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Com a palavra

- Publicada em 26 de Abril de 2010 às 00:00

Com o DNA do empreendedorismo


Gabriela Di Bella/JC
Jornal do Comércio
Ricardo Menna Barreto Felizzola é daqueles empresários que tem o DNA do empreendedorismo. Ainda jovem, recém-saído da faculdade de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), criou a Altus, que veio a se tornar uma das empresas de base tecnológica mais respeitadas do País. Em seguida veio a empresa de manufatura de componentes eletrônicos Teikon, uma joint venture formada pela Elo, Urano e pela própria Altus. Mas foi no final do ano passado que o empresário deu o passo mais ousado de sua já vitoriosa trajetória, ao modelar uma parceria com a sul-coreana Hana Mícron. Da parceria, surgia a HT Micron, uma fábrica de chips que exigirá investimentos de US$ 200 milhões nos próximos cinco anos e geração de 1,3 mil empregos diretos no Rio Grande do Sul. A operação, que ele lidera como presidente-executivo, é desafiadora. Tanto que logo após o anúncio do Tecnosinos como sede da empresa, Felizzola fez uma imersão de dois meses nos Estados Unidos, num intenso trabalho de aproximação com peças-chave das duas empresas, para a elaboração do plano de trabalho inicial. De volta a Porto Alegre, o empresário se divide entre suas empresas, a coordenação do Conselho de Tecnologia e Inovação da Fiergs e a presidência do Conselho Diretor do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP). E ninguém duvide que possa vir mais por aí.
Ricardo Menna Barreto Felizzola é daqueles empresários que tem o DNA do empreendedorismo. Ainda jovem, recém-saído da faculdade de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), criou a Altus, que veio a se tornar uma das empresas de base tecnológica mais respeitadas do País. Em seguida veio a empresa de manufatura de componentes eletrônicos Teikon, uma joint venture formada pela Elo, Urano e pela própria Altus. Mas foi no final do ano passado que o empresário deu o passo mais ousado de sua já vitoriosa trajetória, ao modelar uma parceria com a sul-coreana Hana Mícron. Da parceria, surgia a HT Micron, uma fábrica de chips que exigirá investimentos de US$ 200 milhões nos próximos cinco anos e geração de 1,3 mil empregos diretos no Rio Grande do Sul. A operação, que ele lidera como presidente-executivo, é desafiadora. Tanto que logo após o anúncio do Tecnosinos como sede da empresa, Felizzola fez uma imersão de dois meses nos Estados Unidos, num intenso trabalho de aproximação com peças-chave das duas empresas, para a elaboração do plano de trabalho inicial. De volta a Porto Alegre, o empresário se divide entre suas empresas, a coordenação do Conselho de Tecnologia e Inovação da Fiergs e a presidência do Conselho Diretor do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP). E ninguém duvide que possa vir mais por aí.
JC Empresas & Negócios - Como está o cronograma de implantação da HT Micron?
Ricardo Menna Barreto Felizzola - Devemos ter novidades, como o lançamento dos primeiros produtos já no mês de maio. Estamos começando de forma mais simples, com os módulos de memórias que estão sendo fabricados na Teikon e serão usados em desktops. O que vamos desenvolver depois são os chips que vão dentro desses módulos. A verdade é que esse é um projeto bastante complexo para se implantar no Brasil e o fato de termos essa oportunidade é muito especial. Existe uma série de variáveis que devem ser levadas em consideração, como a questão do tratamento da água, o meio ambiente e a energia. Tudo já estava previsto no plano de negócios, mas a infraestrutura terá que ser desenvolvida. Temos ajustes com parceiros fornecedores. Até o ano passado eles tinham excesso de insumos, como os wafers (onde são colocados os chips), e, em 2010, com o boom da economia, estão com dificuldade para atender à demanda. Também estamos licitando a empresa que fará a construção da fábrica e negociando uma parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
Empresas & Negócios - Existe algum tipo de intercâmbio com a Ceitec nesse sentido?
Felizzola - A Ceitec é uma fábrica muito bem construída e existem algumas empresas que trabalharam para eles e que poderão desenvolver projetos conosco também. Do ponto de vista do mercado, vai existir uma interação já que são duas operações que poderão ser complementares. Em uma cadeia mais madura, o normal é sermos clientes deles. Nesse momento inicial, poderemos ser fornecedores. Eles podem ser contratados pelo governo para desenvolver algum projeto, fabricam o wafer e a HT Micron fará o encapsulamento, que é o que dará origem ao chip efetivamente. Esse será o nosso foco.
Empresas & Negócios - Como se diferencia o foco das duas empresas?
Felizzola - A Ceitec faz talvez o mais importante, que é a fase de design dos circuitos no computador e a fabricação do wafer. A HT Micron fará o encapsulamento, pegando esse wafer, cortando e transformando-o em um chip. Até por isso, a nossa sala limpa não precisará ser tão complexa como a da Ceitec. Do ponto de vista da cadeia, estamos mais perto do consumidor, já que as empresas vêm em busca desse produto mais final para, então, colocar em computadores e celulares.
Empresas & Negócios - O Brasil e, especialmente o Rio Grande do Sul, vivem um momento histórico, com a expectativa de dois grandes projetos na área de microeletrônica?
Felizzola - O setor de microeletrônica é uma vontade brasileira desde os primórdios, quando sempre se defendeu a tese de que para o País ser um efetivo player nesse segmento deveria se preocupar em ter o conhecimento e não, necessariamente, a produção. O setor de microeletrônica brasileiro já existiu e foi consumido por falta de políticas públicas. Agora, essas políticas estão aí, como atesta a criação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis). A Ceitec foi o primeiro sujeito dessa iniciativa e a HT Micron é o segundo.
Empresas & Negócios - O Rio Grande do Sul vive uma mudança no perfil, que agora coloca a TI como estratégia para a competitividade?
Felizzola - Certamente. As empresas de base tecnológica, as universidades, as incubadoras e as pequenas empresas de outros setores que estão surgindo trazem para o Estado uma cadeia nova que vai repercutir muito fortemente daqui a 20 anos. E essa é uma característica muito local. O gaúcho constrói a sua própria indústria. Claro que temos investimentos importantes de multinacionais, como a GM em Gravataí, mas isso não acontece aqui da mesma forma que em São Paulo, na Bahia ou Amazonas. A massa crítica é de empresas que estão se formando aqui e levando o Estado a uma mudança de característica. A própria universidade está interferindo na economia. Universidades como a Pucrs e a Unisinos deixaram de ter apenas iniciativas acadêmicas e estão se aproximando da iniciativa privada, auxiliando na prática para uma maior competitividade do Estado. O Tecnopuc reúne quatro mil pessoas, trabalhando nas empresas ali instaladas. A própria HT Micron está situada dentro do Tecnosinos, o que é algo único e que exemplifica toda essa mudança.
Empresas & Negócios - Que avaliação pode ser feita do País no momento?
Felizzola - O Brasil está numa recuperação e, mesmo atingido pela crise, foi um dos primeiros a se recuperar. Existe uma previsão de taxas de crescimento do PIB interessantes, de 6%, 7%. É um ano eleitoral, ano em que o esforço do governo federal com o PAC começa a se realizar. Ao mesmo tempo, é interessante ver como a burocracia do País impede algumas coisas. Temos um acervo legislativo anacrônico e isso atrapalha muito.
Empresas & Negócios - E o Rio Grande do Sul? O ambiente hoje é compatível com o crescimento esperado pelo setor produtivo?
Felizzola - O Rio Grande do Sul acompanha essa tendência nacional. Tivemos alguns problemas nos últimos anos como a seca e questões de ordem institucional, como o da desenvoltura do nosso governo em virtude de situações políticas. Isso impediu que o Estado se apresentasse no centro do País. Mas tivemos melhorias significativas nesses últimos anos. Conseguimos o equilíbrio fiscal do Estado e temos orgulho da participação do PGQP nesse processo. Assim como o Movimento Brasil Competitivo (MBC) fez no Brasil, conseguimos mostrar ao setor público conceitos de gestão que ajudaram a determinar o equilíbrio entre receita e despesa. O fato de o Estado não gastar mais do que recebe de impostos é um acontecimento.
Empresas & Negócios - E as empresas, como têm se renovado e se fortalecido ao longo dos anos?
Felizzola - O setor privado gaúcho se destaca cada vez mais. As nossas grandes empresas, como Gerdau e Randon, estão cada vez melhor posicionadas no cenário nacional e internacional. Temos a Fiergs com um papel cada vez mais produtivo e pessoas como Jorge Gerdau Johannpeter, que é um ícone da nossa capacidade de construção e que está sempre nos representando. Além disso, existe um grupo empresarial nascido há 20, 30 anos que começa a mostrar a sua força. São empresas que não são mais pequenas, chegando a um faturamento de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões, como Elo, Digitel, Parks, Altus e Teikon. Fora do setor de tecnologia, a Lupatech e a Bom Gosto são importantes exemplos de crescimento. Nos últimos quatro anos, essas empresas foram saindo da fase da adolescência e se tornando estratégicas para o Estado.
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