A gigante multinacional de máquinas agrícolas John Deere anunciou, na última quarta-feira (17), a demissão de 150 funcionários de sua fábrica no município de Horizontina, no noroeste do Estado. Em nota, a empresa informou que a medida foi tomada “para adaptar o volume da produção à demanda atual do mercado”.
O número de funcionários desligados nesta semana é menor do que inicialmente previsto pela John Deere, que, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Região, Jorge Ramos, havia manifestado a intenção de dispensar 200 trabalhadores. De acordo com ele, a mudança foi resultado de uma negociação entre a empresa e o Sindicato.
“Tentamos de todas as maneiras ver alternativas para evitar as demissões. Além da diminuição no número de desligamentos, conseguimos um abono financeiro para o pessoal que foi demitido poder se manter até voltar ao mercado de trabalho”, explica.
No início do ano, o cenário era outro. Com a contratação de 200 funcionários, a expectativa da John Deere era aumentar a produção de colheitadeiras, segundo Ramos. No entanto, neste momento, ele acredita que o mercado de colheitadeiras se encontra estagnado. “A empresa priorizou fabricar colheitadeiras grandes, as maiores que tem no mercado. Só que os grandes produtores estão esperando para comprar, até porque existe uma concorrência muito grande. É um problema local da John Deere”, conta.
Segundo ele, o contexto de estagnação não se estende para as outras empresas metalúrgicas da região de Horizontina, que poderiam promover a reintegração dos trabalhadores demitidos pela John Deere. “O Sindicato tem sido procurado por outros municípios e empresas da região para tentar marcar entrevista e contratar os ex-funcionários da John Deere. Acredito que não será difícil para o pessoal voltar ao mercado de trabalho”, explica.
Ainda na avaliação de Ramos, as demissões na unidade de Horizontina não teriam sido motivadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no início de agosto. “Não acredito que esse cenário tenha a ver com as tarifas, porque as colheitadeiras não são vendidas para os EUA. Claro que utilizamos componentes que vêm de lá, mas o Brasil não está aplicando sobretaxa”, conta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Região, é comum que demissões ocorram na John Deere a esta altura do ano, devido ao calendário fiscal da empresa. “O ano fiscal da John Deere começa no primeiro dia de novembro e acaba no final de outubro. Os meses que antecedem o fim do calendário servem para que a empresa programe toda a produção do ano seguinte, fazendo as adequações necessárias na equipe de funcionários”, explica.
Em setembro do ano passado, por exemplo, outros 150 funcionários foram desligados. Meses antes, a John Deere havia suspendido temporariamente os contratos de trabalho, tendo ficado definido que os funcionários passariam por uma qualificação profissional enquanto a empresa aguardava melhora nas vendas, que estagnaram. No total de 2022, a John Deere desligou cerca de 450 trabalhadores.