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Com a palavra

- Publicada em 09 de Agosto de 2010 às 00:00

Preparativos para a Copa precisam começar já


CLAUDIO FACHEL/JC
Jornal do Comércio
Carmen Marun, ex-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no Rio Grande do Sul (Abav-RS) e atual diretora da Abav Nacional, além de diretora da MC Turismo, está preocupada com as condições do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Para ela, é preciso converter imediatamente os planos que vêm sendo propagandeados em ações, sob pena de a infraestrutura turística nacional entrar em colapso durante os eventos. O principal entrave está nos aeroportos, que mesmo hoje, praticamente apenas sob demanda do turismo interno, não sustentam todo o movimento de turistas de negócios ou lazer. A situação, diz Carmen, é emergencial: se por um lado, o governo não inicia as obras que promete, por outro as companhias aéreas se mostram incapazes de atender adequadamente a um elevado número de turistas estrangeiros simultaneamente. Ela também faz ressalvas às estruturas da Capital para receber um grande número de turistas: não há hotéis ou restaurantes suficientes para suprir a demanda extraordinária que está por vir, sem contar os problemas no trânsito e na segurança. “Porto Alegre tem muita coisa boa, mas falta explorar melhor suas potencialidades. Qualquer local no exterior valoriza sua cultura, seu folclore e sua alimentação, e nós temos isso tudo muito forte, mas não aproveitamos.”
Carmen Marun, ex-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no Rio Grande do Sul (Abav-RS) e atual diretora da Abav Nacional, além de diretora da MC Turismo, está preocupada com as condições do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Para ela, é preciso converter imediatamente os planos que vêm sendo propagandeados em ações, sob pena de a infraestrutura turística nacional entrar em colapso durante os eventos. O principal entrave está nos aeroportos, que mesmo hoje, praticamente apenas sob demanda do turismo interno, não sustentam todo o movimento de turistas de negócios ou lazer. A situação, diz Carmen, é emergencial: se por um lado, o governo não inicia as obras que promete, por outro as companhias aéreas se mostram incapazes de atender adequadamente a um elevado número de turistas estrangeiros simultaneamente. Ela também faz ressalvas às estruturas da Capital para receber um grande número de turistas: não há hotéis ou restaurantes suficientes para suprir a demanda extraordinária que está por vir, sem contar os problemas no trânsito e na segurança. “Porto Alegre tem muita coisa boa, mas falta explorar melhor suas potencialidades. Qualquer local no exterior valoriza sua cultura, seu folclore e sua alimentação, e nós temos isso tudo muito forte, mas não aproveitamos.”
JC Empresas e Negócios - Onde estão as principais falhas na infraestrutura para o turismo?
Carmen Marun - As principais lacunas estão nos aeroportos, ainda sem condições de arcar com um grande fluxo de turistas. Percebemos isto nas vésperas de feriados ou quando há grandes eventos, quando o aeroporto vira um caos. Se já lotam com os turistas internos, imagina quando começarem a desembarcar os milhares de estrangeiros. Hoje não há sequer locais para estacionar ônibus de turistas nos aeroportos, caso do Salgado Filho.
Empresas e Negócios - Por onde as melhorias devem começar?
Carmen - Precisamos de aeroportos maiores, com mais frequência de voo, mais aeronaves e mais conexões internas, principalmente nas cidades que irão receber os jogos. Precisamos de aeroportos com maiores espaços físicos, mais terminais para atender a estes turistas. Já as empresas aéreas precisam de mais atendentes nos balcões, e este pessoal precisa ser mais qualificado. É fundamental que saibam atender em espanhol e inglês.
Empresas e Negócios - Os hotéis e restaurantes, em geral, estão prontos para a Copa?
Carmen - A estrutura hoteleira terá de sofrer um aumento de hotéis em quase todas as cidades. Porto Alegre não tem a capacidade de receber os turistas quando há evento de grande porte. Os hotéis rapidamente lotam e as agências e operadoras têm muita dificuldade em alocar os visitantes. E este não é um problema apenas de Porto Alegre. Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras capitais passam pela mesma dificuldade. Sem contar a necessidade de gente qualificada para atender a muitos turistas estrangeiros.
Empresas e Negócios - E as agências e operadoras, como têm se preparado para a Copa?
Carmen - As operadoras já começaram a se movimentar, se reunir com hoteleiros e associações do trade turístico e organizado mais pacotes e alternativas ao turismo, além de formar parcerias para ampliar as atividades nas cidades da Copa. Ao mesmo tempo, entidades como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) vêm treinando recepcionistas e outros profissionais que interagem com os turistas, formando uma mão de obra importante.
Empresas e Negócios - As agências e operadoras reclamam da falta de apoio dos governos à sua atividade. Qual a necessidade de suporte mais latente?
Carmen - Me parece que o governo federal está muito preocupado com as companhias aéreas, mas não enxerga as agências de viagem. São pequenas empresas, mas responsáveis pela grande rede de distribuição de trabalho turístico. Se ela não for contemplada, não se atende à demanda e as vendas de todo o trade são prejudicadas. Nem a nossa profissão foi reconhecida. Precisamos de mais programas de incentivo, liberação de verbas para financiamento e também fiscalização às irregularidades do setor, como algumas situações em que falta ética entre fornecedores e lojistas de viagem em venda direta ao consumidor. É preciso proteger as agências de viagem.
Empresas e Negócios - O governo estuda abrir o mercado brasileiro para empresas estrangeiras. Como a senhora vê este movimento?
Carmen - O que preocupa é que as empresas de fora virão para zerar a comissão ao longo do tempo. Se isso se concretizar, como se tem comentado, quando chegar a Copa, as agências estarão quebradas. A medida de zerar comissões não dá certo no exterior e não funcionará também no Brasil.
Empresas e Negócios - Como Porto Alegre tem se preparado para a avalanche de turistas em 2014?
Carmen - Acho que Porto Alegre tem muita coisa boa, mas falta explorar melhor suas potencialidades. Qualquer local no exterior valoriza sua cultura, seu folclore e sua alimentação, e nós temos isso tudo muito forte, mas não aproveitamos. Temos poucas churrascarias de peso para o turismo, e apenas uma com danças típicas. O visitante vem para cá e praticamente não tem opções de comida campeira. Se sairmos de Porto Alegre e do Estado, encontraremos churrascarias maravilhosas. É difícil compreender esta lacuna, talvez nem nós valorizemos nossa cultura como poderíamos. O ponto forte da Capital é o turismo cultural, com muitos teatros e shows, mas não acho que o turista da Copa venha para conhecer as opções culturais da Cidade. Eles procuram coisas típicas, lugares diferentes e experiências novas.
Empresas e Negócios - Talvez as opções ao redor da cidade salvem o turista da falta de opções na Capital?
Carmen - Sim, quem vem a Porto Alegre não fica apenas em Porto Alegre. Temos nas proximidades o Vale dos Vinhedos, a região dos cânions, Torres e a Serra, que são geralmente alternativas para o turista.
Empresas e Negócios - O que a Capital deve priorizar como preparativo para a Copa?
Carmen - Aquela parte de turismo no Guaíba tem que aumentar, com mais opções de lazer e compras. A ideia do ônibus Linha Turismo é boa, mas é necessário colocar mais ônibus, já que é um programa que os turistas adoram. Junto às melhorias do receptivo, precisamos trabalhar bem a divulgação da cidade, pois sabemos que o turismo movimenta muito a economia do País. Não se pode perder mais tempo.
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