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Publicada em 03 de Novembro de 2024 às 13:46

Brasil amplia diálogos para entrar no Conselho Oleícola Internacional

Presidente do COI, Jaime Lillo, mostrou entusiasmo com a qualidade do azeite de oliva produzido no RS

Presidente do COI, Jaime Lillo, mostrou entusiasmo com a qualidade do azeite de oliva produzido no RS

NESTOR TIPA JÚNIOR/AGROEFFECTIVE/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com agências
Com agências
Uma comitiva do Conselho Oleícola Internacional (COI) visitou o Rio Grande do Sul na semana passada, em missão para verificar o trabalho e as potencialidades da olivicultura na região. O grupo, liderado pelo diretor executivo do COI, o espanhol Jaime Lillo, conheceu olivais de cinco empreendimentos que produzem azeite extravirgem com os rótulos Recanto Maestro, em Restinga Seca; Puro, em Cachoeira do Sul; Prosperato, Don José e Vila do Segredo, as três últimas em Caçapava do Sul.
Segundo maior consumidor do produto no mundo, o Brasil está expandindo a produção, especialmente no Rio Grande do Sul. Embora a quantidade produzida nacionalmente ainda seja pequena, estudos da Embrapa indicam que há mais de 1 milhão de hectares propícios para o cultivo de oliveiras.
A ampliação dessa produção depende de um crescimento sustentável, organizado e com parcerias estratégicas. E a parceria mais importante que enxergamos é com o Conselho Oleícola Internacional", disse o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes.
A última da comitiva internacional foi justamente no Olival Vila do Segredo, pertencente a Fernandes. Ali foi feita uma apresentação aos produtores e representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre o cenário da olivicultura mundial e os projetos do órgão internacional. Lillo se disse impressionado na primeira visita oficial do COI à região.
"O que mais me impressionou foi a qualidade dos azeites que provamos. Todos os produtores que visitamos produzem azeites de alta qualidade. Além disso, a mentalidade dos produtores é notável. É evidente que o Brasil é uma grande potência agroalimentar e, embora esteja apenas começando no setor de azeite de oliva, já se percebe essa bagagem, essa capacidade e a visão de longo prazo, além da abordagem empresarial no agronegócio", destacou.
O dirigente também comentou sobre o pleito de produtores e do governo brasileiros para conquistar um assento no COI. Segundo ele, um dos objetivos da visita, e que também será explorado em reuniões previstas para esta semana em Brasília, é compreender o interesse do setor e do Mapa na pauta.
"Acreditamos que este é um excelente momento, pois o Brasil possui um grande potencial de desenvolvimento no setor. Sendo parte do COI, haverá uma conexão direta com o conhecimento e com a comunidade internacional do azeite de oliva, o que pode beneficiar muito o crescimento da olivicultura no País. Para nós, seria uma grande satisfação contar com o Brasil no COI, pois isso traria ainda mais riqueza e diversidade ao nosso conselho e fortaleceria o papel de um país tão importante como o Brasil", observou.
Presente ao evento, a coordenadora geral de qualidade vegetal do Mapa, Helena Pan Rugeri, disse que a pasta tem trabalhado intensamente para alcançar uma regulamentação equilibrada, adequada ao sistema competitivo e ao mercado internacional, focando na estruturação, fiscalização e aprimoramento constante das ferramentas de controle e na defesa do mercado interno e externo.
"Apesar dos desafios, estamos comprometidos em garantir a qualidade do setor e em manter o alto padrão pelo qual nossos produtos são conhecidos lá fora", informou.

Helena salientou que há um trabalho conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir a regulamentação de óleos compostos.
"Entendemos que é essencial o Mapa também atuar nesse campo, reforçando o controle e a qualidade dos azeites compostos com oliva. Temos uma equipe técnica altamente qualificada, que compreende o produto e o processo e colabora com o setor para promover seu desenvolvimento. A interação entre o setor público e o privado, bem como com instituições internacionais, é essencial para que o Brasil tenha voz no cenário mundial. Mesmo que ainda sejamos pequenos em termos de produção, é fundamental que possamos participar das decisões no Conselho Oleícola Internacional, representando os interesses tanto do nosso setor produtivo quanto do consumidor brasileiro", frisou.
Renato Fernandes, do Ibraoliva disse ao Jornal do Comércio ter convicção de que conquistar uma cadeira e direito a voto no COI é um passo muito importante para o setor. “Poderemos tomar decisões em conjunto com outros países do bloco, como Argentina e Uruguai, que já fazem parte do comitê. Além disso, teremos acesso a informações das reuniões do órgão, o que atualmente não acontece”.
O dirigente defende a intensificação da demanda junto ao Mapa e ao governo federal para que assumam a responsabilida de integrar o COI.
“A vocação oleícola do País está sendo vista pelos europeus. Eles já entenderam que aqui é um espaço importante para o desenvolvimento da atividade. Tenho expectativa, inclusive, de que, no futuro, tenhamos investimento externo no setor, gerando emprego, renda e impostos para o Brasil. Hoje, tudo isso beneficia os países que exportam para o Brasil”.
Ainda na semana passada, o Ibraoliva promoveu um coquetel para jornalistas, formadores de opinião e importadores de azeite de oliva em São Paulo. E, ao longo desta semana que se inicia, uma comitiva da entidade deverá participar de uma série de agendas em Brasília. Apresentados pelo Mapa, os líderes do Ibraoliva pretendem conversar com representantes de diversos ministérios, além de encontrar parlamentares da bancada gaúcha para amplificar o tema.

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