A venda de ações da Banrisul Cartões está causando apreensão entre os deputados da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Preocupa os parlamentares que, na intenção de atrair sócios com alto poder de investimento, o banco perca o controle de uma das suas principais subsidiárias.
“Essa operação é um risco na medida em que se venda mais de 50% das ações. Nesse aumento de capital social, pode perder o controle de uma subsidiária. E não é uma subsidiária qualquer. Se o Banrisul é a joia da coroa, a Banrisul Cartões é o diamante principal dessa joia”, afirmou o presidente do Legislativo, deputado Gabriel Souza (MDB).
O movimento em busca de investidores para capitalizar a Banrisul Cartões, da bandeira Vero, e avançar nacionalmente com competitividade foi anunciado ainda em julho. O presidente da instituição, Cláudio Coutinho, já avisou que o banco não poderá expandir sua operação no mercado de adquirência apenas com capital próprio.
“O grande risco é virar sócio e perder o controle para um concorrente. Porque pode vender para alguém que, por hora, não é concorrente, mas depois um concorrente pode comprar teu sócio. Esse mercado é muito agressivo. Mesmo que não venda para um Bradesco, Santander, Itaú, Cielo, pode vender para uma empresa que amanhã pode ser comprada por uma empresa dessas. O próprio presidente reconheceu que isso é um risco”, declarou Souza.
Questionado sobre o clima do Parlamento gaúcho diante das possibilidades envolvendo a operação, o presidente da casa afirmou que “os deputados estão atentos, boa parte está apreensiva”.
A Assembleia quer participar do debate. Partiu do Legislativo o convite para que o presidente do banco falasse aos deputados e à sociedade sobre os planos para a Banrisul Cartões.
É possível que, inclusive, haja necessidade de que o tema seja objeto de análise pelo plenário da casa. “A Banrisul Cartões foi criada por lei estadual, portanto, sua gênese saiu da Assembleia Legislativa. Há dúvida se uma eventual desestatização da companhia não traria necessidade de uma nova lei”, declarou Souza, que encaminhou um pedido de parecer para a Procuradoria-Geral da casa sobre a questão. O posicionamento deve ser informado na próxima semana.
O emedebista avalia que uma alternativa, embora mais conservadora, mas mais segura, seria a venda de até 49% das ações da subsidiária - algo que já havia sido proposto pelo ex-governador do Estado José Ivo Sartori (MDB, 2015-2018). Esta opção garantiria que o Rio Grande do Sul permanecesse como sócio majoritário da Banrisul Cartões, mas deve fazer com que o investimento de sócios externos no banco seja consideravelmente menor.