Quem costuma andar à noite pelas ruas de Porto Alegre, especialmente em bairros boêmios, como a Cidade Baixa, percebe uma efervescência que parecia não existir mais. Filas que se estendem pelo quarteirão (ou até mais) são comuns na frente de bares e casas noturnas.
As baladas voltaram, para a felicidade de um público sedento por diversão, que sentia saudades de dançar até o sol raiar. E, claro, para a satisfação dos proprietários dos estabelecimentos, que penaram para manter seus negócios durante o período mais crítico da pandemia
Completamente fechados em um primeiro momento, os estabelecimentos que resistiram acumularam dívidas, perderam funcionários e tiveram que se adaptar a outros formatos quando as flexibilizações nas normas sanitárias viabilizaram alguma atividade. Hoje, esses sobreviventes ainda sentem dificuldades para voltar ao status pré-coronavírus, mas já respiram aliviados por saber que, pelo menos, conseguem chegar ao fim do mês com recursos suficientes para pagar as contas.
E esse sentimento não é só dos proprietários. Além deles, milhares de trabalhadores têm nessa atividade seu principal sustento. De acordo com um levantamento do grupo de empresários Live Marketing RS, o setor de entretenimento é responsável por gerar mais de 50 mil empregos diretos e indiretos no Estado, com faturamento de R$ 20 bilhões, cerca de 5% do PIB gaúcho.
Na Capital, conforme dados do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), existem pouco mais de 100 casas e bares noturnos, número semelhante ao que havia no ano passado. Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que muitos negócios abriram falência, outros iniciaram suas operações.
Após todos os percalços enfrentados no auge da pandemia, o presidente da entidade, Paulo Geremia, acredita que o momento é positivo para os empresários do setor. "O público estava com saudades de um entretenimento coletivo, de aproximação e descontração numa mesa de bar, ouvir música, apreciar artistas e dançar. Já estamos vivendo um período de ver casas lotadas", comemora.
Mesmo assim, o dirigente entende que a gestão dos estabelecimentos ainda é "delicada". "Não tem como, muitas vezes, voltar com a equipe que tinha antes, pois houve aumento de insumos e passivos vindos do período da pandemia. É preciso maestria para se manter saudável."
Maestria e bastante perseverança. Nesta reportagem, os donos de algumas das principais casas noturnas de Porto Alegre falam sobre como superaram perdas financeiras - e até mesmo pessoais - para seguir na ativa e trazer um pouco de alegria para os amantes da vida noturna.