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Responsabilidade social

- Publicada em 26 de Julho de 2010 às 00:00

Pilares para a vida


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Jornal do Comércio
Levantar paredes, colocar azulejos e edificar lajes não são grandes obstáculos para quem pretende reerguer uma vida inteira. A oportunidade de aprender o ofício da construção civil foi mais do que bem recebida por 16 mulheres que integram um projeto realizado na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, na zona Sul de Porto Alegre.
Levantar paredes, colocar azulejos e edificar lajes não são grandes obstáculos para quem pretende reerguer uma vida inteira. A oportunidade de aprender o ofício da construção civil foi mais do que bem recebida por 16 mulheres que integram um projeto realizado na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, na zona Sul de Porto Alegre.
O curso, que começou na primeira quinzena de julho, é resultado de uma parceria firmada entre a Coordenadoria Estadual da Mulher, Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e Fiergs-Senai e visa a dar uma possibilidade para as internas se profissionalizarem na área de pedreiro-revestidor.
Durante as quatro horas de aula, de segundas a sextas-feiras, as detentas aprendem sobre alvenaria, revestimento de argamassa e placa cerâmica.“É uma excelente oportunidade para elas saírem daqui com uma profissão, pois muitas sempre trabalharam na informalidade”, conta a diretora da Penitenciária Madre Pelletier, Mara Minotto. Segundo ela, o curso no presídio feminino é um projeto-piloto que pode ser estendido para outras unidades prisionais do Estado. Para participar, o requisito mínimo era portar a carteira de identidade, CPF e ter escolaridade mínima da quarta série do Ensino Fundamental.
Mara conta que, depois de terem concluído as aulas, as alunas vão colaborar com a própria penitenciária. “Vamos aproveitar esse conhecimento para contribuir com o presídio. Elas próprias vão construir e ajudar a manter a instituição”, diz a diretora. Além do aprendizado, a iniciativa possibilita que as presas tenham uma redução na pena. “Nós fazemos um cálculo para a remissão das detentas que estão estudando”, explica.
Para as internas, o projeto é visto como uma alternativa de recomeço. V. S., de 34 anos, afirma que iniciativas como esta são importantes para poder ocupar a mente e programar o futuro. Presa por tráfico de crack no ano passado, ela se diz feliz com a oportunidade que está recebendo e ironiza. “Antes eu trabalhava com pedra, e agora, quando sair daqui, vou ser pedreira.” V.S. já aprendeu a fazer tijolos e tirar medidas. Sua colega, A.M.M.P., também de 34 anos, está disposta a sair da prisão e construir uma vida mais digna daqui para frente. “Estou aqui pela segunda vez e, quando sair, quero ter uma rotina normal”, afirma a interna, que pretende trabalhar na área da construção civil quando estiver em liberdade.
O curso é dividido em duas partes. Na primeira etapa, as internas têm aulas teóricas sobre como é a lida nos canteiros de obras e conhecimentos básicos da profissão. Depois é hora de colocarem a mão na massa. Segundo o mestre de obras e instrutor do curso, Xavier Pereira, as alunas estão realmente dispostas a seguir na profissão de pedreira. Ele, que nunca havia trabalhado na área carcerária, conta que as internas estão se esforçando. ”Eu vejo uma enorme dedicação e tenho certeza de que elas vão pegar o jeito”, conta.
Para Pereira, a experiência está sendo muito válida. “Estamos falando de pessoas que muitas vezes não tiveram uma oportunidade na vida e acabaram entrando no mundo da bandidagem”, diz o instrutor.
Presídio prevê outros cursos de qualificação
O curso de pedreiro revestidor é o piloto para uma série de outros cursos profissionalizantes que o Presídio Feminino Madre Pelletier pretende implantar para as presas nos próximos meses. A direção da instituição busca parceria com entidades para trazer aulas como essas de construção civil.
A diretora Mara Minotto confirma que já estão previstos outros projetos como o de pintor de obras, onde as internas aprenderão sobre o preparo da superfície e aplicação de acabamento. “Já temos uma turma formada e assim que acabar este curso a ideia é começar com o de pintor de obras”, salienta.
Para ela, o preso tem dificuldade em se recolocar na sociedade depois de sair do sistema carcerário, e isto é um dos fatores que levam à reincidência. “Dar uma oportunidade é o que elas mais precisam, pois, aqui, elas têm alguma função, mas quando saem, ficam sem emprego”, explica.
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