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Estiagem

- Publicada em 24 de Janeiro de 2023 às 17:33

Ação do clima sobre as lavouras afeta cotação de commodities

Atualmente, a saca de soja em Cruz Alta é cotada em R$ 177

Atualmente, a saca de soja em Cruz Alta é cotada em R$ 177


CNA/DIVULGAÇÃO/JC
Claudio Medaglia
A ação climática sobre as lavouras ao redor do mundo vai definindo safras e acomodando mercados e cotações ante a relação de oferta e demanda. E, neste momento de calor intenso e pouca chuva sobre o Rio Grande do Sul, as atenções se voltam para algumas das principais commodities agrícolas, como milho, soja e trigo, cujos parâmetros de preços mudaram muito nos últimos anos.
A ação climática sobre as lavouras ao redor do mundo vai definindo safras e acomodando mercados e cotações ante a relação de oferta e demanda. E, neste momento de calor intenso e pouca chuva sobre o Rio Grande do Sul, as atenções se voltam para algumas das principais commodities agrícolas, como milho, soja e trigo, cujos parâmetros de preços mudaram muito nos últimos anos.
A saca da oleaginosa, por exemplo, que em 30 de março de 2019 custava R$ 74, foi a R$ 95 um ano depois. Na mesma data em 2021, a cotação era de R$ 167, e no ano passado alcançou R$ 187, conforme Valdir José Fontana Marques, proprietário da Corretora Grãofortte, de Ibirubá.
“Atualmente, a saca colocada em Cruz Alta é cotada em R$ 177. E, a se confirmarem as tendências de momento, os preços deverão mesmo se manter nesses patamares, uma vez que a safra americana já foi colhida e a argentina pode sofrer nova revisão, passando de 55 milhões de toneladas para 40 milhões, justamente por conta da seca”, pondera o corretor, para quem a produção brasileira deverá ficar em torno de 130 milhões de toneladas, já considerando uma quebra aproximada de 15% sobre as 152 milhões estimadas inicialmente pela Companhia Nacional de Abastecimento.
Para ele, a cotação de R$ 177 para a saca é remuneradora ao produtor. Aquele que colher acima de 25 sacas por hectare já terá coberto seus custos. Mas a média na região do Alto Jacuí tem sido de 70 sacas. Marques observa, entretanto, que o momento é incerto para o grão, por conta do cenário mundial de recessão. A China, que tradicionalmente importa em torno de 60 milhões de toneladas do Brasil, vive período de menor crescimento, e isso afeta a demanda.
“Por outro lado, a Argentina, que nunca importou soja brasileira, fez uma aquisição no começo de janeiro. Os vizinhos já não tinham oferta em 2022, e agora vivem novo momento delicado. E aqui, se a quebra for maior, exportaremos mais farelo e óleo de soja”, diz o analista.
Já no milho, a situação complicada no Rio Grande do Sul já preocupa grandes empresas produtoras de aves e suínos, que temem não encontrar no mercado gaúcho o insumo suficiente para atender a demanda nos alojamentos dos integrados. O estado precisa de uma safra cheia para chegar perto de uma produção capaz de abastecer esse segmento.
“Mas a quebra na produção deve superar os 50%, talvez chegar aos 70%. A alta procura por matéria-prima pode levar a fornecedores do Centro-Oeste, com custos extras de ICMS e frete. A saca de milho, que em dezembro custava R$ 86 em Arroio do Meio e Marau, hoje está a R$ 96”, pontua Marques.
Entretanto, a relação com o mercado externo é favorável para o grão nacional. O corretor da Grãofortte acredita que o Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos nas exportações de milho, por conta do aumento de área plantada e na produtividade.
“Além do mais, a China, que impunha restrições à compra de variedades geneticamente modificadas, abriu mão dessa condição e mais do que triplicou o volume negociado. As exportações brasileiras do cereal, que em todo o janeiro de 2022 totalizaram 6 milhões de toneladas, já chegaram a 7 milhões de toneladas somente nos primeiros 10 dias deste ano. E cerca de 4 milhões foram para a China”, diz Valdir Marques.
Por outro lado, o trigo enfrenta problema diferente. Com uma safra recorde e a retomada do interesse do produtor na cultura, a dificuldade agora é escoar a produção. Da última safra, cerca de 2,5 milhões de toneladas já foram negociadas, mas pode não haver tempo para exportar volumes maiores, porque a partir de março o Porto de rio Grande dá prioridade aos embarques de soja.
“O trigo é uma interrogação. O que fazer? A saca hoje negociada a R$ 85 em Cruz Alta já custou R$ 98. É um dilema para o produtor”, conclui o corretor da Grãofortte.
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