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Publicada em 04 de Abril de 2024 às 17:42

PIB da soja cresce 21% em 2023, mas não recupera renda do produtor

Cadeia da soja empregou no ano passado 2,3 milhões de trabalhadores, número recorde desde 2012

Cadeia da soja empregou no ano passado 2,3 milhões de trabalhadores, número recorde desde 2012

LUIZ CHAVES/PALÁCIO PIRATINI/divulgação/JC
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O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel apresentou expressivo crescimento em 2023, de 21,03%, mas o aumento foi insuficiente para recuperar a renda real dos produtores rurais. Os dados envolvendo a soja foram apresentados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel apresentou expressivo crescimento em 2023, de 21,03%, mas o aumento foi insuficiente para recuperar a renda real dos produtores rurais. Os dados envolvendo a soja foram apresentados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O crescimento em 2023 foi registrado em todos os setores da cadeia, principalmente "dentro da porteira" (o que envolve a plantação propriamente dita), com 39,2%. Os agrosserviços subiram 16,58%, enquanto a agroindústria cresceu 6,82% e os insumos apresentaram alta de 6,24%.
"É um desempenho muito positivo se considerarmos que o (aumento do) PIB do país foi de 2,9%", afirmou a pesquisadora do Cepea Nicole Rennó, professora da Esalq/USP.
Apesar do robusto crescimento da cadeia da soja e do biodiesel, como os preços no decorrer do ano passado não foram bons - caíram 21,79% -, a renda dos sojicultores recuou 5,34% no ano passado.
"Todo esse aumento de volume não se reverteu em aumento de renda real na mão do agente da cadeia produtiva", disse.
A pesquisadora, porém, afirmou que a queda não pode ser considerada grande, já que o indicador de renda depende de preços e os preços agropecuários e industriais são muito voláteis. "Então essa queda de 5,34%, ainda frente ao patamar de 2022, que teve um patamar bem elevado de renda, não é um resultado ruim", disse.
Esse revés nos preços em 2023 deve se desfazer e retomar a trajetória de longo prazo do setor, na avaliação do coordenador científico do Cepea, Geraldo Barros.
Conforme o Insper Agro Global, um dos motivos para o preço cair internacionalmente foi o forte crescimento da produção da Argentina. A estimativa é que a safra 2023/2024 do país vizinho chegue a 50 milhões de toneladas, mais que o dobro das 22,3 milhões de toneladas produzidas na safra anterior.
A safra 2022/2023 foi atingida por uma forte seca, que levou à pior produção em uma década. A franca ascensão da produção da Argentina e o consequente retorno do país ao mercado global, segundo o Insper, exigem atenção.
A cadeia da soja empregou no ano passado 2,3 milhões de trabalhadores, número recorde desde 2012, quando havia 1,14 milhão de empregados no setor.
Em 2022, eram 2,094 milhões, o que significa que o crescimento no intervalo de um ano foi de 10,74%, conforme o pesquisador do Cepea Rodrigo Peixoto da Silva. Desde 2012, não houve um ano sequer sem crescimento nos postos de trabalho ligados à soja.
Os empregos estão concentrados principalmente no setor de agrosserviços (1,63 milhão), seguido pelas lavouras (479,9 mil), insumos (128,6 mil) e agroindústria (75,5 mil).
A consultoria Datagro publicou estudo que mostra redução na projeção da safra de soja 2023/2024 no País, de 147,3 milhões de toneladas para 146,3 milhões de toneladas. A nova estimativa leva em conta irregularidades climáticas que prejudicaram as lavouras.
O levantamento, porém, confirma o 17º ano seguido de ampliação de área plantada com a oleaginosa, 1,9% acima da safra 2022/2023. A área plantada subiu de 44,684 milhões de hectares para 45,530 milhões.

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