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Assembleia Legislativa

- Publicada em 01 de Novembro de 2021 às 18:47

Teto de Gastos gaúcho opõe deputados de oposição e governo

Projeto do Piratini abre caminho para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e deve ser votado em novembro

Projeto do Piratini abre caminho para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal e deve ser votado em novembro


MARCELO G. RIBEIRO/ARQUIVO/JC
Protocolado há poucos dias na Assembleia Legislativa, o projeto que institui um teto de gastos no Rio Grande do Sul já desperta polêmica. Os deputados estaduais do PT – que compõe a maior bancada de oposição ao governo Eduardo Leite (PSDB) – lançaram uma nota nesta segunda-feira argumentando que a limitação dos gastos com serviços públicos pode aumentar a pobreza no Estado. Por outro lado, o Palácio Piratini sustenta que o mecanismo pode garantir o equilíbrio das contas públicas e a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
Protocolado há poucos dias na Assembleia Legislativa, o projeto que institui um teto de gastos no Rio Grande do Sul já desperta polêmica. Os deputados estaduais do PT – que compõe a maior bancada de oposição ao governo Eduardo Leite (PSDB) – lançaram uma nota nesta segunda-feira argumentando que a limitação dos gastos com serviços públicos pode aumentar a pobreza no Estado. Por outro lado, o Palácio Piratini sustenta que o mecanismo pode garantir o equilíbrio das contas públicas e a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
De um modo geral, a matéria prevê a limitação dos gastos públicos por 10 anos. Entretanto, o limite incidiria apenas sobre os gastos primários. Ou seja, frearia o gasto com serviços públicos de um modo geral, não ao valor desembolsado com os juros e dívidas do Estado. Os únicos gastos primários que o texto exclui do teto são saúde e educação.
Durante esse período, as despesas do Estado seriam corrigidas pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor inicial seria o total de despesas primárias empenhadas no ano anterior à aprovação do projeto.
Por exemplo, se o teto já estivesse em vigor, o Estado poderia gastar neste ano o valor empenhado com despesas primárias em 2020 (cerca de R$ 60,1 bilhões), corrigido pela inflação dos últimos 12 meses. Para se ter uma ideia, o IPCA acumulado de outubro de 2020 a setembro de 2021 foi de 10,25%.
A proposta prevê ainda limites individualizados para o Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal e Contas do Estado (TCE), Ministério Público e Defensoria Pública. A ideia do governo é manter a autonomia dos órgãos do Estado, evitando que o Piratini fixe o valor do teto de cada poder e instituição autônoma.
“Cada um desses limites equivalerá à despesa primária empenhada, excluídas as despesas intraorçamentárias, no exercício imediatamente anterior, corrigida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo”, resume o governo, na justificativa do projeto.
Para o governo Leite, o Teto de Gastos Estadual traria dois benefícios principais. Primeiro, garantiria que a diminuição do gasto público – proporcionado, sobretudo, pela Reforma da Previdência Estadual e a retirada de vantagens das carreiras do funcionalismo público – permanecesse vigente até 2031.
“As alterações nas regras previdenciárias, bem como as mudanças na estrutura remuneratória dos servidores públicos, contemplando a extinção das vantagens por tempo de serviço, em decorrência de avanços, triênios, quinquênios, adicionais ou gratificações de 15 e de 25 anos, combinadas com contingenciamento de despesas e medidas visando maior eficiência e qualidade do gasto, contribuirão sobremaneira para que as despesas públicas cresçam em ritmo sustentável a longo prazo. É preciso preservar esse legado, que tantos benefícios já trouxe aos gaúchos, e é nesse sentido que se propõe o teto de gastos estadual”, sustenta o governo, na justificativa.
O segundo benefício teria efeito a curto prazo: habilitaria o Rio Grande do Sul a aderir ao RRF. O líder do governo, deputado estadual Frederico Antunes (PP), lembra que este é o único requisito exigido pelo governo federal que o Estado ainda não cumpriu para entrar no regime. Antunes também aponta que a proposta atual é um Projeto de Lei Complementar (PLC), que necessita de 28 votos para ser aprovado. “Esperamos que o PLC vá à votação em 30 de novembro”, projetou o líder do governo.
Inicialmente, o governo havia protocolado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o objetivo de criar o teto. Para serem aprovadas, as PECs necessitam de, ao menos, 33 votos em duas votações. O PLC do Teto de Gastos foi protocolado em regime de urgência, e passa a trancar a pauta do Parlamento dia 27 de novembro.

Frederico Antunes aponta que adesão ao RRF passa por aprovar teto de gastos.

Frederico Antunes aponta que adesão ao RRF passa por aprovar teto de gastos.


Vinicius Reis/Agência ALRS/JC
O segundo benefício teria efeito a curto prazo: habilitaria o Rio Grande do Sul a aderir ao RRF. O líder do governo, deputado estadual Frederico Antunes (PP), lembra que este é o único requisito exigido pelo governo federal que o Estado ainda não cumpriu para entrar no regime. Antunes também aponta que a proposta atual é um Projeto de Lei Complementar (PLC), que necessita de 28 votos para ser aprovado. “Esperamos que o PLC vá à votação em 30 de novembro”, projetou o líder do governo.
Inicialmente, o governo havia protocolado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o objetivo de criar o teto. Para serem aprovadas, as PECs necessitam de, ao menos, 33 votos em duas votações. O PLC do Teto de Gastos foi protocolado em regime de urgência, e passa a trancar a pauta do Parlamento dia 27 de novembro.

Teto vai diminuir recursos para serviços públicos, critica PT

Pepe Vargas criticou "cartilha neoliberal" trazida pelo teto de gastos

Pepe Vargas criticou "cartilha neoliberal" trazida pelo teto de gastos


Guerreiro/Agência ALRS/JC
Para os petistas, o projeto que cria o Teto de Gastos estadual “quer impor a cartilha neoliberal de cortes, arrocho e aumento da pobreza por 10 anos ao Rio Grande do Sul”. Além disso, a nota menciona que o teto vai diminuir recursos para a assistência social, habitação, saneamento, agricultura, meio ambiente, infraestrutura de estradas.
Para o líder da Bancada do PT, Pepe Vargas, o projeto segue a lógica de legalizar políticas de ajuste fiscal, tentando impor uma política de governo como uma política de estado. “Este é o governador que se rendeu ao Regime de Recuperação Fiscal, que não lutou pelos recursos da Lei Kandir, que não apresentou projeto de desenvolvimento para o estado, que não comprou vacina para a população, que vendeu patrimônio público e que agora, no apagar das luzes do seu governo, quer deixar a conta para as gestões futuras e para o povo gaúcho”, critica Pepe Vargas.
A nota dos petistas critica ainda as possíveis sanções, em caso de os próximos governos extrapolarem o teto de gastos. "Além de querer impor sua agenda para os próximos governos, Leite ainda prevê uma série de sanções para quem ultrapassar o limite dos gastos em alguma dessas áreas, entre elas a proibição de realizar concurso público ou contratar pessoal, a vedação de reajustes e de concessão de auxílios. Tudo isso num cenário em que o funcionalismo público se encontra há sete anos sem recomposição sequer da inflação nos seus salários."