempo de casa e família. Foi muito triste, foi bem difícil. Mas hoje todos que demitimos chorando estão recontratados. Em 2021, recomeçamos a chamar as pessoas. Hoje são 330 funcionários. 
E&N - A gastronomia já voltou com tudo?
Carla - Sim, voltou! As pessoas têm uma ânsia de comer fora e se divertir, ver gente. Quando teve o ensaio de recrudescimento da pandemia, no começo de 2022, voltamos a usar máscara. O medo de que volte ficou. Hoje todos os nossos contratos têm cláusulas dizendo que não vamos ter penalização se romper por motivo externo à operação, como uma pandemia. 
E&N - Como tu avalia o perfil de negócios na área?
Carla - A gente vê muita coisa fechando. A máxima que 70% fecham em três anos, na gastronomia é mais. È um setor que precisa ser muito profissionalizado. Há alguns anos tinha mais informalidade e sonegação, aí era fácil manter. É difícil fazer comida boa e atender bem e ainda sobrar dinheiro. Não é fácil.
E&N - Por que o Press Café saiu do Shopping Praia de Belas?
Carla - O Press saiu porque o shopping está passando por uma série de reestruturações. A loja era muito antiga e precisaríamos fazer um investimento muito alto e não sabíamos ainda se ficaríamos no ponto ou em outro lugar. Estávamos desde 2004 no empreendimento. O valor que pagávamos estava de acordo com o que faturávamos. Para fazer uma nova operação, teríamos de investir. E o fluxo de pessoas  dependia muito do entorno e mudou. Apostamos que vai ter novidade no Praia e vamos voltar em outra condição e em outro momento. Sempre fomos muito bem cuidados pela gestão. Não teve briga na saída. A decisão foi: vamos zerar e, talvez, a gente volte para um ponto novo. Com certeza, a gente volta! 
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