Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 20 de Outubro de 2014 às 00:00

Banca do Holandês é rota das especiarias desde 1919


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Em junho, antes da partida entre Holanda e Austrália pela Copa do Mundo, o mar laranja formado por cerca de cinco mil holandeses em frente ao Mercado Público encantou Porto Alegre. Entre os europeus, porém, é provável que poucos deles imaginassem que, tão perto, na parte interna do centro de compras, um outro reduto com fachada e uniformes laranjas em referência ao país fizesse parte do cotidiano porto-alegrense há quase um século. Ali, na Banca do Holandês, cujos primeiros registros datam de 1919, queijos, frios, temperos, bacalhaus e outras especiarias lotam os balcões e prateleiras, sempre com grande fluxo de clientes.
Em junho, antes da partida entre Holanda e Austrália pela Copa do Mundo, o mar laranja formado por cerca de cinco mil holandeses em frente ao Mercado Público encantou Porto Alegre. Entre os europeus, porém, é provável que poucos deles imaginassem que, tão perto, na parte interna do centro de compras, um outro reduto com fachada e uniformes laranjas em referência ao país fizesse parte do cotidiano porto-alegrense há quase um século. Ali, na Banca do Holandês, cujos primeiros registros datam de 1919, queijos, frios, temperos, bacalhaus e outras especiarias lotam os balcões e prateleiras, sempre com grande fluxo de clientes.
A ligação com a Holanda, explica o proprietário brasileiro Sergio Lourenço, vem do fundador do estabelecimento, Dirk van der Brul - esse sim, como o nome denuncia, holandês – que, por toda a sua vida, dedicou-se à banca. “Quando ele resolveu parar, passou algum período curto, tipo um mês, e acabou morrendo”, conta o proprietário, cujo pai, na época funcionário e com participação minoritária, assumiria o negócio após a família de Van der Brul optar por não mais tocar a loja.
Embora conte que nunca tenha visto a banca como uma delicatessen, Lourenço passou a aceitar o termo depois que o estabelecimento foi enquadrado como uma em guias de restaurantes. E, aliás, teria sido a primeira da cidade. “Em 1996, quando praticamente todo o mercado foi demolido para uma reforma, a historiadora que coordenava as obras me garantiu que, em Porto Alegre, o primeiro ponto de especiarias foi a Banca do Holandês, vendendo produtos diferenciados, saindo daquela coisa do armazém”, afirma Lourenço. O proprietário também garante que, embora os primeiros registros só surgiriam em 1919, a banca seria, pelos relatos deixados pelos mais velhos, ainda mais antiga.
Entre os seus principais produtos, ganham destaque os queijos, oferecidos em mais de 60 tipos, nacionais e importados, além do tradicional bacalhau, que eleva o movimento todos os anos perto da Páscoa. Outras datas comemorativas, como Dia dos Pais, Dia das Mães e, principalmente, o Natal, também entram na lista dos períodos de maiores vendas da banca. Foi pensando no aumento do número de clientes que, em 2009, a família de Lourenço acabou adquirindo também outro ponto tradicional do Mercado Público, o Empório 38, que afirma dispor de um catálogo de mil rótulos de vinhos e mais de oitocentos de cerveja.
“Eu tinha a expectativa de que o movimento da Banca do Holandês, com o Empório, caísse 20%, mas não deu nem 10%, porque na verdade conseguimos captar outros clientes em função da melhor qualidade, do espaço maior, e que hoje também já está sendo preciso aumentar de novo”, comenta o dono. Uma reforma geral na loja, principalmente para a troca de móveis, está prevista para fevereiro de 2015.
O que não irá mudar, garante Lourenço, é o atendimento individualizado que sempre foi marca da banca. “Meu pai não trabalha mais, mas ele sabia o nome de no mínimo a metade dos clientes quando a banca estava cheia, e a gente tenta manter isso”, conta o proprietário, que afirma passar a preocupação aos cerca de 20 funcionários, número variável dependendo da época do ano. Nem mesmo as filas, que são invariavelmente geradas pelo processo, parecem um problema. Nos sábados pela manhã, a espera pode chegar a 100 senhas e, mesmo assim, os clientes não desistem de aguardar.

Copa do Mundo apresentou banca aos estrangeiros

Sem muitos vestígios do país europeu em Porto Alegre, a Banca do Holandês logo se tornou ponto turístico para os seus, digamos, conterrâneos durante a Copa do Mundo. “Eles queriam comprar souvenir, o chapéu que o pessoal usa, chaveirinho, imã”, afirma Sérgio Lourenço, que, antes do mundial, conta ter dado entrevistas para três jornais e uma emissora de televisão da Holanda. Quando os europeus passaram pelo Mercado Público no pré-jogo da partida de seu selecionado na Capital, a procura pelos registros fotográficos da banca também emocionou o proprietário. “Foi uma experiência legal ter contato com os holandeses, que queriam saber quem era o Holandês, o nome dele”, comenta Lourenço, que afirma também ter apostado na comunicação em português e inglês, fugindo da incomum língua holandesa.
Sem ir tão longe, Lourenço não descarta novas lojas fora do Mercado Público em um futuro breve. Propostas de franquias não faltariam, desde locais em Porto Alegre até outras capitais, como Recife, Florianópolis e Rio de Janeiro. “Um gaúcho, que era nosso cliente e foi morar no Rio, chegou a trazer a planta da loja, mas não estávamos organizados para tanto”, conta Lourenço. De concreto, por enquanto, um terreno na avenida Cristóvão Colombo, que seria um novo depósito, mas, a pedido dos clientes, pode virar também uma nova loja.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO