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Publicada em 18 de Maio de 2025 às 13:21

Gripe aviária deixa 12 municípios gaúchos em emergência em saúde animal

Ações de controle buscam  vistoriar todas as 520 propriedades

Ações de controle buscam vistoriar todas as 520 propriedades

Lance Cheung/USDA/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Doze municípios gaúchos estão em estado de emergência em saúde animal, em decorrência da identificação de dois focos de Influenza Aviária da Alta Patogenicidade (H5N1) no Rio Grande do Sul. O decreto assinado pelo governador Eduardo Leite, publicado sábado no Diário Oficial do Estado, é válido por 60 dias e abrange Montenegro, Sapucaia do Sul, Triunfo, Capela de Santana, Nova Santa Rita, Esteio, Canoas, Gravataí, São Leopoldo, Cachoeirinha, Novo Hamburgo e Portão.
Doze municípios gaúchos estão em estado de emergência em saúde animal, em decorrência da identificação de dois focos de Influenza Aviária da Alta Patogenicidade (H5N1) no Rio Grande do Sul. O decreto assinado pelo governador Eduardo Leite, publicado sábado no Diário Oficial do Estado, é válido por 60 dias e abrange Montenegro, Sapucaia do Sul, Triunfo, Capela de Santana, Nova Santa Rita, Esteio, Canoas, Gravataí, São Leopoldo, Cachoeirinha, Novo Hamburgo e Portão.
Na véspera, a Secretaria da Agricultura e o Ministério da Agricultura confirmaram a presença do vírus em uma granja de Montenegro - o primeiro caso em estabelecimento de produção comercial do País - e no Parque Zoológico de Sapucaia. Também na sexta-feira, o Ministério da Agricultura já havia decretado estado de emergência zoossanitária abrangendo uma área de 10 quilômetros ao redor da propriedade onde foi detectada a infecção pelo vírus. 
Na granja, que concentrava 17 mil galinhas poedeiras de ovos com aptidão para frangos de corte, cerca de 15 mil animais começaram a morrer no final de semana anterior, desencadeando a notificação aos órgãos de vigilância sanitária animal do Estado na segunda-feira passada. Após vistoria, as outras 2 mil aves foram sacrificadas na sexta-feira, e iniciou-se o processo de depopulação e desinfecção do local.
Para conter a disseminação da doença, barreiras foram instaladas sábado em locais estratégicos no entorno da propriedade infectada. Veículos que transportam animais, ração e leite estão sendo vistoriados e desinfectados nesses pontos. Cerca de 60 profissionais participam das ações de fiscalização e monitoramento que serão realizadas em raios de três e sete quilômetros da granja infectada – já isolada –, para assegurar que nenhum outro caso passe despercebido.
Os estabelecimentos distantes até três quilômetros são considerados dentro da área de foco. Nesses locais, técnicos do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA) da Secretaria da Agricultura inspecionarão as aves a cada três dias. E as granjas localizadas sete quilômetros fora desse raio serão vistoriadas a cada sete dias, explicou a diretora do Departamento, Rosane Collares.
Ela acredita que as equipes deverão levar cerca de uma semana para chegar a todos os 520 criatórios dentro do perímetro afetado. As medidas serão iniciadas neste sábado. Caso não sejam identificados novos focos, o processo de encerramento do período de emergência será iniciado. Conforme o DDA, o levantamento da interdição na granja será de pelo menos 28 dias. Esse tempo é equivalente a duas vezes o período de incubação da doença. 
Com o episódio no município do Vale do Caí, China, União Europeia, Argentina, Uruguai, Chile, Coreia do Sul e México já suspenderam as importações de todo o Brasil. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltou que o País mantém diversos acordos bilaterais com nações parceiras, prevendo diferentes medidas diante de casos como esse. E que as negociações serão feitas caso a caso, para proteger a avicultura nacional, defendendo a regionalização para reduzir a área de restrição de produtos para embarque. Com isso, pretende minimizar o impacto na economia. Os acordos contemplam restrições somente à área afetada, ao município de Montenegro, ao RS ou mesmo travar as exportações de todo o Brasil.

A pasta ressaltou que países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, por exemplo, já aprovaram a regionalização e que “não há, no momento, restrição generalizada da exportação de produtos de aves do Rio Grande do Sul”.
 

Caso é mais um desafio para o setor após doença de Newcastle

 
Cerca de 15 mil aves que estavam em dois galpões de estabelecimento comercial morreram e outras 2 mil foram abatidas | VITOR ROSA/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC
Cerca de 15 mil aves que estavam em dois galpões de estabelecimento comercial morreram e outras 2 mil foram abatidas VITOR ROSA/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC
O caso é mais um golpe no setor avícola, que há quase um ano enfrentou a Doença de Newcastle em um aviário de Anta Gorda e que mantém até hoje o Rio Grande do Sul fora do roteiro de importações da China e do Chile. E faz disparar um sinal de alerta na região, cuja economia é fortemente apoiada pela atividade avícola, com centenas de estabelecimentos com produção comercial ou de subsistência.
O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango e o maior exportador, com recordes de 5,294 milhões de toneladas embarcadas e de faturamento, com US$ 9,928 bilhões, em 2024. O RS, mesmo com os problemas enfrentados a partir do foco de Newcastle, em julho, exportou mais de 690 mil toneladas, respondendo por cerca de 13% das exportações nacionais desse segmento no ano passado e obtendo receita estimada em US$ 1,3 bilhão, conforme a Asgav.
Tentando manter a serenidade, o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, disse em coletiva de imprensa realizada na sede da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, que confia na qualidade e na eficiência dos órgãos de controle e nas tratativas do governo federal com os países importadores para a rápida resolução do problema e a normalização das vendas.
Santos ressaltou que o consumo de carne de frango e ovos tem crescido e não coloca em risco a população e que espera pelos desdobramentos da situação para definir os próximos passos, com possível redirecionamento de produtos que iriam para destinos eventualmente sob embargo.
“Não estamos 100% protegidos. Há aves migratória que podem transportar o vírus, mas o setor atua fortemente com ações e protocolos de biossegurança e educação dos profissionais que trabalham nos estabelecimentos comerciais para reduzir os riscos. Esse é um problema não do RS, mas da avicultura brasileira. Estamos atentos aos impactos do mercado”.
O dirigente também lembrou que, por se tratar de uma granja parceira de uma grande empresa do setor, há confiança ainda maior no manejo da situação, uma vez que a unidade deverá receber forte aparato de suporte tecnológico.
O secretário da Agricultura, Edivilson Brum, mostrou preocupação com o impacto do caso especialmente sobre a economia de Montenegro, mas também lembrou das dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo gaúcho nos últimos anos. 
“Recentemente, tivemos quatro estiagens e uma enchente. Agora estamos verificando uma nova queda na produção de grãos. Quando o Brasil tem produção recorde e o RS sofre queda, não é porque desaprendemos a plantar". 
Mas reforçou o trabalho para o enfrentamento de enfermidades como essa. Segundo ele, a eficiência do sistema e da estrutura de fiscalização e controle sanitário animal do RS foi testado e apresentou resposta rápida e eficiente no caso da Doença de Newcastle, ocorrido em 2024, o que assegura experiência na condução deste episódio.

Mais de 90 cisnes, patos e outras aves morreram no Zoo de Sapucaia do Sul

Zoológico de Sapucaia está fechado à visitação por tempo indeterminado

Zoológico de Sapucaia está fechado à visitação por tempo indeterminado

REPRODUÇÃO/JC
Pelo menos 90 cisnes, marrecos, patos e outras aves aquáticas morreram infectadas pelo vírus H5N1 da Influenza Aviária no zoológico de Sapucaia do Sul. No recinto havia cerca de 500 exemplares. As aves que sobreviveram estão sendo monitoradas, mas não serão abatidas. As carcaças dos animais mortos são removidas para que os outros não tenham contato, explica Ananda Kowalski, coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola.
Por conta disso, o parque foi fechado já na quarta-feira (14) e segue bloqueado para o público. por tempo indeterminado Segundo ela, o caso exige atenção, porque a enfermidade é de alta letalidade entre as aves e pode também atingir outras espécies. Ananda salientou, entretanto, que as formas de infecção em humanos são por inalação ou pelo contato da carcaça, fluidos e resíduos de animais afetados com os olhos, nariz e boca.
Outra medida adotada pelos órgãos de vigilância foi a interdição e a proibição da visitação do pavilhão das aves na Expoleite Fenasul, que termina neste domingo no parque Assis Brasil, em Esteio. Ali, 65 exemplares que participam da mostra estão isolados desde quinta-feira em uma “bolha de proteção”, como definiu o diretor adjunto do Departamento de Vigilância Sanitária Animal, Francisco Lopes. E já estão retornando aos estabelecimentos de origem.
Eventos como exposições, torneios e feiras com aves foram suspensos por tempo indeterminado pelo governo gaúcho. Mas antes, em 26 de março, o Ministério da Agricultura havia publicado a Portaria nº 782, suspendendo por 180 dias, em todo o território nacional, a realização de eventos com aglomeração de aves.
A medida foi motivada pela ameaça iminente de reingresso do vírus H5N1 no Brasil, especialmente devido ao surgimento de novos focos da doença em países da América do Sul. A portaria condiciona a realização desses eventos à avaliação da situação epidemiológica de cada Estado e à apresentação de um plano de biosseguridade, com a descrição das medidas de prevenção e controle para mitigar o risco de introdução e disseminação da doença.

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