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Publicada em 04 de Abril de 2024 às 16:56

No lançamento da Expoleite, produtores reclamam por apoio ao setor

Lançamento da Fenasul Expoleite foi marcado por um brinde com leite na Secretaria da Agricultura

Lançamento da Fenasul Expoleite foi marcado por um brinde com leite na Secretaria da Agricultura

RODRIGO ZIEBELL/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
Teve brinde com leite e sorrisos no encerramento do evento de lançamento da Fenasul Expoleite 2024, nesta quinta-feira (4), no pátio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em Porto Alegre. Mas antes, porém, o ambiente foi de forte cobrança pela adoção de medidas de apoio aos produtores por parte dos governos estadual e federal. A mostra ocorre de 15 a 19 de maio, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com entrada franca.
Teve brinde com leite e sorrisos no encerramento do evento de lançamento da Fenasul Expoleite 2024, nesta quinta-feira (4), no pátio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em Porto Alegre. Mas antes, porém, o ambiente foi de forte cobrança pela adoção de medidas de apoio aos produtores por parte dos governos estadual e federal. A mostra ocorre de 15 a 19 de maio, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com entrada franca.
Presidente da Gadolando, da Febrac e coordenador da Comissão de Leite e Derivados da Farsul, Marcos Tang trouxe ao evento ações adotadas por governos de outros estados para pedir a mobilização do Piratini para desestimular as importações. Ele reclamou duramente do não comparecimento do governador Eduardo Leite ao evento. Quem participou foi o vice, Gabriel Souza. De acordo com a agenda oficial, Leite participaria de uma reunião com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, no Palácio Piratini, e do Seminário Estratégia de Governo Digital e TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). 
“Sinto muito a ausência do governador. Mas, para não derramar lágrimas, vamos homenagear quem está aqui”, disse o dirigente, em referência a Gabriel. Na sequência, emendou um esboço do cenário de dificuldades enfrentado pelos produtores de leite do Estado e do País. E pediu ao setor.

Leia mais: Enchentes agravam situação do setor leiteiro no Rio Grande do Sul

“A importação desenfreada (de leite em pó da Argentina) foi uma gota em um balde já cheio de problemas. Tivemos estiagens e enchente. Paradoxalmente, no ano de enchente tivemos lugares com seca. Silagem ruim, custo de produção alto, importação. E ouvimos que não dá pra fazer nada, porque é (atribuição da) esfera federal. Mas devo dizer que alguns governos estaduais tiraram muitas autoridades da zona de conforto, porque estão tomando medidas locais. E temos de fazer algo”.
Tang se referia a medidas adotadas pelo governo de Minas Gerais, que condicionou a manutenção de incentivos fiscais a empresas que utilizarem leite nacional em suas produções e desestimulando as importações. Enquanto espera alguma ação efetiva do governo federal para conter a entrada do produto argentino, subsidiado na origem, por conta dos termos do acordo de livre comércio do Mercosul, o produtor gaúcho pede que o Piratini adote iniciativas similares às implantadas na terra do pão de queijo.
O Rio Grande do Sul sempre foi vanguarda. Seremos, agora, os últimos”, lamentou o dirigente, avaliando que a faixa de protesto estendida em agosto passado, na Expointer, surtiu mais efeito fora do que dentro do Rio Grande do Sul.
Ele também cobrou das indústrias gaúchas o cumprimento do "tema de casa", ao lembrar que o Estado consome apenas 40% do leite produzido, mas não exporta, porque as empresas não teriam se habilitado. "Por isso, não temos onde colocar a produção. Sem esquecer que o produtor de leite não vende, mas entrega seu produto, uma vez que só saberá quanto irá receber pelo litro cerca de 40 dias depois. E nosso custo médio de produção está acima dos valores que estamos recebendo".
O apelo de Tang teve eco na fala do presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, que destacou a diminuição do número de produtores nos últimos anos, de 80 mil para pouco mais de 30 mil no Rio Grande do Sul. "Desses 30 e poucos mil que resistem, 80% são pequenos agricultores. E, ao contrário de quem defende que a atividade avançou para um patamar de poucos grandes produtores, entendemos que tem de haver espaço e condições para todos".
O presidente da Farsul, Gedeão Silveira Pereira, que abriu sua fala fazendo um carinho ao vice-governador, a quem agradeceu pela presença, reafirmou a preocupação com o setor leiteiro. E apontou a necessidade de cumprir contratos do Mercosul, que chamou de “Mercovem” em relação aos produtos do agronegócio. Gedeão lembrou que outros segmentos da agropecuária, como o arrozeiro, por exemplo, após período de grande dificuldade, encontraram o caminho das exportações para recompor as contas. E que esse caminho deverá, no futuro, ser percorrido também pelo leite.
“Mas, enquanto isso não acontece, e já que o Governo Central não está tomando nenhuma medida contra importações subsidiadas, especialmente da Argentina – a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) contratou uma auditoria para apurar o montante aportado ao setor leiteiro naquele país para apresentar números ao governo brasileiro e cobrar medidas restritivas – (...), temos que criar alguma coisa, a exemplo de Minas Gerais e outros estados, para proteger nossa produção contra a concorrência desleal”, pediu.

Vice-governador pedirá estudo à Secretaria da Fazenda

Gabriel Souza destacou ações do governo em apoio ao agronegócio

Gabriel Souza destacou ações do governo em apoio ao agronegócio

RODRIGO ZIEBELL/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC
Quando assumiu o microfone, Gabriel Souza não escondeu o desconforto com a crítica de Tang à ausência de Eduardo Leite. Mas prometeu dar encaminhamento aos pedidos sobre medidas tributárias.
“O governador não veio, pediu que eu viesse. Espero que eu seja bem-vindo, assim como fui na sua posse na Febrac. E quero dizer que temos, sim, um governo que reconhece e valoriza a atividade rural”, engatou.
O vice-governador elencou ações que destacou como importantes para a atividade agropecuária, como investimentos em rodovias, reduzindo custos de frete para o leite, o combate à criminalidade, inclusive o abigeato, e o incentivo à irrigação. Por fim, assumiu o compromisso de levar ao governador o pedido da adoção de medidas em apoio à produção nacional de leite.
Souza avisou que irá solicitar à Secretaria da Fazenda a elaboração de um estudo sobre a viabilidade de implantar medidas tributárias locais para incentivar as indústrias a preferirem o produto nacional ao importado.
“É um bom momento para discutir questões tributárias. O Estado precisa do equilíbrio financeiro para investir também no setor. E não se consegue equilíbrio financeiro fazendo estripulias tributárias. Precisamos ter responsabilidade”, finalizou.
Certo é que o parque de Esteio terá intensa programação durante a Fenasul Expoleite, que tem papel fundamental na aproximação do produtor rural com o consumidor final e também para o fortalecimento da cadeia leiteira. Nos pavilhões dos animais, bovinos, bubalinos e caprinos serão destaques leiteiros. Mas equinos crioulos, que participarão inclusive de uma etapa classificatória ao Freio de Ouro, e manga-larga também estarão no parque, além de outras espécies e. As indústrias de equipamentos para o setor também estarão em Esteio.
Para Marcos Tang, a Expoleite é um evento que deve ser valorizado também como espaço de oportunidades de negócios no outono. “Além da exposição ao consumidor da qualidade do leite produzido, com qualidade, sanidade e segurança alimentar, pilares dos quais não abrimos mão, a feira também é oportunidade para mostrar ao mercado a alta genética dos animais e encaminhar a comercialização de matrizes. São negócios que acontecem depois, nas propriedades, mas importantes para o produtor”, avaliou o dirigente.

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