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Publicada em 22 de Julho de 2025 às 14:28

Ibraoliva cria grupo técnico para unir pesquisa e campo na olivicultura

Iniciativa prevê a criação de um banco de dados, a partir de informações compartilhadas pelos técnicos nas respectivas regiões

Iniciativa prevê a criação de um banco de dados, a partir de informações compartilhadas pelos técnicos nas respectivas regiões

Estância das Oliveiras Divulgação JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com agências
Com agências
O Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) deu um novo passo para fortalecer a cadeia produtiva do azeite nacional ao lançar um grupo técnico voltado à integração entre ciência e prática no campo. A equipe, formada por engenheiros agrônomos e especialistas de diferentes regiões, tem como missão aproximar os avanços da pesquisa acadêmica do cotidiano dos produtores, reunindo dados e experiências para aprimorar o desempenho da olivicultura, especialmente no Rio Grande do Sul – principal polo produtor do País.
Segundo o diretor técnico do Ibraoliva, André Goelzer, o grupo foi concebido com o objetivo de compilar estudos desenvolvidos em universidades brasileiras, como teses de mestrado e doutorado, e traduzi-los em soluções práticas para os desafios enfrentados no cultivo das oliveiras.
Queremos transformar conhecimento técnico em resultados no campo, com foco em produtividade, sanidade das plantas e práticas de manejo mais eficientes”, explica.
A iniciativa prevê a criação de um banco de dados acessível aos associados da entidade, a partir de informações compartilhadas pelos técnicos em suas respectivas regiões. Além disso, está sendo estruturado um fórum técnico-científico, com a realização de palestras online e gratuitas, promovidas a cada 45 a 60 dias. Os encontros terão duração entre 45 minutos e uma hora, sempre com especialistas convidados tratando de temas como manejo agronômico, extração, industrialização e boas práticas nos lagares.
Nos últimos três anos, a produção gaúcha de azeite de oliva foi fortemente impactada por condições climáticas adversas. Em 2023, o Rio Grande do Sul alcançou uma safra recorde, com mais de 580 mil litros produzidos. No entanto, o excesso de chuvas durante a floração e a colheita em 2024 provocou uma quebra de cerca de 67%, reduzindo o volume para 193 mil litros.
Para a safra de 2025, as estimativas indicam uma recuperação parcial, com produção em torno de 300 mil litros, mas ainda abaixo dos patamares anteriores. A oscilação na produtividade tem sido atribuída à irregularidade das chuvas, que ora afetam a formação dos frutos por escassez, ora prejudicam a sanidade das plantas por excesso, evidenciando a importância de ações técnicas coordenadas para adaptação da cultura ao clima.
Goelzer destaca que a proposta também pretende contribuir para mitigar os impactos climáticos, um dos principais entraves à regularidade da produção.
Buscamos oferecer ferramentas para que o produtor consiga enfrentar as intempéries e alcançar uma produção mais estável. Isso também reflete para o consumidor, que terá mais acesso ao azeite nacional com menor variação de preços”, aponta.
Ainda assim, o diretor do Ibraoliva pondera que o produto brasileiro tem características distintas – e superiores – em relação à maior parte dos azeites importados, o que impede uma competição direta baseada em preço.
O mercado externo oferece muito azeite virgem ou até lampante, de menor qualidade. No Brasil, nossa meta é o extravirgem, com alto valor agregado e padrão sensorial superior.
Ao reunir conhecimento técnico, experiências de campo e um canal permanente de atualização, o Ibraoliva pretende fortalecer a base produtiva e dar suporte tanto aos produtores iniciantes quanto aos já consolidados.
A olivicultura é uma cultura de longo prazo, que exige paciência, técnica e visão estratégica. Nosso papel é ajudar a construir um caminho sólido e sustentável para que o setor continue crescendo com qualidade e rentabilidade”, conclui Goelzer.

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