Eduardo Torres, especial para o JC*
Depois de um hiato de dois anos em função das restrições necessárias para conter a expansão da pandemia de Covid-19, a Construsul, maior feira da construção e arquitetura do sul do Brasil, retorna a Porto Alegre com expectativa de mais de 30 mil visitantes e até R$ 2 bilhões projetados em negócios. Quem percorrer os pavilhões da Fiergs encontrará o que há de mais atual no segmento, com produtos, serviços e iniciativas que estão transformando os canteiros de obras.
"A Construsul é um momento de troca de conhecimentos de forma presencial. Por mais que tenhamos cada vez mais informações e avanços digitais, é diferente ter contato direto entre todos os setores da cadeia produtiva da construção", avalia a presidente do Sindicato das Indústrias da Construção - Novo Hamburgo (Sinduscon-NH), Anelise Luvizon.
A entidade organizará um dos eventos paralelos da Construsul, o Seminário de Inovação e Tecnologia na Construção Civil, que contará, no dia de abertura do evento, com dois ciclos de palestras direcionados à aplicação da tecnologia à realidade da construção. A estimativa é de que a feira conte, assim como na última edição, com pelo menos 90 horas de encontros, seminários e eventos paralelos entre os pavilhões da Fiergs.
De acordo com os organizadores, a maior parte dessas horas, além da circulação normal pelos corredores e estandes da feira, ficará por conta das quase 50 entidades apoiadoras. São elas que desembarcam na Fiergs com delegações e grupos dispostos a formalizarem novos negócios em encontros com outros atores deste mercado.
A entidade organizará um dos eventos paralelos da Construsul, o Seminário de Inovação e Tecnologia na Construção Civil, que contará, no dia de abertura do evento, com dois ciclos de palestras direcionados à aplicação da tecnologia à realidade da construção. A estimativa é de que a feira conte, assim como na última edição, com pelo menos 90 horas de encontros, seminários e eventos paralelos entre os pavilhões da Fiergs.
De acordo com os organizadores, a maior parte dessas horas, além da circulação normal pelos corredores e estandes da feira, ficará por conta das quase 50 entidades apoiadoras. São elas que desembarcam na Fiergs com delegações e grupos dispostos a formalizarem novos negócios em encontros com outros atores deste mercado.
Uma feira em evolução traz novos horizontes para a construção civil
A estimativa de negócios gerados a partir da feira, apontam os organizadores, é bastante extensa: entre R$ 300 mil e R$ 2 bilhões
/rawpixel/br.freepik/divulgação/jc
E se o construtor ou o fornecedor de materiais de construção conseguir ter acesso, com um clique, a um mapa atualizado de onde há obras licenciadas em algum lugar do Brasil? E se, a partir deste recurso, ele puder direcionar possíveis novos negócios?
O empreendedor Luís Antônio Zucco, que desenvolveu esta ideia na startup Obra.ai, sabe que já foi o tempo em que a execução de um projeto em construção civil se limitava ao canteiro de obra. E este novo cenário estará entre os corredores da Fiergs desta terça, dia 2 de agosto, até sexta, dia 5, na retomada, após dois anos de hiato, da Construsul, em sua 23ª edição.
Depois de tanto tempo sem poder reunir todas as peças da construção civil e arquitetura na maior feira do setor na região sul do Brasil, a estimativa de negócios gerados a partir da feira, apontam os organizadores, é bastante extensa: entre R$ 300 mil e R$ 2 bilhões.
"Toda a economia foi afetada pela pandemia, mas a construção civil nunca parou. O que mudou foi a forma como o setor passou a se relacionar. Percebemos que todos os setores envolvidos na feira estão muito engajados para retomar algo que é fundamental no ambiente de negócios, que é esta possibilidade de ter contato direto com novos produtos, novas ideias e negociações com fornecedores e parceiros", explica o diretor da Sul Eventos, organizadora da feira, Ricardo Richter.
As construtechs, como é o caso da startup liderada por Zucco, terão um espaço reservado feira. Chegam com a missão de se prestarem como ferramenta de resposta a construtores e fornecedores diante do quadro de incerteza econômica de 2022, em que, além da evolução tecnológica de materiais como cimento, aço, revestimentos ou esquadrias é necessário haver conectividade e um verdadeiro pacote de big data e inteligência artificial para garantir a toda a cadeia produtiva da construção especialmente eficiência nos custos, no tempo e na qualidade _ e ainda assim seguir atendendo à demanda, que não reduziu, do mercado imobiliário.
A expectativa é de cerca de 32 mil pessoas circulem na Construsul. Em virtude do grande engajamento que a ausência de eventos em 2020 e 2021 provocou, quase um mês antes do evento, já estavam confirmados os 300 expositores estabelecidos como meta para o ano.
Fique por dentro
- A Construsul inicia neste dia 2 de agosto e vai até sexta, dia 5 de agosto
- Serão 300 expositores
- A área dos expositores estará dividida entre os pavilhões 1, 2 e 3 da Fiergs
- No Pavilhão 2, haverá um espaço reservado à apresentação das Construtechs
- Os seminários e palestras acontecem nos auditórios do segundo andar do Pavilhão 2
Eventos paralelos confirmados:
2 de agosto
- 14h às 18h30min: 8° Seminário de Inovação e Tecnologia na Construção Civil (organizado pelo Sinduscon-NH)
- 16h às 17h: Apresentação - Instalações de gás com sistema Multicamada (organizado pela Maygas)
- 17h30min às 19h: Apresentação - Tire todas as suas dúvidas sobre lixadeiras elétricas (organizado pela Pincéis Atlas)
- 19h30min às 21h: Sistemas de Vedação de Fachadas em Light Steel Frame (organizado pela MasterWall Sistemas Construtivos)
Quarta (3 de agosto)
- 14h às 16h: A construção dos trechos da nova Orla do Guaíba: o que já foi feito pela cidade e o que está por vir (organizado pela Porto Alegre Convention & Visitors Bureau)
- 14h30min às 15h30min: Apresentação - Âncora - Muito mais que fixação: Soluções para construção a seco (organizado pela Âncora/Enhell)
- 16h às 17h: Apresentação - Projeto de gás com sistema BIM (organizado pela Maygas)
- 17h30min às 19h: Fóruns Técnicos Inovação, tecnologia e Desempenho na Construção Civil (organizado pelo Sinduscon-RS)
Quinta (4 de agosto)
- 14h às 17h: Soluções para sistemas de fachadas (organizado pelo ITT Performance)
- 16h às 17h: Apresentação - Instalações de gás com sistema Multicamada (organizado pela Maygas)
- 19h30min às 20h30min: Power X-Change: Soluções sem fio (organizado pela Âncora/Enhell)
- 19h às 20h30min: Fórum - Ambientes Instagramáveis (organizado pelo Sindividros)
Sexta (5 de agosto)
- 13h30min às 15h50min: Os 10 Mandamentos do Concreto Seco (organizado pela EKW Concretos)
- 16h às 17h: Apresentação - Projeto de gás com sistema BIM (organizado pela Maygas)
- 17h30min às 19h30min: Parâmetros técnicos para sistemas de tratamento de esgoto sanitário (organizado pela Torri)
O palco para novos negócios
Teitelbaum lembra que a tradição da feira é estreitar o contato direto de toda a cadeia produtiva
Luiza Prado/JC
Quem for à Fiergs terá a oportunidade não apenas de observar a evolução no mundo construtivo, mas da própria feira. Para que se tenha uma ideia, em 1998, quando a Construsul foi criada por Cláudio Richter - pai de Ricardo Richter -, a feira ocupava 3 mil m², na Pucrs. Já na terceira edição, o evento aconteceu em um espaço de 6 mil m², na Fiergs, com 180 expositores e 15 mil visitantes. Neste ano, serão 20 mil m² e mais do que o dobro de visitantes.
"A nossa estimativa de 32 mil visitantes é conservadora, levando em conta os números da última feira, em 2019, mas possivelmente iremos ultrapassar esta marca", avalia Ricardo Richter. Se em 1998 o desafio era criar um ambiente próprio para a construção civil da região ter uma vitrine, agora essa vitrine tem a inovação no papel principal.
"Em 2019, já tivemos uma edição marcada pela demonstração do que viria pela frente em relação à tecnologia na construção. Com a pandemia, este processo só se acelerou. Mesmo em um setor tradicionalmente conservador como a construção, o investimento em tecnologia se mostra como a saída mais viável e econômica. Recomendo uma atenção especial ao espaço de construtechs e de startups do setor", diz o diretor do evento.
A estimativa de negócios que podem chegar à cifra bilionária dos organizadores do evento é compartilhada pelo presidente do Sinduscon-RS, Cláudio Teitelbaum. Ele lembra que a tradição da Construsul é justamente a de servir como palco para estreitar o contato direto de toda a cadeia produtiva da construção.
"Depois de dois anos sem o evento, sem dúvida, esta relação estará reforçada pela possibilidade de rodadas de negociação e, muito provavelmente, pelo primeiro contato de futuros grande negócios, que talvez nem se concretizem durante a feira, mas que resultem em excelentes resultados daqui talvez um ano", aponta Teitelbaum.
Ele lembra a máxima usada no setor de que: "em construção, a venda de hoje é o emprego garantido de amanhã"
O momento, diz o dirigente, é de crescimento na construção, especialmente em Porto Alegre, ano após ano, mas a preocupação está em manter o ritmo.
"Para conseguirmos isso, é importante pesarmos todos os fatores, como a alta muito grande ainda neste momento nos valores de materiais. A feira é uma oportunidade de se conseguir negociações mais flexibilizadas e audaciosas", diz.
Em 2021, informa Cláudio Teitelbaum, foram R$ 4 bilhões movimentados em vendas pela construção civil na Capital. Neste ano, já foram R$ 2,5 bilhões no primeiro semestre. Ou, como valoriza o representante do Sinduscon, são dois anos garantidos de alta nos empregos do setor.
"Este aquecimento, por outro lado, aumenta a demanda e provoca, neste momento de crise global, escassez nos materiais, combustíveis, energia e reflete no custo da obra. O empreendedor vai para a Construsul especialmente com dois objetivos: encontrar negócios mais facilitados em relação a estes fornecedores e também conhecer processos de inovação que garantam mais eficiência e economia nos canteiros de obras", explica.
Entre o campus e a construção
Dos laboratórios para o mercado, Sinduscon-RS estimula parcerias para desenvolver inovações para o setor
/MARCO QUINTANA/arquivo/JC
Se entre as principais pautas desta edição da Construsul figura a tecnologia envolvida no setor da construção civil, nada melhor do que estar dentro das universidades. É o que o Sinduscon-RS tem desenvolvido nos últimos oito anos, a partir da sua Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat).
A entidade tem parcerias com laboratórios e com a produção acadêmica da Unisinos, Pucrs e Ufrgs. E tudo isso poderá ser acompanhado no segundo dia da feira, em três fóruns organizados pelo Sinduscon-RS - cada um apresentando o que é desenvolvido por cada universidade.
"A relação da universidade com toda a cadeia produtiva da construção é muito importante. Além de formar os novos profissionais, que quando têm este contato com o setor, sabem qual direção seguir, a universidade tem a prioridade no desenvolvimento de pesquisas em novas tecnologias", avalia o vice-presidente do Sinduscon-RS e coordenador do Comat, Roberto Sukster.
Há algumas semanas, por exemplo, uma das universidades parceiras do Sinduscon-RS teve seu laboratório como local para ensaios de quatro fornecedores de materiais com novas tecnologias de desempenho acústico. Meses atrás, houve ensaios com novas selagens corta-fogo. "Quem participa desta troca de experiências, tanto fornecedores como construtores, tem ganhos no custo da obra, mas é mais do que isso. Eles têm oportunidade de melhoria no desempenho da obra, ganhos nos prazos, e isso gera um ganho futuro difícil de mensurar", conta Sukster.
A experiência iniciou em 2014, a partir de uma exigência nova na construção, que era a norma de desempenho. Resultou na criação de um fórum de inovação com a Unisinos. A universidade conta com um dos principais laboratórios do Brasil para ensaios de novos materiais e processos - o laboratório ITT - por parte das incorporadoras. Três anos atrás, foi constatada a necessidade de avançar em relação ao chamado Building Information Model (BIM), para o desenvolvimento de projetos em 3D, com a criação de um fórum específico em parceria com a Pucrs. O mais recente fórum reforça a qualificação na pesquisa, criando um link entre trabalhos científicos da academia e as incorporadoras, com a parceria da Ufrgs.
"É um sistema interdependente, com a possibilidade de criar e aplicar os materiais que resultem melhor desempenho na obra, o desenvolvimento de todas as etapas, incluindo o de materiais até o canteiro de obra propriamente dito, aproveitando a tecnologia 3D, e o alinhamento entre o que a academia desenvolve em termos de inovações e ideias com o que o mercado demanda", resume o coordenador.
Os fóruns reúnem-se mensalmente, mas agora eles estão muito menos estanques. Dentro de cada uma das linhas em cada parceria, são oferecidos cursos de formação para os associados do Sinduscon-RS. Durante a Construsul, além do evento marcado para o final da tarde do segundo dia da feira, será lançado um novo curso de desenvolvimento de fachadas.
"Com a Ufrgs, por exemplo, nós levamos às incorporadoras 50 trabalhos científicos recentes e o mercado deu a sua resposta. E a aceitação de todos os nós fóruns pelo setor tem sido muito boa. Com os acréscimos do aprendizado e das melhorias, queremos subir a régua do setor", diz Sukster.
Quando os cliques entram no canteiro de obras
Hoje, 1.200 canteiros de obras já são gerenciados pelas imagens da Construct IN
/freepik/divulgação/jc
A startup Obra.ai surgiu com o nome de UrbanPlan, em 2019, com uma proposta de mapear onde havia obras ou novidades em termos de planos diretores e possibilidades construtivas nos mais diversos municípios brasileiros. Hoje, de acordo com o criador da startup, Luís Antônio Zucco, a empresa, que recebeu no final do último ano investimento da iMaps Data Group, conta com mais de 650 obras ativas cadastradas no seu sistema de big data.
Em média, segundo Zucco, a permanência de clientes no sistema chega a 10 meses, que é o período para estruturarem novos negócios a partir das informações fornecidas pelo Obra.ai. Na Construsul, temos como objetivo não só mostrar o nosso conteúdo aos expositores, e tradicionais construtores, mas para o público em geral e, especialmente, fornecedores menores. É uma oportunidade para potencializar negócios e vendas em grandes volumes", explica Zucco.
Com experiência de 25 anos em TI, e também formado em arquitetura, o empreendedor logo percebeu a oportunidade no mercado da construção para o desenvolvimento de novas tecnologias. E os números comprovam a constatação de Zucco. Conforme o Mapa das Construtechs e Proptechs no Brasil, no final de 2021, havia 839 startups atuando em todas as etapas da construção civil. Um crescimento de 235% em cinco anos.
"O nosso objetivo sempre foi termos um modelo que abasteça o setor com dados práticos e de maneira muito acessível. Iniciamos trabalhando com grandes indústrias da construção e aos poucos estamos potencializando o projeto aos menores. A feira é a oportunidade para afirmarmos ainda mais esta posição", diz. Quem também estará na Construsul será a Construct IN, que apresenta a proposta de acompanhamento remoto das obras com imagens em 360°. De acordo com o CEO da empresa, Tales Silva, o objetivo é otimizar os processos e eliminar desperdícios nas obras.
"Nosso papel é fornecer os dados necessários para melhorar a tomada de decisão e otimizar processos. Quando tratamos da gestão remota de obras, os principais benefícios são o registro completo da evolução das obras, a comunicação ágil com todos stakeholders, a redução de até 50% dos custos com deslocamento e a otimização em 80% do tempo das vistorias", diz. Segundo Silva, hoje, 1.200 canteiros de obras já são gerenciados pelas imagens da Construct IN. No espaço das construtechs da Construsul, a empresa pretende apresentar novas funcionalidades do seu software.
Oportunidade para negociações e troca de experiências une toda cadeia da construção
Para que se tenha uma ideia, insumos como aço, PVC e cimento estabilizaram, outros, como a madeira, em 12 meses, apresentaram variação de até 80% no preço. E para prospectar novos e melhores negócios, um grupo de construtoras gaúchas estará bastante ativo com a Coopercon-RS. É a cooperativa da construção civil, criada 15 anos, e que tem reforçado o seu papel na busca de compras coletivas e, por consequência, com preços melhores para construtoras menores do Estado.
Do outro lado deste balcão estão as indústrias de materiais de construção e o setor de comércio destes materiais, também com expectativa de ver na Construsul condições de negociação mais atraentes em um cenário de incerteza em relação aos preços futuros.
"A Construsul é uma vitrine de lançamentos e oportunidades. É quando a indústria nos apresenta tabelas com preços diferenciados. Estávamos precisando muito deste retorno da feira no Rio Grande do Sul. Desde o ano passado estivemos em feiras em São Paulo e o retorno tem sido muito positivo. Agora, mais próximo dos nossos estabelecimentos, a tendência é refletir também mais diretamente em novos negócios para o setor", explica o presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac) Porto Alegre, Genesvile Zanotelli.
Segundo ele, o setor vive agora um momento de estabilidade, com expectativa de melhora para o segundo semestre. Na feira, Genesvile acredita que será possível ampliar, e principalmente, renovar o mix de produtos no comércio de materiais de construção.
"Espero ver muitas novidades principalmente em relação a processos construtivo e automação das casas. A parte eletrônica sempre costuma evoluir muito, e tem na feira essa oportunidade de demonstrar ao mercado", afirma.
ONG que transforma o canteiro de obras estreia na feira
ONG Mulher em Construção apresentará o trabalho que tem realizado nos últimos 16 anos durante a Construsul
/ONG MULHER EM CONSTRUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
A inovação não depende apenas de sistemas, dados ou materiais. Para revolucionar o canteiro de obras, é preciso também transformar as relações entre as pessoas envolvidas em uma construção. Pois a ONG Mulher em Construção apresentará o trabalho que tem realizado nos últimos 16 anos. Como bem define a presidente da ONG, Bia Kern, o empoderamento feminino é a essência do seu trabalho, mas ele resulta em mudança de todo o ambiente no setor construtivo.
"A partir do nosso trabalho, conseguimos trazer à tona das dores que os homens também sentem. Estamos trabalhando para o futuro, eu tenho consciência. Demonstrando que as mulheres podem e devem ganhar oportunidades, mas não para tomar o lugar de ninguém, e sim para sermos companheiras dos homens no ambiente de trabalho. Essa visão que contraria o machismo institucional tão marcado na construção civil desenvolve, no final, mais respeito àquele que chamam de peão em uma obra", resume a Bia.
A ONG iniciou com um curso de pintura predial, que formou 19 mulheres, e hoje já formou cinco mil delas em cursos de qualificação na área da construção civil no Rio Grande do Sul e em São Paulo. A estimativa é de que pelo menos 40% delas segue trabalhando no setor.
Na Construsul, elas terão um espaço nobre no estande das Lojas TaQI, onde apresentará o projeto Divas da Construção Civil, lançado no último dia 18 de julho, com o apoio da rede de lojas, na reforma de uma casa em Novo Hamburgo 100% desenvolvida por mulheres em todas as suas etapas.
"O nome Diva é uma homenagem ao apelido da minha mãe, que desde pequenas nos ensinou e ergueu conosco a nossa casa. Era algo normal no meu dia a dia, mas quando eu atuava na área que tive formação, em gestão pública, eu notei que havia muito preconceito e eu precisava fazer a minha parte para provocar uma revolução. Estamos falando de mulheres em construção, mas é uma afirmação para qualquer setor, para qualquer lugar que a mulher queira ocupar", conta a líder deste movimento.
Instaladas na Vila Flores, que foi toda transformada a partir de obras e reparos feitos por 89 mulheres, em Porto Alegre, no começo de julho elas inauguraram mais uma sede, em Taboão da Serra, São Paulo.
De acordo com Bia, à medida em que o trabalho da ONG ganha solidez e os resultados de cada vez mais parcerias com empresas importantes, a importância social de ter a mulher como pivô na construção civil se mostra mais adequada.
"Cada vez mais mulheres são as chefes da família, e nós temos uma realidade hoje no Brasil de pelo menos 40 milhões de moradias com problemas estruturais. Se não forem elas a executarem o que é preciso para ter a sua própria moradia com mais dignidade, quem vai fazer? É empoderamento e é a demonstração de que a é possível criar oportunidades no setor", avalia Bia Kern. Esta será a primeira participação da ONG como expositora entre um dos estandes da Construsul.
*Eduardo Torres é jornalista, com passagens pelos jornais Zero Hora, Diário Gaúcho e Correio de Gravataí