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Tecnologia no Campo

- Publicada em 29 de Dezembro de 2022 às 16:10

Brasil do Agro 4.0 leva o RS na garupa da inovação

Ricardo Balardin, da DigiFarmz, observa lavoura de soja em estação experimental em Itaara, onde são desenvolvidas pesquisas da empresa

Ricardo Balardin, da DigiFarmz, observa lavoura de soja em estação experimental em Itaara, onde são desenvolvidas pesquisas da empresa


DIGIFARMZ/DIVULGAÇÃO/JC
Claudio Medaglia
A Revolução 4.0 está em curso e chegou com força ao agronegócio. No Brasil, o setor está na vanguarda do uso da digitalização na agricultura, maximizando o retorno econômico, preservando recursos e protegendo o meio ambiente. É o que mostra a terceira edição do Relatório Radar AgTech (www.radaragtech.com.br) sobre o mapeamento das startups do agro no País.
A Revolução 4.0 está em curso e chegou com força ao agronegócio. No Brasil, o setor está na vanguarda do uso da digitalização na agricultura, maximizando o retorno econômico, preservando recursos e protegendo o meio ambiente. É o que mostra a terceira edição do Relatório Radar AgTech (www.radaragtech.com.br) sobre o mapeamento das startups do agro no País.
O documento, desenvolvido e divulgado pela Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens Consultoria e Pesquisas Empresariais, mostra 1,7 mil iniciativas ativas espalhadas pelo Brasil. Desse total, 133 estão no Rio Grande do Sul, em 39 municípios, com ênfase em Porto Alegre (48) e Santa Maria (16).
De acordo com Luiz Ojima Sakuda, sócio da Homo Ludens e co-coordenador do Radar AgTech, as startups apresentaram resiliência e cresceram muito desde 2019, apesar dos cenários adversos interna e externamente. Elas mostram um agronegócio mais tecnológico e quanto isso pode ajudar no atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“As AgTechs do agro são aliadas do desenvolvimento sustentável e podem ajudar o País a se posicionar do ponto de vista internacional, inclusive. Para se ter uma idéia, nossos relatórios anteriores do Radar AgTech foram produzidos em português e inglês. Mas agora teremos também uma versão em mandarim”, observa.
Ele destaca a importância do ecossistema de inovação para os clusters - sistemas que conectam computadores em redes para que trabalhem de maneira conjunta no processamento de tarefas complexas, resolução de problemas ou integridade de dados. E, nesse ponto é possível perceber quanto o Rio Grande do Sul pode precisa avançar no segmento.
“A cidade de São Paulo é conhecida por ser um hub muito importante. É, de longe, o município brasileiro com o maior número de AgTechs (370). Isso se deve a um ecossistema bastante robusto, tanto no ponto de vista da inovação como de negócios”, ressalta.
Agtechs agregam eficiência e rentabilidade ao setor
A expansão também acontece no Estado. De linhas de confecção de moda com materiais extraídos do campo até a produção agropecuária propriamente dita, antes, dentro e depois da porteira, as AgTechs agregam inovação, eficiência, escala e rentabilidade a um setor cada vez mais competitivo e internacionalizado. Inteligência artificial, análise de big data, computação em nuvem, tecnologias de informação e comunicação, internet das coisas e robótica, por exemplo, estão na rotina de um número crescente de empresas que fazem a chamada agricultura inteligente.
É o caso da Prediza (www.prediza.io), de Caxias do Sul. Por meio de inteligência artificial e internet das coisas, a empresa desenvolveu uma plataforma de análise preditiva para oferecer soluções nas áreas da agricultura, meio ambiente e energia limpa. Criada em 2018 pelo cientista da computação Jeferson Rodrigues, a Prediza atua em todo o Brasil, fazendo antecipação de cenários de risco nas áreas de geração de energia, meio ambiente e agricultura.
“Nesse segmento, por exemplo, podemos, a partir dos cálculos projetados pela nossa plataforma, apontar as chances do surgimento ou não de determinadas doenças e ponderar sobre a pertinência do uso de defensivos agrícolas”, explica o sócio-fundador da Prediza.
Rodrigues lembra que o custo de um hectare de videiras para produção de vinhos de valor agregado, por exemplo, gira em torno de R$ 36 mil. E assegura que a economia, com a gestão adequada dos parreirais, pode superar os 40%.
“Oferecemos, com a segurança dos modelos testados e validados, informação e apoio para auxiliar o cliente na tomada de decisões. É um trabalho de reeducação e conscientização do produtor”.
Co-fundador e CEO da DigiFarmz Smart Agriculture, de Porto Alegre (www.digifarmz.com), o engenheiro agrônomo Alexandre Monteiro Chequim vê no papel das startups do setor um importante compromisso no auxílio para potencializar a produção de alimentos mundo afora.
“O agro tem limitações, mas um potencial até quatro vezes maior do que oferece como resultado atualmente. Nossa missão é contribuir para que o produtor seja mais assertivo e eficiente”.
A DigiFarmz, fundada em 2017 e atuando no mercado desde 2019, é uma plataforma digital que combina dados de pesquisas, informações climatológicas, genética de cultivares, datas de semeadura, local e outros parâmetros, para apresentar recomendações inteligentes que auxiliam produtores, agrônomos e consultores no manejo fitossanitário das doenças da soja, do trigo e do milho, apresentando parâmetros para uma melhor tomada de decisão. A base de dados, em constante expansão, possibilita também uma otimização dos recursos e investimentos na lavoura, contribuindo com a redução do impacto ao meio ambiente. Isso permite elevar em até 40% a produtividade nas lavouras, diz Chequim, que comanda a empresa ao lado do sócio, Ricardo Balardin.
“As AgTechs dão uma valiosa contribuição ao setor e ao País, por meio do desenvolvimento de negócios, geração de emprego e renda, fortalecimento da produção primária e da Nação. O Rio Grande do Sul é agro, mas esteve muito atrasado na transformação digital. Agora estamos em aceleração. Esse ecossistema ainda vai se desenvolver muito”, aposta.
De Vacaria, na Serra, a Agriexata (www.agriexata.com.br) presta serviços de consultoria agronômica em agricultura de precisão. Desde 2021, a empresa ajuda e incentiva produtores rurais na utilização de ferramentas digitais, como plataformas, imagens de satélites, uso e interpretação de sensores biofísicos, mapeamento digital dos atributos físicos e químicos do solo.
“As AgTechs precisam ir ao campo, para medir a capacidade, ver a necessidade dos produtores, desenvolver ferramentas e softwares de acordo com a necessidade do produtor. Se o produtor entender vantagens na prática, se o sistema melhorar a vida dele, com certeza vai investir”, diz o CEO, Márcio Santos.
Ele considera “interessante e importante” desenvolver junto com o produtores as suas soluções. Muitas vezes, soluções prontas não correspondem à realidade do cliente.
“Eles vão te mostrar os problemas. Muitas vezes, eles conhecem seus gargalos, só não sabem resolver. Minha empresa faz isso: entende o problema e procura uma solução viável”, explica Santos.
Para a Drakkar (www.drakkar.com.br), empresa de tecnologia líder em projetos de Agricultura de Precisão no Brasil, com sede em Santa Maria e fundada em 2006, a economia brasileira tem como motor econômico a agricultura, e desenvolvê-la tecnologicamente não é luxo, mas necessidade.
“Podemos dobrar a produção, consumindo a metade dos recursos necessários. No entanto, temos que aumentar o uso de tecnologias de forma exponencial. Há ainda muitas 'avenidas' de crescimento com a inserção de novos conceitos de produção e isso desperta o interesse de muitas novas startups e investidores. Sem dúvida, essa combinação de fatores irá incentivar e acelerar a transformação digital do agronegócio brasileiro”, diz o CEO, Alan Acosta.
Segundo ele, em um mundo cada vez mais tecnológico, o agronegócio não ficará de fora. Com a demanda crescente por alimentos, fibras e, agora, energia (biocombustíveis) e a redução da mão de obra disponível, o aumento de tecnologias, uso e eficiência das mesmas, será o caminho que as novas gerações de produtores rurais deverão seguir. Entretanto, nesta jornada digital, as propriedades precisam passar por uma transformação tecnológica e cultural, que envolve máquinas, pessoas e processos.
“Novos profissionais estão surgindo para amparar essa nova demanda de mercado, como o agrônomo digital, profissional especializado na implantação e execução de projetos tecnológicos de alto impacto nas operações agrícolas. Ele fará a gestão de máquinas semi autônomas, conjuntos de sensores, plataformas digitais, aplicativos em celulares, tudo conectado à informações de satélites na órbita da terra”, conclui Acosta.
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