Com um desempenho de queda de 5% no volume de abates e também na produção de carne de frango no ano passado em relação a 2022, o setor gaúcho reforçou o alerta e traçou uma agenda intensa de iniciativas para estancar o momento negativo em 2024. Em análise feita nesta quarta-feira, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs) apontou como uma das prioridades o avanço do diálogo com o governo do Estado para manter os incentivos fiscais sob a mira do Piratini, bem como a reforma tributária federal.
Com um desempenho de queda de 5% no volume de abates e também na produção de carne de frango no ano passado em relação a 2022, o setor gaúcho reforçou o alerta e traçou uma agenda intensa de iniciativas para estancar o momento negativo em 2024. Em análise feita nesta quarta-feira, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs) apontou como uma das prioridades o avanço do diálogo com o governo do Estado para manter os incentivos fiscais sob a mira do Piratini, bem como a reforma tributária federal.
Na série histórica desde 2013, os abates de frangos de corte registraram tímido aumento de 5,9%, saindo de 758 milhões de aves abatidas para 802 milhões. O volume produzido cresceu 16%. E as exportações tiveram desempenho positivo de 3,9%, de 711 mil toneladas para 739 mil enviadas em 2023. Mas a receita com os embarques no ano passado caiu 3,9%, somando US$ 1,4 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão em 2022. Em volume, a queda foi de 2,1%, ficando em 739 mil toneladas em 2023.
A desvantagem competitiva das indústrias do Estado em relação às demais unidades da Federação, por questões logísticas que elevam os custos, e o impacto dos eventos climáticos extremos que atingiram o Vale do Taquari, uma das principais regiões produtoras, impuseram a redução na performance em 2023. Por isso, a Asgav sustenta que é preciso, urgentemente, avançar nas negociações com o governo do Estado. E o Grupo de Trabalho da Proteína Animal, criado no ano passado, é o fórum onde deverão ser apresentados todos os números e demonstrar a importância de preservar uma condição tributária que já não é a ideal.
“Temos, também, de minimizar os efeitos da reforma tributária federal, que vem para melhorar, para otimizar. Mas ainda tem muitos pontos obscuros que nós precisamos trabalhar muito para evitar que recaia sobre o setor uma carga maior do que nós vivemos no atual sistema tributário. A medida provisória da reoneração da folha, que foi publicada, também está em discussão. Então, tudo são coisas ainda que estão no ar, não sabemos o real impacto que isso vai gerar na avicultura de corte e na produção de ovos”, observa o presidente executivo da entidade, José Eduardo dos Santos.
Não por acaso, a chamada guerra fiscal entre os estados seria um dos fatores que fazem mais de 50% dos produtos avícolas consumidos no Rio Grande do Sul em 2023 terem origem em outras unidades. A crise no setor tem levado indústrias a ingressarem com pedidos de recuperação judicial. E não foram poucas, conforme o presidente do Conselho Diretivo da Asgav, Nestor Freiberger. Entre elas está a Languiru, de Teutônia, que em 2021 abateu cerca de 30 milhões de aves e interrompeu as atividades.
Reflexo do momento difícil aparece também no volume de investimentos feitos pelas empresas do setor no Estado. Foram R$ 179 milhões em 2023, valor 42,5% inferior aos R$ 311 aportados no ano anterior.
Agora, um novo aspecto entra no radar das indústrias de transformação de proteína animal. A redução do preço do milho em mercados de mato Grosso e Minas Gerais, por exemplo, de onde boa parte desse insumo é trazida ao Rio Grande do Sul, pode desestimular os produtores em safras futuras. E, com menor oferta, em efeito cascata, a própria produção de aves pode precisar ser ajustada ou redirecionada a outros mercados.
Essa, aliás, é uma das saídas vislumbradas pela entidade para assegurar a continuidade da cadeia. No ano passado, o volume embarcado também caiu. Foram 2% em volume e 3,9% em receita, na comparação com 2022. A intenção é ampliar os negócios externos para reequilibrar a balança.
Internamente, a entidade reconhece que se não conseguir preservar os incentivos fiscais no Estado e ainda houver impacto importante da reforma tributária sobre o setor, será inevitável repassar parte da conta ao consumidor. Mas assegura que o foco ainda será manter os produtos ao alcance do público.
“A gente tem que analisar o histórico do setor. O setor repassou, como vários outros, mas nunca para espantar o nosso consumidor. Temos também uma responsabilidade social de fornecer proteína saudável e acessível à população. Alimentação é essencial. No mundo, há 700 milhões de pessoas passando fome”, ressalta Santos.
Já no segmento da indústria e produção de ovos, houve um aumento de 63,49% desde 2013, chegando a 228 mil toneladas em 2023, representando aproximadamente 3,2 bilhões de ovos produzidos no Estado. A receita das exportações também teve um expressivo crescimento, de 91%, alcançando US$ 21 milhões em 2023. Os embarques de ovos do Rio Grande do Sul fecharam o ano de 2023 com 6,2 mil toneladas enviadas ao exterior, contra 2,7 mil toneladas exportadas no ano de 2022, uma alta de 126,2%.
"Em 2023, o setor conseguiu equilibrar a situação e buscou recuperação. O expressivo aumento nas exportações de ovos também é efeito da incidência da influenza aviária no exterior, em especial nos Estados Unidos, que dizimou quase 70 milhões de aves poedeiras, e em consequência, baixou a produção e oferta de ovos no país e nos seus clientes, além da inflação dos alimentos na União Europeia em detrimento ao conflito Rússia versus Ucrânia", conclui o presidente executivo da Asgav.