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Empresas & Negócios

Com a Palavra

- Publicada em 18 de Março de 2023 às 15:00

Usaflex aposta na digitalização para ampliar o público

Executivo diz que um dos objetivos da empresa é chegar a 36 mil pares de calçados pelos próximos dois anos

Executivo diz que um dos objetivos da empresa é chegar a 36 mil pares de calçados pelos próximos dois anos


USAFLEX/DIVULGAÇÃO/JC
Com sapatos de design mais arrojados, sem perder a característica do conforto, as vitrines da fabricante gaúcha de calçados Usaflex sinalizam as mudanças implementadas pelo executivo Sérgio Bocayuva desde que assumiu a companhia, há quase sete anos. O processo de rejuvenescimento da clientela começou com o aceleramento da digitalização, provocado pela pandemia, e também a ampliação da presença da marca no Exterior.
Com sapatos de design mais arrojados, sem perder a característica do conforto, as vitrines da fabricante gaúcha de calçados Usaflex sinalizam as mudanças implementadas pelo executivo Sérgio Bocayuva desde que assumiu a companhia, há quase sete anos. O processo de rejuvenescimento da clientela começou com o aceleramento da digitalização, provocado pela pandemia, e também a ampliação da presença da marca no Exterior.
Empresas & Negócios - Como o senhor avalia o desempenho da marca em 2022?
Sérgio Bocayuva - Fechamos 2022 com um faturamento de R$ 520 milhões, e projetamos chegar a R$ 650 milhões neste ano. Nossos resultados são sempre baseados em dois pilares importantes: gente e inovação. A maior prova de que sabemos fazer uma boa gestão de pessoas é que somos uma empresa que temos 67% do quadro são mulheres. Quando eu comprei a companhia, a representatividade de liderança era abaixo de 27%, e projetamos a chegar a 50% até 2025. Mas prevejo a antecipação desta meta, visto que já chegamos com 42% do quadro de lideranças femininas. E não é à toa que somos a única empresa com o selo Great Place To Work ranqueada, há outras empresas aqui certificadas, mas não ranqueadas. Somos, há seis anos, empresas com melhores práticas para se trabalhar e com destaque nacional. Para se gerar lucro, é preciso tratar bem os colaboradores. Assim, neste último ano, investimos em reformas de todos os refeitórios, climatização de 100% do parque fabril, renovamos toda a frota de ônibus, temos uma série de serviços de apoio à faculdade, escola, realmente pensamos no colaborador como um indivíduo único.
E&N - Que legados a pandemia deixou para a Usaflex?
Bocayuva - A empresa continua em crescimento acelerado, principalmente pelo digital, que foi criado em 2019 e tinha uma proposta muito modesta. Mas, com a pandemia, acabamos sendo obrigados a acelerar o processo de forma acentuada. Trouxe profissionais qualificados, botei uma estrutura, fiz um investimento de R$ 100 milhões. O que era previsto em resultados para cinco anos, nós atingimos em dois anos. E ele vem crescendo fortemente, representa em torno de 15% do faturamento da companhia em 2022. O que muitas lojas levaram mais de 10 anos para atingir, nós atingimos em um ano e meio o que a maioria leva. Conseguimos isso com muito foco, muita determinação e uma estrutura ágil.
E&N - E quais foram as novidades implementadas em termos digitais?
Bocayuva - Estamos no ecossistema do ominchannel, que já transaciona por 80% das lojas da rede. Ou seja, nós temos todas as ferramentas: pick-up-store (para pegar mercadoria na loja), ship-from-store (quando a loja entrega para o cliente), prateleira infinita (na qual o lojista tem acesso a todo o estoque) e tem a vitrine infinita (o franqueado coloca a ponta de estoque pro nosso site). A ferramenta funciona com muito sucesso, uma aderência enorme, trazendo o cliente para o centro da decisão. Já temos 10% das vendas em sistema no qual o cliente compra e pode receber em até duas horas, dependendo do local da loja, ou na pior das hipóteses, no dia seguinte.
E&N - Como o senhor classifica o desempenho da companhia em relação às exportações?
Bocayuva - Temos como objetivo ficar com apenas 10% na participação de vendas ao mercado externo. Como estamos projetando uma possível abertura de capital, tememos que uma retração no mercado de câmbio prejudique a operação. Compramos o ativo há seis anos e, a partir deste ano nós, teoricamente, já podemos abrir. Isso não é uma obrigação, que fique bem claro, dependerá das condições de mercado, dos resultados e de uma série de fatores. Tínhamos a preocupação na comparação com outras marcas, que têm uma participação relevante no mercado externo composta por privet label (pois produzem pra terceiros), o que não é o nosso caso. Nós não produzimos para ninguém e viemos, no decorrer do tempo, abrindo muitas lojas no exterior. Unidades iguais às franquias do Brasil, só que lá fora, por uma questão jurídica, elas são licenciadas.
E&N - Há expectativa de aumentar este número nos próximos anos?
Bocayuva - Estamos em toda América Latina, Oriente Médio, Europa, Estados Unidos. Nós, realmente, temos uma participação bem acelerada lá fora. Terminamos 2022 com 23 lojas e neste ano devemos chegar a 40 lojas e 100 lojas até 2025. Tenho lojas lá fora que vendem mais em volume do que as daqui. Isso mostra que o nosso produto é muito competitivo e a tendência é de que a escolha pelo conforto é mundial. Como sempre digo, quando a mulher coloca no pé o nosso produto ela não tira nunca mais. E essa foi o argumento para a nossa tese de investimento. A gente só compra ativos quando se tem um diferencial competitivo, com escala orgânica, sem dependência de comprar em outra empresa. Nesse sentido, viemos percebendo que o mercado internacional e os possíveis investidores potenciais da marca demonstram muito interesse por esse sucesso de exposição da marca no Exterior. Isso acaba ampliando o mercado interessado de maneira absurda.
E&N - Qual é a importância do canal de franquias para a companhia?
Bocayuva - O canal de franquias, que é o meu DNA e foi criado do zero, chega esse ano com 275 lojas e deve chegar a 350 lojas no ano que vem (completando a nossa presença em todos os estados brasileiros). Este era exatamente o nosso target para sete anos. É por meio das franquias que eu consigo capturar dados e levar a experiência plena do que a gente vem fazendo em marketing para o ponto de venda. Eu domino este canal, que é muito estratégico para a Usaflex. Sempre foi, desde a nossa decisão de investimento na companhia. E estamos presentes em 7 mil pontos de vendas multimarcas no Brasil e no Exterior estamos em 1,2 mil pontos de venda, fora as lojas próprias.
E&N - A presença nas lojas multimarcas ainda tem relevância?
Bocayuva - Quando a gente comprou a companhia, a presença em lojas multimarcas representava 80% da empresa. Hoje ela representa menos 55%, e aí, obviamente, com a abertura de franquias, o avanço da exportação e do digital, ela vai representar em torno de 40%-45% nos próximos dois anos. Não que eu vá perder clientes nas multimarcas, mas os outros canais vão crescendo de maneira relativa por onde nós temos muito mais oportunidades de crescimento. Assim, o canal passa a ter uma menos participação no desempenho da empresa, mas não será deixado de lado.
E&N - De que forma vem ocorrendo esta renovação do público?
Bocayuva - A gente cada vez mais está entrando com estilo em design, mantendo o pilar de conforto e usando basicamente o canal de franquias para capturar esse público mais jovem. Para você ter uma ideia, quase 70% do meu público quando comprei a usaflex era composto por mulheres acima de 40 anos, hoje está em torno de 52%. Além disso, 80% da minha compra digital está em uma média de 36 anos. Eu consigo levar este público para a loja através da omnicanalidade, pois quando o cliente vai retirar o produto no local, isso é um convite para conhecer a loja. E essa é a importância do projeto digital, que serve para capturar esse público mais jovem, testar mercado com produtos mais estilosos, mas sempre mantendo esse pilar de conforto.
E&N - Quais são os próximos passsos?
Bocayuva - Estamos ampliando a nossa unidade fabril de Igrejinha, onde temos uma produção de 28 mil a 30 mil pares por dia e pretendemos chegar a 36 mil pares pelos próximos dois anos. Acabo a primeira fase em março, com um pavilhão de 6 mil metros quadrados, e o segundo pavilhão está previsto para o meio de 2024, com mais de mais de 3 mil metros quadrados numa área de 22 mil metros quadrados. Para isso, investimos R$ 36 milhões.