Enquanto se multiplicam as investigações de casos suspeitos de Influenza Aviária de Alta Patonegicidade pelo País, a situação no Rio Grande do Sul dá sinais de arrefecimento. De todos os incidentes desencadeados desde a confirmação da presença do vírus em uma granja comercial em Montenegro, apenas um, em Gaurama, no norte gaúcho, ainda não teve resultado das análises laboratoriais divulgado.
Os demais, em Derrubadas, no Noroeste, e Triunfo, na região metropolitana de Porto Alegre, já foram descartados. No Estado, além do foco no Vale do Caí, cuja desinfecção foi concluída ontem (21/5), dando início à contagem dos 28 dias protocolares para confirmação da eliminação da doença em estabelecimentos comerciais no Brasil, outro ponto de atividade do vírus H5N1 é em um recinto de aves aquáticas do zoológico de Sapucaia do Sul, fechado e sob rigoroso controle e manejo sanitário.
Entretanto, a vizinha Santa Catarina tem quatro pontos em análise no painel de monitoramento do Ministério da Agricultura: em Concórdia, Chapecó, Garopaba e Ipumirim, este último também em local de atividade comercial, assim como em Aguiarnópolis (TO). E há ainda suspeitas em Angélica (MS), Salitre (CE) e Eldorado do Carajás (PA), todos para aves silvestres ou domésticas.
Por isso, a cadeia avícola e o Serviço Veterinário Oficial (SVO) estão em alerta total para que não haja retrocessos. A operação em um raio de 10 quilômetros da granja onde 17 mil aves morreram ou foram sacrificadas em Montenegro mobiliza 25 equipes formadas por técnicos do Ministério da Agricultura e da Secretaria da Agricultura do RS, com apoio da prefeitura local, da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros.
A atividade de saneamento do foco, cuja primeira suspeita ocorreu em 9 de maio, foi iniciada no dia 16 e concluída nesta quarta-feira (21). De acordo com o Ministério da Agricultura, todo o material de risco foi manejado adequadamente, com remoção e destruição supervisionadas por profissionais do SVO, conforme determina o Plano Nacional de Contingência.
O local conta com sete pontos estratégicos de controle, com barreiras de trânsito e desinfecção. Uma delas é de bloqueio total, impedindo qualquer passagem, enquanto as outras seis atuam como barreiras de contenção e desinfecção – duas localizadas nos acessos ao foco, dentro do raio de três quilômetros, e quatro na área de vigilância, voltadas à sanitização de veículos que deixam a região. O trânsito de animais e de produtos derivados segue controlado, por meio do sistema de emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA).
Rio Grande do Sul vistoriou 100% das propriedades que ficam no raio de três quilômetros do foco de gripe aviária - agro gaúcho - agronegócio - avicultura - granjas
Seapi/Divulgação/JC
A partir de agora, a dinâmica deve sofrer ajustes nos procedimentos das equipes que estão a campo. Depois de vistoriar todas as 540 propriedades onde havia qualquer possibilidade de presença de aves no raio de 10 quilômetros da granja infectada, o controle ficou restrito à metade desse número. São os locais onde efetivamente os animais foram encontrados. Todos com aves para subsistência, explica o diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanidade Animal da Secretaria da Agricultura, Francisco Lopes.
Ele e cerca de 80 profissionais do SVO seguem em Montenegro, onde as barreiras de desinfecção serão reduzidas nesta sexta-feira de seis para três, no raio de três quilômetros, e outra, de bloqueio, permanecerá vedando acesso à granja. Outra estrutura de vigilância estará montada na RS-124, próximo à entrada do município.
Desde o final de semana passado, os locais com aves dentro da área perifocal já foram visitadas duas vezes, e receberão a terceira vistoria nesta sexta. No sábado, começa a segunda rodada de visitas aos estabelecimentos localizados entre três e 10 quilômetros da granja infectada.
"Ficaremos aqui, talvez com metade da equipe, pelo período de 28 dias estabelecido nos protocolos internacionais para que, se não houver novos focos, o Brasil possa se autodeclarar livre da doença em ambientes de produção comercial. Locais distantes até três quilômetros serão revisados a cada três dias, e os demais, até 10 quilômetros, uma vez por semana".
O médico veterinário observou que as equipes das áreas técnicas do SVO do RS, SC e PR trabalham com um alinhamento de ações e manejos, o que fortalece a confiabilidade e a eficácia do controle. Durante esta semana, dois profissionais do governo catarinense visitaram Montenegro para acompanhar os procedimentos para eliminação do vírus H5N1. E destacaram o auxílio importante da Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA), uma plataforma desenvolvida pela Faculdade Federal de Santa Maria (UFSM), com recursos do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa/RS).
A ferramenta permite acessar, via smartphone, todo o mapeamento das propriedades a serem visitadas, com georreferenciamento. Também permite traçar áreas de atuação e distribuir as equipes pela região, evitando o sombreamento de áreas e dando dinamicidade ao trabalho. A PDSA foi utilizada pela primeira vez em fevereiro de 2024, quando uma ave silvestre infectada foi localizada em Rio Pardo. E foi valiosa no segundo semestre, em Anta Gorda, no caso de Newcastle.
Segundo ele, a confirmação do foco em Montenegro despertou a atenção sobre o caso. Mas notificações de suspeita de doenças em aves ocorrem toda semana pelo País.
"É rotina. Os números que estão sendo comentados por aparecerem no painel de monitoramento do Ministério da Agricultura são normais. Claro que, conforme a peculiaridade das notificações, o SVO avalia a necessidade de ampliar os exames e análises, a fim de confirmar ou descartar os casos", finaliza.
- FOCOS CONFIRMADOS OU SUSPEITOS
- Montenegro (RS) – foco confirmado e com eliminação em andamento
- Sapucaia do Sul (RS) – foco confirmado e em andamento
- Gaurama (RS) – em investigação
- Concórdia (SC) – em investigação
- Chapecó (SC) – em investigação
- Garopaba (SC) – em investigação
- Ipumirim (SC) – em investigação
- Aguiarnópolis (TO) – em investigação
- Angélica (MS) – em investigação
- Salitre (CE) – em investigação
- Eldorado do Carajás (PA) – em investigação
Fonte: Ministério da Agricultura
Coreia do Sul marca inspeção no Brasil para avaliar gripe aviária
Frigoríficos de aves do Paraná devem ser visitados em junho pelos coreanos
Divulgação / LanguiruO governo da Coreia do Sul decidiu organizar uma inspeção presencial no Brasil, para visitar frigoríficos de carne de frango, como condição para reabilitar o comércio com exportadores brasileiros que tiveram suas vendas suspensas após a confirmação do caso de gripe aviária em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Uma visita técnica de auditores coreanos está sendo organizada para ocorrer entre os dias 1º e 13 de junho. Os coreanos pediram para visitar três unidades de produção no Paraná, para facilitar a logística de sua missão, tendo a indicação prévia dessas unidades pelo Ministério da Agricultura.
O pedido partiu da Agência de Quarentena Animal e Vegetal da Coreia (APQA), para reavaliar e aprovar novos estabelecimentos brasileiros exportadores de carne de aves. O Ministério foi questionado sobre a visita prevista pelos representantes da Coreia do Sul, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
A Coreia do Sul foi o 10º maior importador de carne de frango do Brasil em 2024, com 156 mil toneladas compradas. O país aparece como o 4º maior mercado da Ásia para carne de frango do Brasil, atrás de China, Japão e Filipinas, segundo informações da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O Mapa autorizou, em caráter excepcional, o uso de contêineres refrigerados para fazer o armazenamento de frango e produtos derivados, como forma de reduzir o impacto causado pelo surto da gripe aviária, que interrompeu as exportações de frigoríficos brasileiros para dezenas de países. A decisão foi tomada pela pasta nesta quarta-feira (21), após um pedido ser apresentado pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), conforme informações obtidas pela Folha de S.Paulo. Na prática, o setor busca alternativas para evitar prejuízos com a paralisação da cadeia produtiva.