O agropecuarista José Paulo Cairoli assumirá em janeiro, pela terceira vez, a presidência da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack. A nova diretoria foi definida nesta quinta-feira (5) em reunião da entidade. Ele substituirá Mariana Tellechea, que está no comando desde 2023.
Criador de bovinos Angus Brangus e eqüinos crioulos e produtor de soja na Reconquista Agropecuária, com sede em Alegrete, Cairoli pretende dar sequência à consolidação do programa de carne certificada Angus, com mais de 20 anos e presente em 11 Estados e no Distrito Federal. A entidade pretende, ainda, fortalecer a participação em exposições importantes para divulgação da raça, com ênfase para a Expoutono, de Uruguaiana, a ExpoChapecó e a Expointer.
“Também pretendemos estreitar nossa relação com criadores de Brangus. Vemos de forma muito positiva a combinação das duas raças, e por isso teremos o presidente da Associação Brasileira de Brangus, Antonio Carlos Corrêa Osório, na diretoria de Fomento da nossa gestão”.
O pecuarista comemora, igualmente, a expansão do Ultrablack pelo País, e entende que há espaço para ampliar ainda mais a presença desses animais nas regiões de clima mais próximo do tropical. Os bovinos Ultrablack têm ¼ de sangue zebuíno, o que ajuda animais de raças europeias a enfrentar ambientes de maior temperatura, por exemplo. Paralelamente, exemplares brangus apresentam 3/8 de sangue de zebu.
Cairoli mostra entusiasmo e expectativa positiva com os preços atuais da carne bovina no mercado, após dois anos de baixa. O período de retração nas cotações da commodity também provocou queda nas exportações, venda e abate de matrizes.

Mariana Tellechea, presidente da Associação brasileira de Angus
THAYNÁ WEISSBACH/JC
A avaliação coincide com a de Mariana Tellechea, para quem 2024 foi um ano desafiador, com preço do boi muito deprimido e difícil para comercialização. Mas o ano foi positivo para venda de carne certificada.
“Tivemos um crescimento de 8% ano passado. As exportações, no ano passado, cresceram quase 65%. Então, apesar de todo um ano mais complicado para a pecuária brasileira, a carne Angus certificada conseguiu se superar e crescer”, conta Mariana.
Um dos destaques da atual gestão foi a aprovação da aceitação de cruzamento entre animais angus com as raças leiteiras Holandês e Jersey - sempre com mais de 50% de sangue Angus, entre outros critérios – dentro do programa de carne certificada. A mistura já é desenvolvida em outros países, como nos Estados Unidos, por meio do programa Beef & Diary, unindo carne e leite. Iniciativas com ótimos resultados já vêm sendo alcançadas no Paraná e no Rio Grande do Sul.
“É extremamente interessante para os produtores de elite. Eles precisam de uma vaca produzindo leite. Inseminando com Angus, os terneiros, que não tinham finalidade, entram em confinamento e no programa de carne certificada”, conclui a pecuarista.