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Clima

- Publicada em 23 de Janeiro de 2023 às 17:44

Um terço dos municípios gaúchos declararam emergência pela estiagem

Milho registra quebra de 53% na média, oscilando de 20% a 80%

Milho registra quebra de 53% na média, oscilando de 20% a 80%


FECOAGRO-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Claudio Medaglia
A escassez de chuvas fez com que o Rio Grande do Sul chegasse, nesta segunda-feira (23), à marca de 167 prefeituras com declaração de situação de emergência (até as 17h). O número corresponde a um terço dos municípios gaúchos, mais concentrados nas regiões Central, Fronteira Oeste, Missões e Campanha. E, nas lavouras, as perdas vão sendo consolidadas.
A escassez de chuvas fez com que o Rio Grande do Sul chegasse, nesta segunda-feira (23), à marca de 167 prefeituras com declaração de situação de emergência (até as 17h). O número corresponde a um terço dos municípios gaúchos, mais concentrados nas regiões Central, Fronteira Oeste, Missões e Campanha. E, nas lavouras, as perdas vão sendo consolidadas.
Levantamento divulgado na sexta-feira pela Rede Técnica de Cooperativas (RTC) nas áreas de atuação de 21 entidades associadas indica que até na soja os problemas já estão se agravando. Para a cultura, é esperada uma perda de 16% na safra, até o momento, mas já há alguns locais onde o prejuízo chega a 40%. E a produtividade média estimada caiu de 3,49 mil quilos por hectare para 2,94 mil quilos.
Mas o maior estrago está mesmo nas lavouras de milho. O cereal mostra quebra de 53% na média, oscilando de 20% a 80%, conforme o local, atingindo plantações estabelecidas no cedo e as mais tardias. O cenário gera apreensão e até um certo desânimo no presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS), Paulo Pires.
“O apoio do governo do Estado é importante, mas em relação à agricultura familiar. Para o agronegócio, importa mesmo é a participação da União, de quem não temos tido atenção desde a visita da ex-ministra da agricultura Teresa Cristina, em 13 de janeiro de 2022. Nada aconteceu desde então, e o novo governo ainda está se estruturando. Está complicado”, avalia.
Por isso, o dirigente aplaude a iniciativa anunciada pelo Sistema Ocergs, de investir R$ 300 milhões nos próximos cinco anos em todos os sete ramos do cooperativismo: agronegócio, saúde, crédito, infraestrutura, transporte, trabalho e educação. O recurso, oriundo das próprias cooperativas, deverá ser aplicado conforme demanda de projetos em cada área, para treinamento, capacitação e gestão, por exemplo, segundo o presidente da Ocergs, Darci Pedro Hartmann.
A entidade está ampliando o programa de educação e de profissionalização com o desenvolvimento do cooperativismo gaúcho. Com base no Plano Gaúcho de Cooperativismo – RSCOOP150, o sistema planeja investir esse recurso na capacitação de cerca de 400 mil pessoas. E as cooperativas agropecuárias deverão estar contempladas, já que é preciso buscar caminhos para reduzir os danos provocados pelo clima.
"As estiagens são uma realidade recorrente no Rio Grande do Sul. Para combatê-las, precisamos de investimento permanente e de medidas estruturais, não paliativas, para mitigar as perdas", diz Hartmann.
As cooperativas do setor agropecuário representam 71% do faturamento do sistema no Rio Grande do Sul, alcançando R$ 51,2 bilhões em 2021. Com a seca do ano passado, o rendimento foi afetado em cerca de R$ 5,7 bilhões, calcula o dirigente da Ocergs. Em 2021, o faturamento do agro representava 9% do PIB do Rio Grande do Sul.
Embora não tenha detalhado como será feita a capacitação do setor, Darci Hartmann reforçou o entendimento de que é preciso qualificar os profissionais para que o setor consiga mostrar competitividade ante as dificuldades enfrentadas.
“Os desafios dos produtores de proteína animal são enormes, com a estiagem arrasando com as lavouras de grãos essenciais para a alimentação dos plantéis e a elevação dos custos com suplementação, por exemplo. Então precisamos reforçar o apoio”.
A entidade também deve atuar politicamente, potencializando as discussões com órgãos estaduais sobre a questão da reservação de água.
“O Estado costuma ter chuvas acima da média no outono, no inverno e na primavera. Mas ainda assim continuamos perdendo safras porque não conseguimos armazenar água para os três meses de menor precipitação. Temos de estreitar as relações com os órgão de Meio Ambiente, com o Ministério Público, para resolver isso. Se tiver de mudar a lei, temos de mudar”, pontuou, referindo-se às áreas de preservação permanente, onde não é permitido construir estruturas de retenção e armazenagem.
Para Paulo Pires, da FecoAgro, a capacitação é mesmo o papel da Ocergs. “Esse é um projeto legítimo da organização. Essa é a sua função. Foi uma vitória enorme termos conseguido repetir em 2022 praticamente os mesmos resultados do ano anterior (a Ocergs ainda não tem os dados totalizados). Aliás, projetos, sempre temos”, ressalta Pires.
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