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Publicada em 09 de Junho de 2025 às 16:56

Exportações brasileiras de carne de frango caíram 12,9% em maio

Países que mantêm embargo total compraram US$ 380 milhões em carne de frango abril

Países que mantêm embargo total compraram US$ 380 milhões em carne de frango abril

TÂNIA MEINERZ/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com agências
Com agências
Os embargos à exportação de carne de frango brasileira, por conta da confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial de Montenegro, provocaram queda de 12,9% nos embarques em maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 393,4 mil toneladas, contra 451,6 mil em 2024. A redução também aconteceu com a receita dos embarques, que somaram US$ 741,1 milhões, saldo 9,5% menor.
No RS, o baque foi de 8,1% em maio, com a venda de 51,8 mil toneladas. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o Estado, que é o terceiro maior exportador dessa proteína e responsável por 14% dos produtos comercializados, embarcou 308 mil toneladas, crescimento de 4,29% na comparação com o mesmo período de 2024. 
Apesar disso, a proteína manteve viés de alta entre janeiro e maio de 2025. O volume exportado chegou a 2,256 milhões de toneladas, número 4,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 2,152 milhões de toneladas. E a receita chegou a US$ 4,234 bilhões, 10,18% superior aos US$ 3,842 bilhões alcançado no mesmo período de 2024.
“Mesmo com as suspensões aplicadas pelos cerca de 20 mercados, incluindo alguns dos principais destinos das exportações de carne de frango, os embarques se mantiveram próximos das 400 mil toneladas. O impacto, até aqui, foi proporcionalmente menor em relação à relevância no histórico de importações dos países com suspensões aplicadas. Esse é um indicativo de que o redirecionamento de cargas está ocorrendo como forma de manter o fluxo dos embarques no mercado internacional”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Entre os mercados que influenciaram o resultado das exportações de maio estão a China, com importações de 35,8 mil toneladas (-28%), África do Sul, com 25,5 mil toneladas (-20,5%) e México, com 16,6 mil toneladas exportadas (-18,8%). Ao mesmo tempo, as vendas para a União Europeia cresceram 46,2%, com 24,8 mil toneladas registradas no mês.
A queda nos volumes embarcados ocorreu dentro do projetado pelo setor, considerando as suspensões após o registro do foco de Influenza Aviária em granja comercial, situação esta que já foi resolvida. As vendas para China, África do Sul e México retraíram nos patamares esperados. No caso da União Europeia, as vendas para o mercado vinham em ritmo consideravelmente elevado, o que justifica a alta, mesmo com a autossuspensão aplicada na segunda quinzena de maio”, observa o dirigente.
Conforme relatório da consultoria Bateleur, entretanto, a diminuição das vendas pode representar perdas de até US$ 380 milhões mensais. Maior exportador de carne de frango do mundo, o Brasil enfrenta o embargo de mais de 40 países ao produto nacional. Os países que mantêm as portas fechadas aos produtos brasileiros representam cerca de 45% do total exportado. No mês de abril, esses clientes compraram 210 mil toneladas de carne de frango, a um preço médio de US$ 1.811 a tonelada.
A relevância do Brasil no comércio internacional e a alta diversificação dos países de destino do frango brasileiro diminuem os prejuízos potenciais, assim como o fato de que os principais exportadores de frango do mundo também vêm sofrendo com surtos da doença”, destaca o relatório.
O estudo da Bateleur também aponta que, até a notificação dos casos da doença, a conjuntura era positiva para a avicultura brasileira, com um crescimento nas exportações de 10% no acumulado do ano, somado à expectativa de diminuição nos custos a partir de uma safra robusta. Além disso, destaca que a piora do quadro da gripe aviária no Brasil não resulta em fatores negativos somente no âmbito nacional, mas também na oferta global da carne e na dinâmica de preços internacional.
A interrupção parcial das exportações brasileiras representa um choque de oferta relevante no comércio global de proteína animal. Esse movimento tende a gerar distorções de preços nos principais mercados consumidores e acentuar a volatilidade em países dependentes do frango brasileiro”, afirma o sócio da Bateleur, Henrique Trevisan.
No atual cenário, o principal objetivo do Brasil é transformar os embargos nacionais em regionais – impedindo a exportação somente das regiões afetadas. Alguns países, inclusive, já definem o eventual embargo como regional no contrato de comércio com o Brasil, como é o caso dos Emirados Árabes Unidos e do Japão.
Em relação ao excedente de produtos que deixará de ser exportado, o relatório da Bateleur enfatiza que ele deve ser direcionado ao consumo doméstico, aumentando a oferta interna e impactando os preços nos próximos meses.
O volume represado deve gerar uma sobreoferta significativa no curto prazo, o que pode provocar quedas nos preços ao produtor e margens mais apertadas para a indústria”, completa Trevisan.

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