Del Turista mistura fantasia e negócios

Normalmente, quando a criança cresce e vira adulta, ela distancia-se dos brinquedos que a divertiam na infância para buscar uma profissão que lhe dê sustento. Porém, há pessoas que não perdem esse contato e conquistam o seu “ganha-pão” justamente através de carrinhos, bonecas, jogos e inúmeros outros entretenimentos. Esse é o caso de quem trabalha na rede Del Turista Brinquedos.

O diretor da empresa e engenheiro de produção, Airton Handler, recorda que a companhia foi criada em 1990 e revela que a proposta nasceu a partir de uma viagem que fez com a esposa, a publicitária Margarete Sabani Handler, a Bariloche. Uma das atrações da cidade argentina, que era “invadida” por brasileiros em férias, era justamente um chocolate chamado Del Turista.

“Surgiu, na hora, uma ideia de falar com o pessoal e ver se eles estavam exportando para o Brasil, se tinham alguém para fazer isso”, comenta Handler. Assim, o hoje tradicional estabelecimento de brinquedos começou as suas atividades, no Rua da Praia Shopping, no Centro de Porto Alegre, comercializando chocolates.

Por cerca de dois anos, esse foi o principal produto da empresa. Foi nessa época também que a unidade gaúcha começou a trazer, da Argentina, ovos de Páscoa com brinquedos dentro. Esse foi o primeiro contato com esse tipo de item. Mais adiante, em outra viagem que o casal realizou, dessa vez para Curitiba, observaram um estabelecimento que vendia carrinhos de coleção. “Comprei uns quatro ou cinco, coloquei para vender na nossa loja, com uma margem em cima, e saiu muito ligeiro”, lembra Handler.

A operação com o chocolate durou aproximadamente quatro anos. A loja passou depois a atuar com variedades, inclusive brinquedos. Muitos dos produtos não existiam no mercado nacional e eram importados dos Estados Unidos. O diretor da Del Turista salienta que eram diversos tipos de artigos, e um dos que fez mais sucesso entre as crianças foi uma máquina de adesivos.

Outra sensação eram chicletes diferenciados, como, por exemplo, os vendidos a metro, e latinhas de cerveja para colecionadores. Então, o foco não era somente as crianças, mas também os pais, através dos importados. Trabalhava-se, além dos brinquedos, com artigos de bazar, quadros com neon, entre outros. “Nós íamos de acordo com a onda”, diz Handler.

Mais adiante, a Del Turista resolveu especializar-se. “Acho que foi em 2000, quando a Super Festas quebrou, ficamos só com brinquedos”, detalha o dirigente. O empresário acrescenta que esse grupo dominava o mercado local naquela época e, na ausência deste forte concorrente, a Del Turista aproveitou a oportunidade para ocupar o espaço.

Atualmente, a rede Del Turista é composta por sete unidades, todas localizadas na Capital, uma situada no shopping Praia de Belas e as outras “de rua”. A empresa atuou com lojas em outros municípios, como Caxias do Sul, Curitiba, Blumenau, Florianópolis e Joinville, porém Handler conta que foram fechadas devido à dificuldade de manter o controle sobre os empreendimentos. No momento, Handler diz que não tem a intenção de ampliar a rede. “Manter-se há 24 anos no mercado já é uma façanha”, frisa o diretor.

No ramo de brinquedos, apesar de ser a “matriz” que possui o capital, é a “subsidiária” que decide onde os recursos serão investidos. A supervisora da Del Turista Brinquedos Beatriz Dias não tem dúvidas em responder quem escolhe o presente quando pais e filhos vão juntos à loja: a criança.

Bia, como é mais conhecida, ensina que o truque para vender para um público tão particular é participar e atender de acordo com a personalidade e idade da criança, desde os mais tranquilos aos mais agitados. “A Bia sabe o nome de todos os clientes”, exagera o diretor da Del Turista, Airton Handler. O fato é que uma das particularidades da loja do shopping de Praia de Belas é um mural com fotos de crianças e bicos e mamadeiras. Esses itens são armazenados ali em grande parte devido à supervisora da Del Turista Brinquedos. “É que me dou bem com a fada dos dentes”, brinca Bia. As chupetas são dadas como moeda de troca pelos presentes comprados pelos pais que zelam pela dentição dos seus filhos.

Hoje, entre os produtos mais pedidos, está o boneco da personagem Peppa Pig. A rede trabalha, constantemente, com aproximadamente 5 mil artigos. São cerca de 80 funcionários atuando na operação, mas o número supera o patamar de 100 durante a época das festas de final de ano. As melhores datas de venda concentram-se no período de Natal, Dia das Crianças e Páscoa. Cerca de 70% da comercialização das lojas ocorre entre os meses de outubro a dezembro. O número de vendas feitas em um ano é ao redor de 150 mil tickets, envolvendo as sete unidades. O ticket médio de dezembro, considerando todos os estabelecimentos, é de R$ 126,00.