A avicultura e a suinocultura brasileiras devem encerrar 2025 com desempenho positivo em produção, consumo e exportações. A projeção foi divulgada nesta quarta-feira (20) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em coletiva híbrida de imprensa.
No caso da carne de frango, os números revelam o peso do Rio Grande do Sul nas estatísticas nacionais e o impacto do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) identificado em maio, em uma granja comercial de Montenegro. A produção nacional deverá chegar a 15,4 milhões de toneladas em 2025, crescimento de 3% sobre o ano anterior, e a 15,7 milhões em 2026 (+2%).
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Já as exportações devem somar 5,2 milhões de toneladas em 2025, queda de até 2% frente a 2024, reflexo direto da suspensão de compras por parte da China – que recebia cerca de 40 mil toneladas mensais de cortes brasileiros – após a ocorrência no RS.
“Com a volta da China, poderíamos até empatar. Com a Europa, para onde exportamos 60 mil toneladas por mês, daria até para pensar em um resultado positivo”, ponderou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, apostando ainda em uma recuperação.
Para 2026, entretanto, a entidade projeta retomada, com 5,5 milhões de toneladas exportadas (+5,8%).
No mercado interno, a disponibilidade da proteína deve alcançar 10,2 milhões de toneladas neste ano, alta de 5,4%, permanecendo estável em 2026. E o consumo per capita passará a 47,8 kg em 2025 (+5,1%).
Santin ressaltou que o episódio de Montenegro foi rapidamente contido e que a resposta conjunta dos governos estadual e federal, junto ao setor privado, evitou a disseminação da doença.
“Mostramos, nesse caso, que além de protagonistas no mercado global de proteína de frango, somos também muito responsáveis. E que nossa estrutura de enfrentamento é muito robusta e confiável”, disse.
Os reflexos do caso sobre as exportações gaúchas foram impactantes: de 64,8 mil toneladas embarcadas em abril, houve queda de 20% em maio e nova retração de 22% em junho (40,4 mil toneladas). Em julho, entretanto, o setor voltou a reagir, com crescimento de 14%.
Em relação à produção brasileira de ovos, a projeção é de que deverá atingir 62 bilhões de unidades em 2025, avanço de 7,5% em relação a 2024. Para 2026, a expectativa é de até 65 bilhões de unidades (+4,8%).
As exportações devem somar 40 mil toneladas em 2025, crescimento expressivo de 116,6% frente ao ano passado, e podem chegar a 45 mil toneladas em 2026 (+12,5%). Mesmo em meio às incertezas sobre o comportamento do mercado norte-americano após a sobretaxa imposta pelo governo Trump, o setor já projeta a volta do Chile às compras, o crescimento do Japão como cliente e a consistência da demanda dos Emirados Árabes. Exportadores brasileiros suspenderam temporariamente os embarques para os EUA, à espera de negociações que possam incluir os ovos entre os produtos isentos do tarifaço.
O consumo per capita seguirá em expansão: de 269 ovos por habitante em 2024, passará para 288 unidades em 2025 (+7,1%) e 306 unidades em 2026 (+6,3%).
“O Brasil figura, pela primeira vez, entre os dez maiores consumidores per capita de ovos do mundo. Essa expansão fortalece a proteína como base de segurança alimentar nacional”, destacou Santin.
Na carne suína, as exportações cresceram 12% em volume e 26% em receita de janeiro a julho de 2025 na comparação com igual período do ano passado. E devem alcançar 1,45 milhão de toneladas em 2025, crescimento de 7,2% sobre o ano anterior, avançando para 1,55 milhão em 2026 (+7%). A ABPA projeta que a produção nacional será de 5,42 milhões de toneladas em 2025 (+2,2%) e 5,55 milhões em 2026 (+2,4%).
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Conforme a entidade, a disponibilidade interna deve permanecer praticamente estável, em torno de 3,97 milhões de toneladas, enquanto o consumo per capita passará de 18,6 kg em 2024 para 18,7 kg em 2025 e 18,8 kg em 2026.
Parte do bom desempenho se deve ao fortalecimento das Filipinas, responsável por 22% das exportações brasileiras, superando a China desde 2024 como principal destino da proteína brasileira. O país asiático segue enfrentando surtos de Peste Suína Africana, o que mantém elevada a demanda por importações. México, Singapura e países da América do Sul também ampliam participação.
“A suinocultura brasileira deve atingir novos recordes em produção, consumo e exportações em 2025. A reconfiguração do mercado externo reforçará a posição do Brasil no ranking mundial”, completou Santin.