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Publicada em 23 de Abril de 2024 às 19:01

Agronegócio gaúcho faturou 20,1% menos com exportações no 1º trimestre

Entre os objetivos, está a possibilidade de ampliar a inserção comercial do País no mercado global

Entre os objetivos, está a possibilidade de ampliar a inserção comercial do País no mercado global

WILSON SONS/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
O faturamento do agronegócio gaúcho com exportações caiu 20,1% nos primeiros três meses de 2024. Foram US$ 2,86 bilhões, ante US$ 3,59 bilhões arrecadados no mesmo período do ano passado, aponta levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a pedido do Jornal do Comércio.
O faturamento do agronegócio gaúcho com exportações caiu 20,1% nos primeiros três meses de 2024. Foram US$ 2,86 bilhões, ante US$ 3,59 bilhões arrecadados no mesmo período do ano passado, aponta levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a pedido do Jornal do Comércio.
O saldo da balança comercial, entretanto, foi de US$ 2,5 bilhões, uma vez que o Rio Grande do Sul importou US$ 363 milhões em produtos desse segmento da economia. De acordo com a entidade, esse montante equivale a uma alta de 45% sobre igual período do ano passado.
Em volume, o Estado embarcou para outros países 4,69 milhões de toneladas, correspondendo a uma queda de 10% na comparação com o período de janeiro a março de 2023. E importou 728,6 mil toneladas, ou 162% a mais.
Nas exportações, os destaques do Estado são para o fumo e seus produtos, que venderam 100 mil toneladas por US$ 612,2 milhões (saldo de US$ 601 milhões), e as carnes, cujo faturamento foi de US$ 520,2 milhões no trimestre (US$ 511,3 de saldo), para um embarque de 265,7 mil toneladas.
Nesse segmento, porém, a performance foi negativamente representativa, com queda de 20,5% em relação ao trimestre que abriu 2023. A carne bovina foi a que sofreu menor tombo, com 5,6% no faturamento, enquanto cortes de frango e suínos tiveram queda de 21% e 23%, respectivamente, analisou o assessor de Relações Internacionais da Farsul, Renan Hein dos Santos.
O complexo soja vem a seguir, com 982,1 mil toneladas exportadas e US$ 471 milhões em receita. No primeiro trimestre de 2023, entretanto, o Estado embarcou 1,2 milhão de toneladas, arrecadando US$ 805,6 milhões.
"O Rio Grande do Sul, neste início de ano, ficou muito atrasado em relação a outros Estados brasileiros, que negociaram antecipadamente a oleaginosa. São as múltiplas estiagens que tivemos nos últimos anos apresentando a fatura e deixando nossos estoques muito baixos. Mas a tendência é melhorar ao longo deste ano, já que teremos uma safra muito boa e os preços dessa commodity vêm apresentando recuperação. Quem puder segurar pode fazer vendas interessantes no segundo semestre".
O assessor da Farsul também destacou a queda de 28,9% nas receitas com a venda externa de trigo, de US$ 512,3 milhões nos três primeiros meses do ano passado para US$ 366,5 milhões em 2024, para um volume praticamente idêntico do cereal, na casa das 1,7 milhão de toneladas. O excesso de chuva durante o cultivo da última safra prejudicou a qualidade do cereal e derrubou preços, disse Santos.
A incógnita para os próximos meses é o mercado de proteína animal. Segundo o especialista, as vendas desses produtos, especialmente de frango, podem ser bastante impactadas se o conflito de Israel com o Hammas, na Faixa de Gaza, e, mais recentemente, com o Irã sofrer uma escalada na região. Ele lembrou que as rotas de navegação já vêm sendo comprometidas pelos ataques dos houthis, do Iêmen, mesmo sem relação com as disputas, e acabarem sendo bloqueadas.
 

Balança comercial do setor cresceu 2,8% de janeiro a março no País

No País, o agronegócio fechou o trimestre com superávit acumulado de US$ 32,23 bilhões - crescimento de 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme números do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento. De acordo com a fundação, as exportações do setor somaram US$ 36,83 bilhões, enquanto as importações, US$ 4,60 bilhões - valores 2,9% e 3,7%, respectivamente, acima dos observados em 2023.
Em termos de participação, as importações do agro nacional representaram 7,78% do total no primeiro trimestre de 2024, mantendo-se relativamente estável ante igual período anterior. O volume exportado entre janeiro e março deste ano apresentou leve queda de 0,13% em comparação com os três primeiros meses de 2023, chegando a 47,06%.
Conforme o Ipea, a balança comercial do agronegócio apresentou expressiva recuperação em março em comparação à estabilidade observada nos dois primeiros meses do ano. Enquanto o setor apresentou superávits de US$ 9,83 bilhões em janeiro e US$ 9,99 bilhões em fevereiro, o saldo comercial em março atingiu a marca de US$ 12,42 bilhões.
Ainda que esse movimento de alta observado em março represente o início do período de maior comercialização de produtos do agronegócio durante os próximos meses, o superávit mensal verificado foi 13,3% inferior ao observado no mesmo mês de 2023.

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