Fundada em 1984 por Sílvia Carneiro, a Escola Amigos do Verde surgiu com a missão de desenvolver uma abordagem pedagógica baseada não apenas nas áreas cognitivas, mas também no afetivo. Além disso, tinha outra proposta inovadora: discutir ecologia e oferecer uma alimentação naturalista. Silvia queria proporcionar aos próprios filhos, Fred e Luna - hoje diretora geral da escola -, uma educação mais livre, que não os aprisionasse em moldes convencionais, o que, na época, não existia em Porto Alegre. A instituição oferecia, inicialmente, apenas a educação infantil, mas passou a contar também o ensino fundamental até o quinto ano (antiga quarta série) a partir de 1989.
São ofertadas aos alunos aulas mais tradicionais que envolvem alfabetização, raciocínio lógico matemático e ciências, mas o currículo também inclui aulas diferenciadas que variam de acordo com a faixa etária. Os alunos da educação infantil também têm aulas de educação física, música e agroecologia. Já no ensino fundamental, além de todas essas, ainda se tem aulas de inglês e yoga. É importante destacar também que as refeições são oferecidas pela instituição e são baseadas em uma dieta naturalista, com alimentos integrais e sem carne vermelha - e os cardápios são pensados uma vez por mês com ajuda das turmas de ensino fundamental.
Da mesma forma que as atividades desenvolvidas se destacam como o diferencial da escola, o ambiente também chama atenção. Apesar de cada turma ter a sua sala de aula, se trabalha muito com as crianças ao ar livre. A Escola Amigos do Verde é rodeada por natureza, com árvores que cercam todo o ambiente externo e com animais como galinhas, coelhos e tartarugas que permitem essa conexão dos alunos com o meio ambiente.
É justamente nessa relação com o ambiente externo e com a natureza que começa a se desenvolver o ensino de ecologia para as crianças menores. "A gente vive muito isso na nossa prática", reflete Taís Russo, a coordenadora pedagógica da escola. Ela explica que esse "autoecoconhecimento", como elas chamam, evolui naturalmente das tarefas do cotidiano. Os alunos são incentivados a utilizar materiais como gravetos para suas brincadeiras e também são usadas tintas naturais com as crianças menores. Além disso, eles têm a tarefa de levar os restos do lanche para a composteira, e a escola faz a separação do lixo.
Para a Amigos do Verde, o período da pandemia de Covid-19 foi especialmente desafiador. Acostumados com um ensino mais humano e conectado com os alunos, migrar para o ambiente digital fez com que muitos dos pilares da escola se perdessem temporariamente. Taís explica que a educação feita por eles não acontece em qualquer ambiente, é preciso, por exemplo, esse ambiente ao ar livre. Mesmo assim tentaram manter o contato próximo com cada um individualmente, deixando um tempo reservado para que as crianças pudessem expor suas emoções e preocupações a respeito daquele período.
O plano pedagógico é revisitado anualmente, sendo pautado nos objetivos que a coordenação ainda deseja concretizar e nos projetos que ainda precisam ser amadurecidos. "A gente diz que a escola é um organismo vivo e como organismo vivo ela tá sempre se modificando", explica a diretora pedagógica. Os assuntos que permanecem constantes nas propostas da Amigos do Verde são as questões ecológicas e de sustentabilidade, além da integração das crianças com a sociedade e com o próprio planeta. Para mais, nos últimos dois anos a escola tem voltado o olhar para as questões de diversidade e inclusão buscando aperfeiçoar a forma de colocar esses assuntos em discussão com as crianças.
O ingresso na escola começa com uma visita virtual feita com os pais para apresentar o ambiente e tirar dúvidas - depois também ocorre a visita presencialmente. Além da entrega da documentação e do pagamento, ainda é necessária uma entrevista com a família. De acordo com a coordenadora, o objetivo é conhecer a família e suas necessidades, e descobrir um pouco sobre a criança que será matriculada pela perspectiva familiar.


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