Começa nesta quinta-feira (3) o vazio sanitário da soja no Rio Grande do Sul, um intervalo de 90 dias em que é proibido manter plantas vivas da cultura em qualquer estágio de desenvolvimento. A medida, que se estende até 30 de setembro, ganha nova dimensão no ciclo atual: passou a ser condição para acesso ao crédito rural com juros subsidiados pelo novo Plano Safra 2025/2026, anunciado nesta semana pelo governo federal.
A exigência consta na Portaria nº 1217/2025, publicada pelo Ministério da Agricultura, que também estabeleceu o calendário oficial de plantio da soja no Estado, entre 1º de outubro de 2025 e 28 de janeiro de 2026. O descumprimento das normas pode impactar diretamente o acesso de produtores a linhas como Pronaf, Pronamp e RenovAgro, além de programas voltados à comercialização e custeio.
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A medida tem como principal objetivo o controle da ferrugem asiática, uma das doenças mais severas da sojicultura, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O período sem plantas de soja vivas no campo reduz a presença do inóculo entre safras e limita o avanço da doença na próxima temporada.
“O calendário e o vazio sanitário são estratégias fundamentais para manter a eficácia dos defensivos, garantir produtividade e evitar prejuízos ao agricultor. E agora estão diretamente ligados à política de crédito rural”, destaca o diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Seapi, Ricardo Felicetti.
A correlação entre sustentabilidade agrícola e financiamento foi reforçada na reformulação do Plano Safra. O governo vinculou o acesso a juros mais baixos ao cumprimento de boas práticas agropecuárias, como o manejo integrado de pragas, preservação de nascentes, cobertura vegetal e, como neste caso, o respeito às janelas fitossanitárias regionais.
No Rio Grande do Sul, o programa Monitora Ferrugem RS, coordenado pela Secretaria da Agricultura, segue sendo peça-chave. Com uso de coletores de esporos e dados climáticos, o sistema gera mapas semanais de risco da doença, servindo de referência para produtores e técnicos.
A nova safra de soja deve ser plantada sob regras mais rígidas – e com fiscalização mais próxima. O vazio sanitário, antes tratado como obrigação técnica, agora entra no radar financeiro, pesando na elegibilidade do produtor ao crédito oficial.