O programa Primeira Infância Melhor (PIM)/Criança Feliz vem realizando ações na comunidade quilombola do município de Canoas (RS). Com o objetivo de integrar e fortalecer o atendimento intersetorial das políticas de saúde da população, as secretarias municipais de Saúde, Cidadania e Educação levaram o projeto para o Quilombo Chácara das Rosas.
O PIM é uma iniciativa do Estado do Rio Grande do Sul, implantado já há 19 anos em Canoas, com o principal objetivo de promover o desenvolvimento integral na primeira infância (crianças de zero a quatro anos), bem como das gestantes que estejam em situação de vulnerabilidade social.
Já o projeto Criança Feliz é uma iniciativa do governo federal. Em função de suas semelhanças e objetivos comuns com o PIM, no ano de 2018 foi proposta a unificação dos dois projetos.
O programa realiza as suas ações por meio de "visitadores", estagiários de nível superior, contratados pelo município. No momento, a ação conta com estudantes dos cursos de Serviço Social, Psicologia, Enfermagem, Pedagogia e Nutrição.
As atividades são realizadas tanto com crianças e gestantes inscritas, quanto com suas famílias. Com as grávidas é feito um acompanhamento inicial para verificar questões de saúde da mulher, da gestação e relacionadas ao parto, amamentação e importância das vacinas infantis.
"Fazemos isso para ver o que essa família pensa sobre essas questões, porque tanto o PIM quanto o Criança Feliz, nas suas diretrizes, trazem a questão do respeito à cultura da família. Cada família tem uma forma cultural, uma forma de ver as coisas, e isso deve ser respeitado pelo visitador", explica Vanessa Rehermann, assistente social e coordenadora do PIM.
Já com as crianças inscritas, o programa busca fazer uso de atividades de cunho mais lúdico, propostas de acordo com a faixa etária de cada uma. Para os bebês, procura-se envolver também os pais e outros familiares, com o intuito de integrar a criança e o núcleo familiar. Dentre as atividades também é proposta a construção de brinquedos e de brincadeiras, usando materiais que as próprias famílias tenham em casa. "A nossa expectativa é que alcancemos, a curto prazo, um aumento da qualidade de vida dessas crianças e dessas gestantes", comenta Vanessa. "Também esperamos conseguir reverter o quadro de baixa vacinação no município, porque a partir do momento em que o programa acompanha uma família, ele está inserido naquela comunidade, então, a informação que se leva para uma família vai se disseminar também pelas outras", completa.
Ações buscam integração para além das famílias inscritas
Atualmente, o PIM/Criança Feliz possui 187 famílias inscritas no, destas, quatro crianças e uma gestante são pertencentes ao Quilombo Chácara das Rosas. Toda a semana é agendado um encontro de cada uma dessas famílias com os seus respectivos visitadores, com o intuito de trabalhar individualmente o desenvolvimento daquela criança. Além disso, uma vez por semana, no período da tarde, os visitadores propõem atividades em conjunto, para todas as crianças do quilombo, independente de idade ou de serem inscritas no programa. São realizadas atividades lúdicas culturais que buscam trabalhar a interação entre as crianças, além do resgate de questões do brincar e da própria cultura do quilombo.
Apesar de seus objetivos serem voltados para a primeira infância, o PIM/Criança Feliz também busca assistir à comunidade quilombola num todo. Nas primeiras visitações foram atualizados 14 cadastros do CadÚnico, instrumento que busca identificar todas as famílias de baixa renda existentes no País para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda. "Nós sempre buscamos articular e integrar as ações já existentes no município voltadas para as comunidades tradicionais. É um trabalho para além da entrada de um programa dentro do Quilombo, é a articulação de muitas políticas, de muitos programas, para que essa comunidade seja assistida como preconiza a legislação", declara Vanessa Rehermann.
"Entendemos que, para a criança ter um desenvolvimento integral, que é o nosso objetivo principal, toda a família e comunidade precisa ter esse desenvolvimento", completa a coordenadora.


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