Uma reunião está agendada para o final da manhã desta quarta-feira (17) na sede da Cooperativa Piá, em Nova Petrópolis. Nela, membros da diretoria e dos conselhos de administração e fiscal deverão tentar definir os rumos da empresa, que enfrenta falta de capital de giro para pagar os produtores de leite.
Na segunda-feira (15), parte dos valores que fornecedores vinculados à cooperativa deveriam ter recebido nos dias 10, 11 e 12 pelo produto entregue em abril teria começado a ser paga. A quantia necessária para quitar também a dívida com aqueles cujo recebimento deveria ocorrer nos dias 15 e 16 ultrapassaria seria de R$ 10 milhões.
A Piá vem procurando obter recursos no mercado, mas esbarra no receio de agentes financeiros em aumentar a dívida e o risco de inadimplemento. Apesar do faturamento de R$ 605,1 milhões, o resultado operacional em 2022 foi de R$ 62,2 milhões negativos.
Produtores suspeitam que a cooperativa esteja priorizando pagar fornecedores de maiores volumes, considerados estratégicos para a atividade e que interessariam à concorrência. Enquanto isso, créditos menores seguiam em aberto. Nesta terça-feira, já caiu o volume de leite recebido na planta de processamento da Piá, reflexo do receio dos cooperados por entregar e não receber.
O Jornal do Comércio tenta há cerca de um mês contato com o presidente, Jeferson Smaniotto, sem retorno. Na segunda-feira, a empresa que presta assessoria de comunicação à Piá disse que o pagamento de produtores de leite está “rigorosamente em dia” e que “estão tentando criar uma crise que não existe”. O que existe, sim, são dificuldades. Reforçou que a cooperativa possui R$ 224 milhões em imóveis. Deste valor, apenas R$ 48 milhões estão em garantia de empréstimos.
Texto produzido após a assembleia geral realizada no final de março, encaminhado pela assessoria, destaca a diminuição, pelo quarto ano seguido, do percentual de endividamento sobre a receita da Piá, que fechou o ano de 2022 com um total de 20.336 associados. O índice, que chegou a 20,7%, em 2019, caiu para 12,7%. Diz também que o balanço de 2022 foi aprovado.
De acordo com o presidente Smaniotto, ainda conforme o texto, a redução do endividamento é resultado da reestruturação que a cooperativa vem fazendo nos últimos anos, priorizando o pagamento em dia de seus produtores e funcionários. E que, como parte deste choque de gestão, a Piá reduziu o número de funcionários em 20,5% sobre os 767 colaboradores do final de 2021.
O dirigente afirmou, na ocasião, que o resultado "não compromete a operação da cooperativa e nem onera o associado que mantém relacionamento com a Cooperativa". Durante a assembleia, ele destacou a instabilidade do mercado leiteiro no Rio Grande do Sul no último ano, com o aumento da competição. Mesmo assim, segue o texto, a Piá captou um total de 101 milhões de litros de leite fornecidos por 1.302 produtores. Já os fornecedores de frutas para a produção de doces e iogurtes chegaram a 282, diz o texto. Procurada novamente nesta terça-feira pelo JC, a empresa prometeu uma posição oficial na tarde desta quarta-feira.
O dirigente afirmou, na ocasião, que o resultado "não compromete a operação da cooperativa e nem onera o associado que mantém relacionamento com a Cooperativa". Durante a assembleia, ele destacou a instabilidade do mercado leiteiro no Rio Grande do Sul no último ano, com o aumento da competição. Mesmo assim, segue o texto, a Piá captou um total de 101 milhões de litros de leite fornecidos por 1.302 produtores. Já os fornecedores de frutas para a produção de doces e iogurtes chegaram a 282, diz o texto. Procurada novamente nesta terça-feira pelo JC, a empresa prometeu uma posição oficial na tarde desta quarta-feira.
Ao longo da segunda e da terça-feira, porém, fornecedores de leite de diferentes regiões seguiam relatando não terem recebido o pagamento por parte da cooperativa. Em meio a incertezas e temores entre produtores que dependem da remuneração pelo leite para pagar suas contas, a diretoria da cooperativa tem se envolvido em tratativas para encontrar uma saída. Ainda na sexta-feira, reuniões foram realizadas para identificar e buscar alternativas. Técnicos da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs) chegaram a participar, convidados pela Piá.
“Preservando a característica de não intervenção, cada vez que uma cooperativa nos requisita, procuramos auxiliar. Nesse caso, sugerimos a formação de parcerias, o que não acontece de um dia para o outro. Nossa preocupação maior é, sempre, que o produtor tenha seu trabalho remunerado”, disse nesta segunda-feira o presidente da entidade, Dirceu Pedro Hartmann.
Já o líder da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Paulo Pires, lamentou a situação. “A FecoAgro-RS é uma organização das cooperativas, e nossa comunicação se dá com quem tem o dia a dia de cada uma delas. Com as diretorias. Quando há alguma demanda específica, tentamos ajudar. Não houve nenhuma por parte da Piá. Mas crises se constroem dentro de casa. É uma pena que a Piá esteja passando por essa dificuldade. É uma grande marca, uma grande cooperativa.”


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