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Com a Palavra: Roque Pelizzaro Junior

- Publicada em 12 de Julho de 2010 às 00:00

Varejo brasileiro deve crescer até 9,5% em 2010


CNDL/Divulgação/JC
Jornal do Comércio
O mercado interno fortalecido e a expansão do crédito somados à injeção de investimentos externos devem fazer o varejo brasileiro crescer como nunca. A expectativa de desenvolvimento do setor nos próximos oito anos é alta, segundo Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Para 2010, ele estima um aquecimento de até 9,5% na atividade. A projeção é menor para a região Sul, cujo crescimento esperado é de cerca de 5%. Isso porque as empresas desta parte do País estão mais consolidadas e possuem mercados mais maduros. No caso do Rio Grande do Sul, o market share chega a representar uma fatia de 6% do total em nível nacional. "O Sul é um formador dos demais varejos, que se inspiram nos modelos gaúchos, para aplicá-los em suas operações. O que funciona aqui hoje é o amanhã do restante do País", acredita.

O mercado interno fortalecido e a expansão do crédito somados à injeção de investimentos externos devem fazer o varejo brasileiro crescer como nunca. A expectativa de desenvolvimento do setor nos próximos oito anos é alta, segundo Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Para 2010, ele estima um aquecimento de até 9,5% na atividade. A projeção é menor para a região Sul, cujo crescimento esperado é de cerca de 5%. Isso porque as empresas desta parte do País estão mais consolidadas e possuem mercados mais maduros. No caso do Rio Grande do Sul, o market share chega a representar uma fatia de 6% do total em nível nacional. "O Sul é um formador dos demais varejos, que se inspiram nos modelos gaúchos, para aplicá-los em suas operações. O que funciona aqui hoje é o amanhã do restante do País", acredita.

JC Empresas & Negócio - Quais os rumos do varejo no Brasil?
Roque Pellizzaro Junior - O País vive um momento ímpar no que diz respeito ao mercado interno. Temos um extenso território e uma população enorme, comparáveis somente a grandes potencias mundiais. Isso nos coloca em posição de destaque, principalmente quando a economia se estabiliza. Diferentemente dos outros países do Bric, temos aqui uma democracia já estabelecida, não só na área política, mas na área de contratos. Ou seja, o mundo tem experiências internacionais de bastante tempo com o Brasil. Temos empresas lá fora, tanto de varejo quanto industriais, já há alguns anos, o que permite que outros mercados conheçam nossa estabilidade. Ao mesmo tempo, vivemos um momento de expansão de renda associada a uma propagação de crédito muito grande.
Desta forma, se injetam dois fatores novos neste cenário: a dilatação do poder econômico das classes mais baixas e o ingresso cada vez maior de populações mais jovens para os mercados de trabalho e consumidor - isso é um fator demográfico muito forte neste momento no País. Outro ponto que merece destaque é que aqui foi desenvolvida uma ferramenta de concessão de crédito única, que é o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Estes fatores, aliados, por si só levariam o Brasil de vento em popa. Agora, ao somarmos isso a outros dois pontos específicos, que são a vinda da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, percebemos que o Brasil está com uma visibilidade muito grande. Ou seja, estamos associando o forte mercado interno e a expansão de crédito à vinda de investimentos externos em volumes como nunca se viu. Isso nos possibilita um crescimento muito bom do varejo no País para os próximos seis ou oito anos pelo menos.
Empresas & Negócios - Quais as estimativas deste desenvolvimento em números?
Pellizzaro Junior - Para este ano, esperávamos um desenvolvimento superior a 10% em nível de Brasil, mas deverá ficar entre 8,5% a 9,5%, com maior destaque para as regiões Norte e Nordeste, e menor evidência para a região Sul, onde os mercados já são mais maduros. Pode-se usar como exemplo as demandas para a próxima Copa do Mundo: no Sul dificilmente se encontra uma casa que ainda não tenha um televisor, pelo contrário, as pessoas estão querendo trocar o aparelho de TV por outro mais moderno. Já nas regiões Norte e Nordeste, o número de casas que ainda não tem uma televisão é muito grande. Então, a expansão deverá ser maior nestes mercados. Mesmo assim, no Sul devemos ostentar crescimentos superiores a 4% ou 5%.
Empresas & Negócios - Como está o modelo varejista brasileiro em comparação ao restante do mundo?
Pellizzaro Junior - O Brasil atualmente tem um modelo de varejo bem diferente de qualquer outro país. Nosso modelo é muito capilar, formado por um amontoado de pequenas lojinhas extremamente dispersas e que atendem ao cliente com mais proximidade. Aqui não existem grandes corporações de varejo. Já no resto do mundo, este setor é mais concentrado, principalmente nos Estados Unidos. Sem dúvida, essa é a principal diferença. Até o início do mês, dos 250 maiores varejistas do mundo, tínhamos apenas três representantes brasileiros: Casas Bahia, Pão de Açúcar e Lojas Americanas. Agora, com a fusão destes dois primeiros grupos, são somente duas redes do País no rol das maiores do planeta.
Empresas & Negócios - Como o mercado interno está reagindo a essas fusões que têm ocorrido com frequência no Brasil?
Pellizzaro Junior - O processo de fusões é natural em muitos mercados. O que nos preocupa é o porquê ele está acontecendo no Brasil em alguns setores e em outros não. É lógico que a estruturação para aumento de competitividade das empresas para poder fazer frente à concorrência de grandes corporações internacionais é um imperativo. Melhorar a musculatura do varejo brasileiro é uma necessidade. O problema é que no Brasil isso está acontecendo pela necessidade de expansão das vendas através do crédito. E o crédito precisa hoje de grandes corporações trabalhando neste mercado, para que haja um custo razoável. É esta visão que nos preocupa um pouco.
Empresas & Negócios - Como repercutiram no setor as fusões de redes de varejo, considerando também a união entre a Ricardo Eletro (MG) e Insinuante (BA)?
Pellizzaro Junior - No caso da fusão da Ricardo Eletro e da Insinuante, o episódio preocupa porque está se sinalizando que o Brasil passa por uma reviravolta no perfil de varejo de supermercados, móveis e eletrodomésticos. A nossa visão é que essas fusões são estratégicas para que haja, inclusive, uma alteração nos modelos do negócio. É preocupante não em relação a eles, mas no sentido de que o resto do mercado entenda essa nova variável que se coloca. Isso pode sinalizar uma alteração no perfil de loja, ou seja, um supermercado vai comercializar tantos outros itens que as mercadorias típicas do super, mesmo, representarão menos de 40% da loja. O resto é destinado à venda de vestuário, calçados etc (como acontece em outros países).
Empresas & Negócios - Isso pode vir a prejudicar os pequenos lojistas?
Pellizzaro Junior - Sim, caso não fiquem atentos e não estabeleçam nichos de mercado, e se não se adequarem a esta nova reestruturação. Mas se os empresários anteverem esta mudança - e quando ela efetivamente acontecer, estiverem tecnologicamente preparados na gestão de suas operações - irão superar o impacto. É bom ressaltar que qualquer lojista deve conhecer bem o cliente, entender o que ele pensa e tê-lo como foco. A partir daí é que deve haver qualquer tomada de decisão.
Empresas & Negócios - Quais as dificuldades a serem enfrentadas pelo varejo brasileiro nos próximos anos?
Pellizzaro Junior - Hoje em dia, o maior desafio é o capital para manter a expansão do crédito. Quando a gente fala no crescimento do estoque de crédito na ordem de 17% ao ano, a necessidade de fundos para a manutenção dos negócios é cada vez maior. Por isso a importância da redução do spread bancário (diferença entre a taxa de juros que as instituições financeiras pagam na captação do dinheiro e a que cobram dos clientes). Se não houver esse repasse para o consumidor, em determinado momento este ciclo irá se romper. É preciso trazer as taxas de juros para níveis internacionais, para que este processo continue. Caso contrário, não se sustenta.
Empresas & Negócios - Justamente devido às facilidades do crédito, as classes C e D passaram os últimos meses se endividando, e podem vir a ser obrigadas a puxar o freio na hora de comprar, já em meados de 2011. Como o varejo deve lidar com esta categoria de consumidor?
Pellizzaro Junior - O grande ponto não está na quantidade, mas na qualidade do endividamento. Quando as pessoas pagam juros razoáveis e destinam recursos para a compra e não para remunerar capital, isso é um bom endividamento porque aciona, a longo prazo, o ciclo virtuoso da economia. Mas em um viés onde o gasto na coluna juro é alto, e o da coluna aquisição é baixo, aí se provoca um freio nesta roda. E o consumidor brasileiro hoje começa a despertar para esta forma de se comprometer: está mais cuidadoso, e isso é bom. Por isso, campanhas como a "Eu quero meu consumidor de volta" (que será lançada nacionalmente pela CNDL) chegam com o intuito de esclarecer o comprador a se "endividar bem" ou, seja, adquirir bens que gerem resultados em médio e longo prazo, e não comprar por impulso.
Empresas & Negócios - No que consiste a campanha da CNDL?
Pellizzaro Junior - Investiremos na educação da utilização do cartão de crédito, estimulando o consumidor a optar pelos financiamentos de lojas. Além disso, vamos disponibilizar na internet um gerenciador de finanças pessoais, onde as pessoas podem verificar e entender o seu perfil de endividamento, e assim decidirem se é possível, ou não, se endividar mais. Outra ação da campanha inclui, lá por outubro, uma mobilização nacional de recuperação de crédito. Para isso, faremos um processo de refinanciamento aos trabalhadores, para que possam entrar o Natal e Ano-Novo com seus nomes limpos -
e consumindo novamente.
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