O Brasil chega, nesta quarta-feira (4) ao 14º dia do vazio sanitário para presença da gripe aviária em granjas comerciais. Na metade do prazo estabelecido em protocolos internacionais para que o País possa requerer a volta do reconhecimento como livre da doença em seu sistema de produção, após a confirmação do caso em um estabelecimento de Montenegro, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro projetou que as exportações dessa proteína para os 21 mercados que impuseram embargo total ao produto brasileiro serão retomadas logo após o fechamento do ciclo de 28 dias.
Durante coletiva de imprensa em Brasília, a pasta confirmou que está em investigação uma nova suspeita da enfermidade identificada em um abatedouro de Teutônia. Mas reforçou que a tendência é de que o resultado seja negativo, diante das peculiaridades do caso.
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“Foram identificadas algumas aves com sintomas na chegada ao abatedouro. Foram colhidas amostras, irão para o laboratório e para o painel de monitoramento. E nosso protocolo é investigar tudo. Mas não houve mortalidade de animais”.
Fávaro lembrou há indícios fortes de que o sistema de vigilância e controle sanitário conseguiu conter a doença “com muita eficiência” na granja de Montenegro.
“O vírus é muito letal às aves. Em quatro ou cinco dias não sobraria animal vivo se não tivéssemos controlado. É uma questão protocolar aguardar os próximos 14 dias”, afirmou.
O Ministério considerou natural a queda de 7% verificada nos preços da carne de frango no mercado interno a partir do início dos embargos, por conta do ajuste na oferta. Mas aposta na eficiência das negociações com os países importadores para recuperar rapidamente a maior parte dos embarques.
De acordo com o ministro, o andamento dos diálogos com a China, a União Europeia e o México, importantes parceiros nessa proteína, tem sinalizado tendência de diminuição das áreas com restrição. E as tratativas com algumas nações que manifestaram abertura para discutir a flexibilização já mostraram efeito. Rússia e Kuwait, por exemplo, que inicialmente vetaram importações de todo o Brasil, já recuaram as proibições para o Rio Grande do Sul.
Emirados Árabes Unidos, Japão, Catar e Jordânia restringiram somente o município de Montenegro. E, nesses casos, o Ministério da Agricultura procura negociar para que os vetos fiquem restritos ao raio de 10 quilômetros da granja infectada.
“A União Europeia nos encaminhou um questionário sobre o caso, que já estamos devolvendo com as respostas. A China fez algumas perguntas para entender a situação, sobre os frigoríficos que abatem aves com material genético oriundo da granja de Montenegro. Não podemos afirmar, mas são indícios de que a flexibilização deverá acontecer”, observou o ministro da Agricultura.
A regionalização dos embargos vem sendo negociada junto à União Europeia, Filipinas, África do Sul, Peru, Índia, China, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Albânia, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor Leste, Marrocos, Sri Lanka, Macedônia do Norte e Paquistão. Fávaro explicou, porém, que a abordagem do Brasil aos seus parceiros comerciais deverá ser mais contundente nas negociações a partir de 18 de junho, quando se completam os 28 dias sem a doença no sistema de produção comercial.
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OS EMBARGOS
Suspensão das exportações de carne de aves do Brasil:
China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Peru, Albânia, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Índia, Sri Lanka, Macedônia do Norte e Paquistão.
Suspensão restrita ao Rio Grande do Sul:
União Econômica Euroasiática (UEE - Rússia, Bielorrússia, Armênia, Quirguistão) Arábia Saudita, Kuwait, Reino Unido, Angola, Turquia, Bahrein, Cuba, Montenegro, Namíbia, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia.
Suspensão limitada ao município de Montenegro:
Emirados Árabes Unidos, Japão, Catar e Jordânia.
Ministério pede R$ 135 milhões extras para enfrentar crises sanitárias
Diferente da estimativa de que não havia necessidade de ampliar o aporte de recursos para as ações de controle sanitário quando surgiu o foco de gripe aviária no RS, a pasta reviu posição e encaminhou à Casa Civil uma proposta de Medida Provisória para a liberação de R$ 135 milhões extras. O movimento, explicou Fávaro, se deve à ocorrência de outras três situações sanitárias críticas em andamento no País e do anúncio de restrições orçamentárias pelo Palácio do Planalto.
“Essa restrição, de 53%, com sinalização de 23% até o final do ano, pode comprometer o trabalho. E não podemos deixar isso acontecer. Por isso fizemos o pedido desse dinheiro extra”, finalizou.