Os custos de produção continuam pressionando as margens para a produção de ovos no Rio Grande do Sul. Insumos como milho, soja, energia elétrica e embalagens tiveram encarecimento maior do que o produto vendido nas granjas para o varejo. Segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), entre março de 2020 e junho de 2022, o preço médio de uma caixa com 30 dúzias de ovo branco saiu de R$ 109,00 para cerca de R$ 157,00, um avanço de 44%. Já a caixa de 30 dúzias de ovo vermelho evoluiu, em média, de R$ 127,00 para R$ 176,00, um aumento de quase 39%.
Mesmo que a alta seja maior que a da inflação para o período, está ainda abaixo do avanço dos custos de produção. “Se pegarmos apenas o milho, que dita o custo sendo o principal insumo para a ração das aves, em março de 2020 oscilava perto de R$ 55,00 a saca (60kg). Em 2021, o preço chegou a R$ 105,00. É um aumento de quase 100%. Agora houve uma pequena redução e chegou a R$ 95,00 em maio. Ainda assim, é um aumento na casa dos 70%. E isso falando só do milho. Ainda tem energia elétrica e embalagem plástica”, afirma o presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos.
“O setor ainda vem trabalhando com margens apertadíssimas e se esforçando para continuar produzindo uma proteína que é alternativa. Essa é a nossa realidade. Inclusive, houve períodos trabalhando com prejuízo no ano passado. Ajustes (de preço) foram feitos para o setor não entrar em colapso” complementa ele.
Ainda segundo a Asgav, o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que mais consome ovos, com taxa de consumo de 265 unidades por habitantes - o que demanda até mesmo a aquisição de ovos em outros estados para suprir esta demanda.
Por outro lado, no País, as exportações no setor estão em franco crescimento no ano. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de ovos (entre in natura e processados) aumentaram 33,5% em maio. Ao todo, foram exportadas 628 toneladas no período, contra 470 toneladas em maio de 2021. Em receita, houve elevação de 138,6%, com US$ 1,9 milhão em maio deste ano, contra US$ 797 mil no quinto mês do ano passado.
No acumulado do ano (janeiro a maio), foram exportadas 6.188 toneladas, número 21,1% maior que as 5.108 toneladas exportadas nos cinco primeiros meses de 2021. Em receita, houve incremento de 59,3%, com US$ 11,1 milhões em 2022, contra US$ 7 milhões em 2021.
“O setor de ovos vem incrementando sua presença internacional ao longo dos últimos anos. O desempenho registrado nos cinco primeiros meses de 2022 é o maior registrado desde 2016. Além de gerar divisas para o Brasil, o aumento das exportações é uma contramedida ao quadro desafiador imposto pelos custos de produção”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Um nicho dentro do setor que também registra alta no ano é o de exportação de material genético avícola. De acordo com a associação, as exportações brasileiras de material genético avícola (incluindo ovos férteis e pintos de um dia) acumulam alta de 13,2% em 2022. Ao todo, foram embarcadas 5,2 mil toneladas entre janeiro e abril deste ano, contra 4,6 mil toneladas.
Em receita, as vendas de material genético totalizaram US$ 54,6 milhões, resultado 19,3% superior ao registrado no primeiro quadrimestre de 2021, com US$ 45,8 milhões.
No comparativo mensal, as exportações de material genético avícola totalizaram 1,2 mil toneladas em abril deste ano, 4,9% a mais que o registrado no mesmo período de 2021, com 1,1 mil toneladas. Com estes embarques, o setor gerou receita de US$ 13,4 milhões, desempenho 33,8% superior aos US$ 10 milhões obtidos em abril do ano passado.
Avaliando por segmento, as exportações de pintos de um dia alcançaram 82 toneladas em abril, número 7,3% maior que as 76 toneladas efetivadas em 2021. Nos primeiros quatro meses de 2022, as vendas internacionais do segmento chegaram a 317 toneladas, volume 19,2% menor que as 392 toneladas registradas no ano anterior.
“O quadro produtivo global segue demandado por material genético avícola, frente aos impactos da crise sanitária de Influenza Aviária em diversos grandes produtores. O Brasil, que nunca registrou a enfermidade no território, se mantém como um importante fornecedor destes insumos de alto valor agregado para os mercados importadores”, avalia Santin.