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Grãos

- Publicada em 15 de Setembro de 2023 às 19:16

Mapa aceita proposta do RS e amplia calendário de semeadura da soja

Tendência de safra cheia na America do Sul sinaliza redução de preços no primeiro semestre de 2024

Tendência de safra cheia na America do Sul sinaliza redução de preços no primeiro semestre de 2024


:Wenderson Araujo/Trilux/Divulgação JC
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) acolheu proposta encaminhada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, de regionalizar o calendário de semeadura da soja, dividindo o Rio Grande do Sul em três regiões. A confirmação se deu com a Portaria SDA/Mapa nº 886, de 12 de setembro de 2023.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) acolheu proposta encaminhada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, de regionalizar o calendário de semeadura da soja, dividindo o Rio Grande do Sul em três regiões. A confirmação se deu com a Portaria SDA/Mapa nº 886, de 12 de setembro de 2023.
O texto alterou o calendário de semeadura de soja da safra 2023/2024, incluindo também os Estados do Paraná, Rondônia e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul ficaram definidas três regiões e prazos para o plantio: Região Sul-Sudeste, de 1º de outubro a 18 de janeiro de 2024, contemplando 110 dias; Região Norte-Nordeste, de 1º de outubro a 28 de janeiro de 2024, possibilitando 120 dias; e Região Campos de altitude, de 1º de outubro a 8 de janeiro de 2024, com cem dias para semeadura.
A medida foi construída após diversas reuniões técnicas, inclusive durante a realização da 46ª Expointer, em busca de uma solução para os produtores, que, inicialmente, haviam perdido 40 dias para o plantio, em comparação com o período 2022/2023.
“O calendário original do Mapa indicava apenas cem dias para a semeadura da soja, de forma homogênea, o que não atendia às realidades prática e técnica do cultivo da cultura no Estado. Após muita negociação, o governo federal acenou com a regionalização e, em comum acordo, Farsul, Fecoagro, Ocergs, Fetag, Federarroz, Emater e Secretaria da Agricultura indicaram a divisão adequada das áreas do Rio Grande do Sul e o período mais indicado para cada uma delas. Ficou bom para todos”, avalia o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Farsul), Elmar Konrad.
De acordo com o secretário da Agricultura, Giovani Feltes, em conversas com as entidades ligadas ao setor surgiu a idéia da regionalização, desde que algumas áreas que efetivamente demandam uma janela maior de semeadura, em função dos cultivos anteriores de milho e as especificidades da colheita das culturas de inverno - que têm grande importância para os produtores locais - pudessem ser observados até 120 dias de semeadura.
“O Ministério entendeu a importância de se criar condições favoráveis para o desenvolvimento do milho e da soja nas mesmas áreas, a fim de proporcionar segurança na cadeia da produção agropecuária do Rio Grande do Sul, que é afetada fortemente pela safra do milho, além de fortalecer medidas fitossanitárias e o enfrentamento da ferrugem asiática no Estado”, diz Feltes.
Para o diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV), Ricardo Felicetti, a alteração do calendário beneficia não só os produtores rurais, como a economia do Estado. “Poderia haver uma redução de oferta e agravamento no abastecimento de milho, implicando importações do grão de outros Estados, o que, por sua vez, impactaria nos custos de produção da cadeia da agropecuária do Rio Grande do Sul, com reflexos na sua competitividade”, afirma, lembrando que o aumento do prazo de semeadura minimiza esses efeitos na cadeia produtiva.

Clima favorável sinaliza safras cheias no Brasil e na Argentina, com preços em baixa

A Farsul estima um pequeno aumento na área plantada com soja na safra 2023/2024, especialmente na Metade Sul, sobretudo em lavouras rotacionadas com arroz. Na região, foram plantados na safra passada 505 mil hectares de soja e 831 mil hectares de milho, no sistema sulco-camalhão.
Projeção inicial da Safras & Mercado, com base em consulta a produtores, cooperativas, corretoras de grãos e outros parceiros ligados ao setor, dão conta de que o Rio Grande do Sul deverá ter uma área de 6,6 milhões de hectares cultivada com soja, podendo chegar a 6,8 milhões de hectares. Por conta das condições climáticas favoráveis, a safra gaúcha não deverá baixar de 21 milhões de toneladas, quase um terço superior à do último período. E, no País, a expectativa é de uma produção de 163 milhões de toneladas da oleaginosa.
“Safra cheia no Brasil, aliada a uma produção também alta na Argentina, favorecida pelo El Niño, deverão colocar no mercado sul-americano uma grande oferta de soja. E, com isso, uma tendência de baixa nos preços para os primeiros meses de 2024”, projeta o analista da Safras Luiz Fernando Roque.
A tendência é de recuperação na produção do sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul. Ainda que o El Niño possa gerar alguns problemas no Norte e no Nordeste, até mesmo no Centro Oeste, dificilmente a safra nacional será menor à colhida no verão passado, pondera o analista.
Segundo ele, a recuperação na produção da Argentina é o grande vetor para reduzir os preços internacionais. O país vizinho deverá sair de uma safra quebrada em 2022 para colocar pelo menos 45 milhões de toneladas no circuito, o dobro da última colheita, afetada pela estiagem.