Nesta quinta-feira, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) recebeu parlamentares federais e estaduais para discutir a situação do agronegócio gaúcho e os problemas que vêm sendo enfrentado pelos produtores após as enchentes que devastaram o Estado. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, destacou a excepcionalidade do momento e a necessidade de apoio para que a situação fiscal não deteriore diante das perdas ocorridas em maio de 2024. As informações são da assessoria da entidade.
"Nossos produtores se descapitalizaram. Se não vierem medidas de exceção, nós vamos ter uma quebra de safra muito grande para o próximo ano, por falta de capital", disse o líder ruralista.
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Pereira pontuou que vê com preocupação a relação atual com o Ministério da Agricultura. "De saída, tivemos uma relação muito boa (com o ministro Carlos Fávaro), mas a partir do momento em que contestamos a importação de arroz, houve um corte de diálogo".
Nesta quinta-feira, Fávaro disse à Folhapress que houve uma especulação em cima da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul. Mas que o aviltamento dos preços não partiu dos produtores.
"Há um mês e meio, o arroz tipo 1, longo, fino, pacote de 5 quilos estava em torno de R$ 25 a R$ 27 no mercado brasileiro. Após a tragédia do Rio Grande do Sul, subiu para R$ 35 a R$ 40. E a especulação não veio do produtor", afirmou.
O ministro apontou que quando o Brasil abriu o mercado, sem impostos, o País conseguiu importar 263,3 mil toneladas a um preço variando de R$ 24,98 a R$ 25 por pacote de 5 quilos.
"Isso mostra qual é a realidade do mercado mundial de arroz, posto no Brasil, e tudo que passa disso é especulação, tudo é o lado perverso da tragédia".
Para Fávaro, a judicialização do leilão por entidades do setor e por políticos foi "uma conspiração contra o povo brasileiro, uma vez que o arroz faz parte da alimentação básica."
Durante a reunião na Farsul, o economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, apontou que a situação do produtor, do ponto de vista do crédito, é extremamente delicada, visto que o Estado já havia sofrido com duas estiagens seguidas antes das enchentes atingirem o território. "Os produtores carregam passivos elevados dentro do sistema de crédito rural tradicional", declarou.
Da Luz informou que foi realizado um pedido de linha de crédito especial para o Governo Federal, de 15 anos, com dois anos de carência e 3% de juro. "Nós não estamos pedindo algo que não existe no Brasil, e só não temos isso porque o Rio Grande do Sul não dispõe de um fundo constitucional como outras regiões do País", completou.
Participaram do encontro os senadores Hamilton Mourão e Ireneu Orth, além da assessoria do senador Paulo Paim. Também estiveram presentes os deputados federais Alceu Moreira, Any Ortiz, Lucas Redecker, Marcel van Hatten, Pedro Westphalen, Pompeo de Mattos, Reginete Bispo e Tenente Coronel Zucco, e os deputados estaduais Airton Artus, Aloísio Classmann, Capitão Martim, Carlos Búrigo, Delegada Nadine, Delegado Zucco, Edivilson Brum, Felipe Camozzato, Frederico Antunes, Guilherme Pasin, Joel Wilhelm, Luciano Silveira, Marcus Vinícius e Patrícia Alba.